Publicações



Belém, Pa, em 17de fevereiro de 1991.

NECROSE

            Ao apanharmos o Jornal da Amazônia, a fim de mantermo-nos informados e como leitura obrigatória, a exemplo do Matutino de domingo p.p. e, à proporção que nosso fosfato vai sendo estimulado pelas reportagens que nossos olhos esmiúçam e o raciocíonio tenta interpretar, vamos concluindo e constatando a necrose pútrida que como radículas das plantas – barbalho – vai se infiltrando e se fixando no seio do tecido social deste País.

            E a medida que avançamos na leitura, nos invade sensações de um mesclado de incredulidade, de espanto, de angustia, de raiva e de vergonha em saber que tudo acontece e é retrato vivo e a cores, em e de nossa Pátria.

            À página 5 de O Liberal, está estampado o grau de cinismo, de impunidade,  de semvergonhice a que chegamos, traduzido nas entre linhas e linhas, que compõem a matéria sobre discussão da publicidade – “merchandising” – no desfile das Escolas  no Rio, para aquelas Agremiações que não se alinham sob a égide da poderosa Liga das Escolas de Samba, controlada e administrada pelos $$$ e das cabeças dos lideres da contravenção – jogo do bicho – da Cidade Maravilhosa e adjacências.

            Evidentemente que aqui não se pretende a aureola do puritanismo ou da falsidade de não querer enxergar a existência de um fato de conhecimento público e notório, mas sim, de olha-lo pelo ângulo de afronta, desrespeito e estraçalhar de nossas leis e principalmente da Carta Magna, recém nascida de pouco mais de 2 anos, porém, uma criança desamparada de leis ordinárias e já tantas vezes atropelada e muitas outras exterminadas em alguns  §§ artigos e incisos.

            Que leis neste País existem, para tudo e, em grande quantidade, isto não é novidade, como não o é também, que nenhuma é acatada. O que mais causa espanto é o descaramento e pose daqueles que vivem à margem delas, não terem o mínimo de pudor e escrúpulo em se apresentarem em público à toda a Nação, declararem a todos e em todos os meios de comunicações que gastaram, desembolsaram, milhões e milhões de cruzeiros para colocarem a Escola na  passarela, sem que algum imposto – fonte de bens sociais e comuns – recaia sobre essas fortunas, parcela de um e de tesouros particulares muito maior e oriundo dos parcos e miseráveis salário dos trabalhadores entre outros. E a par de tudo isso, onde está o xerife da economia e da fazenda nacional?

            Em função dessa realidade, chega-se a triste conclusão de que nossa justiça é cega, surda, muda, analfabeta e manquitola, pois não enxerga, não ouve, não se pronuncia, não interpreta essas declarações e nem tampouco  alcança esses criminosos, uma vez que eles aí estão livres e serelepes enriquecendo seus “curriculum” e sua fichas nos DP deste Brasil e “lavando” cada vez mais o fruto da contravenção.

            Enquanto isso, a dengue grassa com desenvoltura, o cólera fatalmente nos pegará, pois em matéria de infra estrutura de higiene, de esgoto, condição satisfatória de vida urbana e rural, não somos e nem estamos muito diferente do Peru.

            Infelizmente nossa epifonema, só pode ser uma: é uma indecente e vergonhosa situação vivida neste País.

            Lúcio Reis









Belém, Pa, em 06 de fevereiro de 1991.


FUNCIONÁRIO PÚBLICO


            Recentemente a categoria do servidor público da União, foi escolhida, ao que nos mostram e indicam as atitudes governamentais, como único vilão que ao longo destes últimos anos vem cavando um buraco e jogando dentro o Brasil e cobrindo com terra e por isso, ela tem que ser penalizada como se fora o bode expiatória responsável pela situação a que se transformou o País.

            Quase sempre, quando se trata de receber qualquer concessão compensatória no sentido de ajudar no orçamento do lar (salário), como abono, reajuste pela média, como agora no Plano II, a massa de funcionário é excluída.

            Sabe-se, é bem verdade, desde há alguns 10 (dez) anos, que as repartições públicas estavam inchadas de “Fonsecas” que só atuam no bate papo, no cafezinho e água gelada que acompanham o jornal, no atraso e falta e que, adentraram em mais de uma seção do serviço público pela janela e pela ajuda do QI (quem indica), quase sempre um daqueles “pistolões” ou “padrinhos fortes” que jogam regularmente no time titular do político do é dando que se recebe.

            Todavia, nos departamentos não são 100% constituídos os seus quadros funcionais de “Fonsecas” e, a esta altura da maré, entende-se que todos já estejam cantando em outras paragens e atravancando, e denegrindo a imagem de um grupo qualquer ou até mesmo a equipe de Saddam Hussein.

            Se os maus auxiliares já foram excluídos, qual o porquê ainda da marcação, sobre pressão nos que continuam, pois entende-se que os que permanecem não merecem mais a ameaça em suas cabeças pairando no ar, a indisponibilidade, do fechamento de escritórios, de agências, de enxugamento de consequente demissão, provocando um verdadeiro terror – a CF em seu Art 5º XLIII manda que a lei considere crime inafiançável o terrorismo – psicológico, pois quem cumpre sua obrigação, não pode e nem tem condições de produzir satisfatoriamente, chegando à sua repartição, tendo na mente um grande medo ou o pavor em ser afastado e, de uma hora para outra, ver as consequências dessa situação recair sobre sua família (esposa e filhos) e sobre suas responsabilidades comerciais e até mesmo sociais.

            Paralelamente a toda castigação do corpo funcional da União, verificamos dirariamente procedimentos, os quais ostensiva e facilmente adentram nossos lares pelos vídeos de TV e fotos nos jorais, que mesmo de pequeno peso em relação a austeridade de gastos públicos, mesmo assim no nosso entender ainda são incompatíveis, inclusive a título de exemplo, pois é sabido que custo de decolagem, deslocamento e pouso de um helicóptero ou de um jato é bem maior, e mais dispendioso do que um automóvel. Logo, há até uma afronta.

            Portanto, é muito fácil cortar, ou não conceder a um pobre e sacrificado assalariado. Não nos referimos aos marajás, que ainda existem. Gostariamos de ver o modelo efetivo sendo mostrado e executado a partir do topo do poder. Pois ainda, é bom lembrar, que não existe açougue, panificadora, supermercado ou ônibus exclusivo do e para o servidor público, assim como seu salário é em CZ$ e não em US$.

            Lúcio Reis


Belém, Pa, em 25 de janeiro de 1991

G U E R R A

O combate continua e, com  o passar dos dias, vamos tomando conhecimento o que  Saddam Hussein, vinha aprontando e preparando-se para alcançar e promover a situação que hoje o Oriente Médio se encontra, apesar  da longa guerra travada com o Irã.

         Obviamente não sou nenhum estrategista e nem expert em direito internacional. A princípio, como muitos, e somente olhando pela ótica simplista de que o problema é uma questão do povo árabe e portanto, é deles a solução, não concordo com a ação das forças aliadas em cumprir as determinações da ONU, a fim de expulsar o Iraque do Kuwait.

Todavia, é sensato que se analise o seguinte: O Ditador, ao longo desses anos empregou US$ 50 bilhões em arsenal bélico, inclusive nuclear; providenciou, através de cirurgia plástica, 4 sósias, para ampliar suas chances de sobreviver as guerras; mandou construir fortalezas subterrâneas, intranspugnáveis e indestrutíveis ao ataque nuclear; providenciou a construção de silos e hangares subterrâneos, camuflados por vegetação de palmeiras, a fim de proteger sua máquina mortífera; construiu também maquetes de  lançadores de mísseis, tudo isso segundo o SS britânico.

Após estar armado até a garganta, só lhe faltava ampliar seu poderio, tendo também em  suas mãos a arma da supremacia econômica, o PETROLEO, e assim ele  dominaria o mundo. E então, o mais fraco em força de exército, mas de significado extraordinário em localização  estratégica e geográfica e, detentor  de reservas petrolíferas para mais 180 anos, o Kuwait, foi invadido e teve o que lhe pertencia subtraído indevidamente pelo “Hittler” do Iraque.

A década de 70 já é exemplo suficiente dos estragos que o petróleo pode provocar è economia mundial, iclusive e principalmente à nossa.Lembram da crise energética, oriunda das resoluções absurdas da OPEP? Viram quantos transtornos agora, com a possível falta ou diminuição do GLP? Pois bem! Então imaginem, aquele ditador, controlando a maioria dos poços de petróleo que abastecem o mundo e, cujos preços por barril ficassem a mercê do critério do seu senso de humor, do seu espírito de vingança e de sua mente “paraplégica”. Hittler  também quis dominar o mundo, mas por outras vias.

Existe um provérbio que diz: “Se queres a paz, prepara-te para a guerra”. Saddam Hussein o modificou para: “Se queres a guerra, prepara-te para ela”, pois ao que tudo indica, aquele doente só pensou, e planejou todo o tempo a guerra.

Mas, assim como houve necessidade de forças aliadas ara destruir o nazismo e eliminar com o projeto de purificação da raça, assim mesmo, o projeto de dominação do mundo por Hussein, será destruído pelas forças aliadas que hoje combatem nos desertos e depois da tempestade, virá a bonança, a PAZ.

 

Lúcio Reis

 

           










Belém do Pa, em 23 de janeiro de 1991


Publicada no Jornal O Liberal edição de 25/01/1991

ONIBUS
Mais uma vêz a passagem dos onibus sofre um reajuste. Desta feita 50%. Em 12 meses algo em torno de 1800$, enquanto qua o salário ficou para trás em termos percentuais nos 800%.
Sua Excelência, o Prefeito, mnndou que fosse acrescido s planilha da CIBEL Cz$4,ll e justificou, ou melhor, explicou que assim o fazia visando   a que as empresas melhorem o sistema e a qualidade do transporte coletivo desta Capital, aumentando em mais 15% as frotas até c final do ano e exigir que os onibus em estado precário scjam substituidos.
Pelo o que até agora tem ocorrido, o Gestor Municipal, optou pela li­nha de açao inversa do governo estadual, que com o intuito de alcançar os mesmos objetivos do Prefeito - melhoria do serviço - sempre majorava a tarifa para menor em relação as planilhas apresentadas, as quais, acredito, sofriam uma "adiposidade" proposital, que quando queimada pelo governo, o que ficava refletia o desejado.
Como não conhecenos a açâo punitiva de Augusto Rezende, somos cbrigados, por uma questão de justiça, dar-lhe um voto de confiança e torcer para que o planejado aeja posto em prática e a sociedade receba os benefícios que há muito tempo lhe são subtraidos irresponsevelmente pela ganancia.
Mesmo assim, é bom de ante-mão, alertar que os dois argumentos apresentados
não são convincentoa, pelo seguinte: 1º) A população cresce aceleradamente, os 'usuários do transporte coletivo — principalmente agora, com esse conflito no Golfo, envolvendo petróleo - sua quantidade crescera muito mais, pois muitos deixarão  seus  automóveis  na garagem com  a finalidade de poupar combustivel em função dos preços que o mesmo possa alcançar  Por isso a frota terá que ser acrescida de qualquer maneira,   sob pena do sistema sofrer  estrangulamen­to e um colapso  fatal;  2º)  Em relação a substituição do veiculo escangalhado, isto terá que ocorrer compulsoriamente, uma  vez que a condição de sucata, literalmente falando,   que os onibus alcançam,   principalmente aqueles,   cujo dono da linha é o Presidsnte do Sindicnto,   os forçará a ser feito,   pois sucata não se locomove.
Todavia, prefiro acreditar que nosso Alcaide,  queira  fazer efetivamente uma linha de defesa, sendo ele o “Beck Central”, que defenderá a partir de hoje os interesses e direitos de tantos quantos, há muito vem sofrendo de goleada para o time de motoristas, cobradores e donos de empresa de onibus.
Lúcio Reis

Belém-Pa, em 17 de janeiro de 1991

Publicada no Jornal O Liberal em 22/01/91 

GUERRA MENSALIDADE      
Apesar de que lá fora se desenrola  uma seríssima guerra,  que se Deus quiser,   brevemente estará  concluída e assim,   seus efeitos sobre nós serão bem menor no campo econômico,   gostaria que me fosse dado guarida  a tecer, como pai  e responsável por alunos - comentários  sobre a guerra que aqui se trava, a  das mensalidades  escolares.

A imprensa tem publicado a respeito, crônicas que na sua maioria puxam a brasa à sardinha dos Estabelecimentos de Ensino. A últina que lí: “Ensi­no - dividendos políticos,"  está  nesse Matutino, de doningo dia 13 p.p.

Ali declara-se o que todos nós  sabemos: "a  competência de prover o en­sino, e em todos os níveis, é do Estado".

Assim como o ensino, é ccmpetencia do Estado: prover o transporte coletivo, a saúde, a moradia e até e principalmente, pagar e fazer com que se­ja pago, um salário, mesmo que seja mínimo, mas capaz de suprir o trabalhador e sua família de: alimentação, saúde, locomoção, educação, vestuário e inclusive o lazer. E, nada disso é cumprido.

Como o Estado,  por força  de  leis planejadas, votadas e aprovadas nos parlamentos brasileiros,  muito delas em causa própria dos parlamentares, vive ha muito tempo uma situação absurda de distribuição de renda, onde  um parlamentar, para sê-lo, basta apenas que desfrute a obrigação de votar, para que tenha o direito de ser votado e assim embolsar mensalmente astronômico salário, não atende satisfatoriamente o que lhe determina a Carta Magna, em relação aqueles ítens de cunho social.

Em consequência, permite que a iniciativa privada o complemente ou o substitua,  por exemplo na área da educação, da saúde e do transporte coletivo.

Em virtude dessas concessões e como é do conhecimento público, citando apenas o ítem onibus: “temos um transporte coletivo da pior qualidade.” Os detentores da exploração do serviço, apresentam sistematicamente planilhas de custo no vermelho; todo tempo têm prejuízo, mas nenhum devolve ao Estado o que lhes foi concedido e nenhum até agora faliu e todos eles levam uma vida cheia de privilégios.

Em determinado trecho da crônica, pinça-se o seguinte: “inexistência de um vigoroso sistema público de ensino, resulta do próprio atraso das elites dirigentes do país. No meu entender essa afirmativa só vem ratificar o que, no meu compreender a culpa e a cumplicidade pela situação, são de nossos “representantes”, cuja obrigação, uma delas é fiscalizar o poder executivo. Não o fazendo, ou fazendo-o condicionando o ato ao é dando que se recebe, a ignorancia e os índices de analfabetos persistirão em percentuais relevantes e, nessa situação, à época de eleição será mais fácil comprar um mandato por um chaveiro, um santinho, uma camiseta, uma carrada de areia e até mesmo pagando direito ao eleitor Cz$3.000, por seu voto. A massa ignorante é matéria prima e de fácil manipulação pelos espertalhões.

Quase ao final da crônica, somos exortados – e isso que tento fazer com esta atitude, pois a mim não interessa dividendos políticos – “como usuário desses serviços, a tomar com urgência uma atitude a fim de resgatar a seriedade no trato de um assunto que encerra graves implicações no processo educacional dos próprios filhos”.

Pela exortação acima, é bom lembrar, que a classe de bem aquinhoados está no cume da pirâmide. Ela sozinha não sustenta nenhuma empresa, esta aí o exemplo das revendas de carros.

Somos convcitos de que queremos o melhor para nossos filhos. A continuar, todavia, assim como vai, em brevíssimo espaço de tempo, sernos-a impossível manter nossa prole no colégio, pois é impraticável tirar minhoca de asfalto, como diz nosso Ministro da Justiça. Como assalariados e com muito sacrifício, vamos lutando dia a dia visando um futuro alvissareiro aos garotos. Concordamos com os rejaustes sérios. Não acatamos as majorações irresponsáveis, nas quais foram embutidos a ganancia e lucro fácil, por aqueles que como nós reconhecemos a fragilidade do estado, mas que em função disso colocam os pais entre a cruz e a espada. Logo, não são sensíveis.

Existem os colégios sérios e responsáveis, mas os irresponsáveis são também um fato, assim como essa mesma assertiva serve aos pais.

Lúcio Reis



Belém-PA, em 08 de janeiro de 1991.


DE NOVO  



Este País já serviu e vem servindo de cobaia, às  experiências econômicas que aqui sucessivamente se realizam, há bastante tempo, sem que tenhamos, até agora, colhido os frutos maduros desses experimentos, tal co­mo:

estabilidade e crescimento econômico, moeda valorizada, e por fim, me­lhoria de vida individual a todos os que compõem esta Nação, com alcance indiscriminado dos bens sociais e das riquezas naturais deste Solo.

A derrocada, coincidentemente, sempre trilha os mesmos trajetos: liberação de preços e serviços que recebiam mão de ferro e de contro­le do estado; achatamento e represamento dos salários; aumentos abusivos dos preços finais dos produtos a nível de consumidor; ameaça de inquéritos e de prisão aos sabotadores; sucessivos reajustes das tarifas e dos combustiveis controlados pelo governo e por fim, tudo isso trazendo como consequência obvia a progressão da inflação e com ela mais e maior desvaloriza­ção do poder aquisitivo dos salários e assim, mais sacrificio imposto ao já combalido trabalhador.


Quando tudo isso está acontecendo, a imprensa nacional, noticia­

que nosso Presidente está passando um final de semana na fazenda de importante dono de uma Rede de Supermercado Nacional, ou velejando no Iate de um outro, o que para nos brasileiros não é mais novidade, pois nosso Presidente anterior também o fazia, só que no haras de um outro empresario. O que é novidade realmente, é que além do Mandatário Máximo da União, também aua Ministra da Economia foi dever favores ao empresário de uma marca de produtos eletros eletrônicos, ocupando como inquilina (emprestado?)um seu Apto em Angra dos Reis no Litoral Fluminense, também com a finalidade de descansar e gozar merecidas férias. Enquanto isso, a inflação quase

chega a zero, porém, com um 2 na frente.

Como todo o mundo conhece a índole do brasileiro, de que é "dando ou emprestando que recebe, tem-se a imprensão de que um governo que se propõe a cortar mordomias e dirigir o País envergando a camiseta da austeridade, não seja de bom tom, que esse mesmo governo ou que parte de seus membros passe a usufruir de mordomias, regalias, privilégios ou favorés patrocinados ou, direta ou indiretamente ligados e relacionados com empresários, cuja categoria é a responsável pêlos sucessivos insucessos dos planos de estabilização econômica que foram tentados até aqui. Fato publicamente denunciado por esse mesmo governo.

É evidente que as amizades particulares dos membros que cons­tituem os poderes da republica é um direito que lhes assiste. Porém, é bem verdade que coerentemente, no período em que esses cidadãos estejam a frente e no desempenho dos cargos públicos, ser-lhes—á dificil uma tomada de medida drástica caso um desses seus credores de favor venha a deslizar na ordem e na Lei Delegada. E isso, todos nós sabemos já aconteceu. Lembram do 1º Plano Cruzado? Lembram daquele membro do Conselho Monetário Nacional, cujo supermercado foi um dos que mais furou o congelamento de preços?

Diante de todos esses acontecimentos de novo, fica dificil de crer.

Lúcio Reis









Belém,PA, em 28 de dezembro de 1990.


90, 91.  



Lacramos mais um ano. Um  ano que, para muitos foi iniciado no 
"reveillon" das esperanças renovadas, pois havíamos eleito diretamente um novo Presidente novo, que trazia no verbo a transformação desta Nação de inferno que viviamos para o paraiso que agora deveriamos estar dasfrutando.

Foi um ano de desilusões, principalmente para aqueles que amanheceram o dia 17 de março com apenas 50 mil em suas contas bancárias, inclusive na "imexivel" poupança. Para aqueles outros que nem sabiam que eram "elite" e que por isso eram os culpados pelo desgoverno do hoje Se­nador pelo Estado do Amapá, pela onda de corrupção e remarcação desvairada de preços que assolavam este País e que, o enterrava cada vez mais e, logo essa "elite" também tinha que ser penalizada, mesmo que, nenhum corrupto depois fosse à cadeia.

Se no inicio de 90 o prenuncio ere de que no final seria um jardim, hoje, por questão de realismo, não de péssimismos e, apos um ano de experiência adquirida, temos que nos prevenir para um 91 que passe o ma­is depressa que puder, pois se as previsões dizem que será cinzento e isso lembra poluição, sujeira, desgraça, lama e podridão. Outros, com a autoridade de que podem, declaram que será um ano suportável: dor suportável incomoda; amigo suportável, é a mesma coisa que amigo da ocasião, também incomoda, portanto teremos um ano de nos tirar o sono e que trara muito desconforto e viver assim, é "barra".

Logo em janeiro, viveremos mais de perto a expectativa das decisões extremas entre o Presidente Bush e o Ditador Saddam. Torcemos para que sigam a máxima que diz:"Quando um não quer, dois não brigam”. Que o Senhor ilumine um deles ou ambos, que nos proteja e elea resolvam o nos­so problema sem tingir as areias do deserto, pois caso contrario, este Planeta que é azul, pode se tornar vermelho.

Diante de tudo isso, só resta, fazer uma retrospectiva e uma reflexão, aferindo que, apesar dos pesares, dos desmandos, das desilusões, emplacamos 90 e a vida continua e se, continua, ainda há esperança e se, esta persiste é porque Ele está nos orientando e assim, com certeza, o fará neste 91 que se inicia. Por isso Graças a Deus o 90 passou e desde já, muito te agradecemos Senhor por ele e pelo 91 que haverás de nos propiciar, o qual por certo vindo de Ti, será muito melhor do que supor­tável.

Lúcio Reis









Belém, Pa, em  26 de Dezembro de 1990



PAGAMENTO  

SALÁRIO



O funcionalismo público estadual, para recebimento de seu salário mensal, converge à Agência do BANPARÁ, à Av Senador Lemos, nesta Cidade.

Em função do grande número de servidores e, mesmo com a abertura da Agência antes do horário dos demais bancos no dia do pagamento e tambem, com  o número bastante razoável de 20 caixas ao atendimento do quadro funcional e isto em um só dia, forma-se una extensa e demorada fila, na qual a professora, o médioo, o escriturário o servente e tantos outros, tem que aguardar no míni­mo 3 1/2 horas naquela “cobrinha” do lodo de fora e depois mais algum tempo no interior da agência, até conseguir chegar ao caixa e ser atendido.


Nos dias de hoje, com a onda de assaltos cinematográficos é uma temeridade e um risco ao dinheiro daqueles salários, oriundos dos impostos públicos. Por outro lado, durunte aquelas mais de 3 horas de esperar na rua, há o enfrentamento do calor e sol escaldante, alem da poeira do mormaço em função do tempo, que no momento é de pouca chuva. Todavia, nos meses em que o inverno estiver rigoroso e os índices pluviométricos forem altos, o que será dês­ses servidores na quilométrica fila e sob torrencial chuva?

Portanto, fica aí o alerta à quem de direito, pois os reclamos foram em quantidade relevante. Ouviu-se durante a estadia na fila e de certo modo opinião de consenso, que talvez o problema e as dificuldades pudessem ser resolvidas através de uma escala, na qual haveria o agrupamento de funcionários em função da 1a letra do nome, como por exemplo, no dia “x” pagamento dos funcionários cujo nome comece com a letra "A” e daí por diante e, cuja data viria indicada no respectivo contra-cheque do funcionário, além de que serie afixado um aviso a porta do Banco.

A solução acima e fruto da imaginação de leigos e que por isso, igno­ram as impossibilidedas técnicas e administrativas de ser colocada em práti­ca. Mas, acreditamos no discernimento daqueles que são responsáveis pelo pagamento dos servidores, assim como em suas compreensões e boa vontade, pois o objetivo da presente e tão somente cooperar e evitar transtornos maiores.

Amenizar o sofrimento de quem vai ao encontro de um direito liquido e adquirido é prova e exemplo de sensibilidade pública, administrativa e que em nosso entender não onerará em nada o erário.

Agradecidos,


LÚCIO REIS.


Belém, Pa, em 24 de dezembro de 1990


FILANTROPIA


De com a mão direita, sem que a tua mão esquerda tome conhecimento, não importando à quem o fazes, pois quem ao pobre dá, empresta a Deus, diz o dito popular.

Com esses pensamentos na cabeça e no coração, várias senhoras abnegadas e bondosas, resolveram fundar uma creche na Paroquia de Santa Rita de Cassia, no Bairro de Canudos.

Já, há 5 anos essa creche funciona e hoje, atende a 60 (sessenta) crian­ças, que lá passam o dia, desde as 07:00 até as 17:OO h, diariamente e, evidentemente com cuidados de asseio, higiene e alimentação.

À Instituição como todas aquelas do ramo, luta com bravura e tenacidade cristã, pare enfrentar as dificuldades que são impostas pela conjuntura eco­nomica dos dias de hoje. Sua Receita é flutuante, pois depende da boa vonta­de e dos corações caridosos que voluntariamente todo mês, lhes fazem doações, cujo valor fica a critério de cada doador.

Todavia, suas Despesas são fixas e a cada mês vão crescendo em volume, mais e mais, pois alí, a excessão das senhoras e senhores, que se desdobram na Administração e na labuta diária em conseguir doadores o contribuidores, há o pequeno quadro funcional e auxiliar, que empresta o seu labor e que re­ligiosamente recebe pela contra—prestação dos serviços.

Como dito acima, a Receita é insuficiente a que se atenda em 100%, além do lado filantrópico, a relação trabalhista no que concerne aos Encargos So­ciais e determinações Celetistas, apesar de que a  Direção da creche gostaria imensamente de cumprir os ditames das leis, pois quem se dispõe a fazer caridade, por certo nâo tem espaço em seu coração que objetive o descumprimento de regras com o fito de prejudicar a “a” ou "b”.

Em função do expresso no parágrafo anterior, a creche foi denunciada à Justiça do Trabalho e esta, cumprindo seriamente e com toda responsabilidade a Lei, determinou que aquela Reclamada, pagasse aos Reclamantes a imoportancia total de CR$60.000(sessenta mil cruzeiros).

Em virtude dessa condenação e diante das dificuldades em se fazer Receita, conforme ja mencionado, só resta como opção atender e cumprir a sentença judicial e por consequência fechar as portas da creche às 60 crianças, que alí são atendidas e que ali iam buscar a satisfação estomacal e recebendo alguma instrução a se tornarem verdadeiros cidadãos do amanhã.

Gostaria de deixar registrado, que expontaneamente tomei a presente ati­tude, ao tomar conhecimento do angustiante dilema dos dirigentes da creche e contando antecipadamente cou a benevolência desse Jornal, que por certo tor­nará público o drama acima relatado, esperando que alguem, algum órgão público ou privado, o comércio ou os Poderes Constituidos se sensibilizem com o problema e estendam suas mãos em socorro aquela creche e aquelas crianças.

A recompensa, com certeza estará sendo creditada no conta corrente de cada um, em algum lugar, por certo Divino.

Grato...


Lúcio Reis.



Belém, Pa, em 17 de dezembro de 1990


 INFLAÇÃO

Há 9 meses e alguns poucos dias, que estamos da concepção do “Plano Brasil Novo” e, apesar do tempo de uma gestação, até agora a Inflação não foi parida de nossa economia e, por conseguinte nascesse a inflação zero.

De lá para cá, os salários estiveram congelados, passivos de livre negociação. As poupanças e saldos de c/c além de 50 mil cruzados, bloqueados e, mesmo assim o caranguejo da economia e que corrói nos ganhos mensais como assalariados se mantem nos dois dígitos e em progressão.

Em contra partida, os gêneros da cesta básica, o transporte coletivo urbano, intermunicipal e interestadual, os combustíveis, inclusive o GLP, as tarifas públicas, artigos de higiene e limpeza, em fim alimentação e medicamentos, além de artigos relacionados com a saúde e educação, vem sendo reajustados mensalmente ou tiveram seus preços liberados.

A título de exemplo, somente no item farmácia, podemos citar o seguinte fato, relacionado apenas a dois medicamentos: Novamin e Vibramicina. O 1º em uma farmácia à Av Almt Barroso é vendido por CR$1.217,00 caixa c/500mg, enquanto em uma outra à Av Gentil Bittencourt esquina com Benjamin à CR$600,00 mesma dosagem. O 2º, por outro lado, nesta última farmácia é vendido ao preço de CR$2.180,00 a cx, enquanto em outra farmácia, também à Av Gentil Bittencourt  esquina com a 14 de Abril o mesmo produto é vendido à CR$1.150,00. Logo, diferenças oscilantes entre 100%. Quem vende mais barato está ganhando e imagine quem está vendendo mais caro.

No decorrer desses 9 meses, até a SUNAB teve suas atividades fim e de “proteção ao consumidor”, modificadas e hoje, vivemos vagando no mar da pechincha a procura de preços mais acessíveis, gastando combustível ou passagem de ônibus e enfrentando os “piratas” dos cartéis dos preços e, sem ter à quem apelar ou recorrer.

A esta altura, gostaria que nosso Presidente, voltasse aquele supermercado, no qual ele constatava a queda da inflação, tendo como parâmetro a  cesta básica de alimentos. Se aquele estabelecimento comercial, continuou vendendo gêneros que reduzam a ratifiquem a queda da inflação, não é difícil concluir que o mesmo já esteja com suas portas encerradas por falência assim como se encontra o assalariado deste País.

Portanto, se o salário permaneceu inalterado ou congelado e mesmo assim a espiral inflacionária se mantem progredindo, não precisa ser PHD em economia para concluir que esse item não é o vilão e não tem nenhuma repercussão na elevação da mesma. Logo, a origem está, como sempre esteve, obviamente, em quem comercializa gêneros, serviços, tarifas e etc...E, também, por conclusão lógica, pergunta-se: o que o trabalhador está fazendo no “Pacto de Entendimento Nacional?”

A solução simples, objetiva e direta sem lero lero é o aumento do poder aquisitivo do salário, ou apenas a reposição de inflação passada, sem o repasse para os produtos, pois não estão defasados e assim, haverá a desaceleração dos preços de tarifas e serviços e etc... e consequente redução de lucro do comércio e da indústria, mas, com incremento e aumento de demanda de consumo, aquecendo a produção e assima reativação da economia, havendo obrigatoriedade de reenvestimento do capital oriundo da permuta de estoques na própria empresa e não, na aquisição de pacotes turísticos à Europa e etc...

Lúcio Reis

Belém, Pa, em 12 de dezembro de 1990




ESPORTE




Assistia eu através da TV Liberal, em 11.12.90, uma reportagem sobre a queda e declínio do Império do Futebol Paraense, levada ao ar no Liberal Esporte daquele dia.
Na ocasião foi apresentado entrevistas com treinador, jogador e dirigente, havendo entre eles um consenso de opinião que culminava com a solução de que, será através de permuta de jogadores entre os clubes e a contratação de valores de outros estados da Federação, capaz de reverter o quadro de penúria que se tornou as bilheterias dos estádios paraenses.
Enquanto, todavia, persistir o que se tem visto pela imprensa televisada e escrita, retratando o fato concreto que são os embates, onde prevalece o baixo nível técnico e nos quais o que menos se vê é o esporte, e em contrapartida o que mais se vê são verdadeiras cenas de pugilato, co­vardia e violência, cada vez mais o torcedor se afastará dos campos, pois o dia-a-dia é todo de violência fora dos estádios, logo o que for possível eliminar será eliminado.
Todavia, como por encanto, apesar dos pesares, a modalidade que mais empolga os noticiários é o futebol e aqui no Pará, há um longo tempo que as teclas batidas são sempre as mesmass Remo, Paisandú e Tuna.
A título de opinião: será que já não seria a hora, de se tentar colocar o nome deste Estado no Pódio da modalidade esportiva na qual o Pará vem alcançando sucessivos louros?
Entre outros, como por exemplo, podemos mencionar o Ténis de Quadra, onde a jovem dedicada e brilhante tenista Alessandra Barros, vem a cada game despontando como futura super star daquele esporte, já tendo conseguido feitos alem fronteira tanto do Estado, quanto do País.
O tenis, o basquete, a natação, o karatê, o judo e etc...são esportes de relevância tanto, quanto o futebol, pois todos ajudam a cons­truir o futuro de uma Nação.
Enaltecer e reconhecer os valores de quem os tem, em termos regionais e através também do esporte, entendo eu ser uma obrigação de justiça, pois somente a prática do esporte, seja em qual for a modalidade é capaz de aproximar e congregar os povos, além de projetar a região, o estado, a cidade e o país.
Mente sã em corpo são e "Povo Feliz", Nação Forte. O esporte praticado efetivamente e recebendo o reconhecimento que lhe é devido, é o caminho certo para que se alcance aquele futuro.

Lúcio Reis





A correspondência abaixo foi remetida ao destinatário via Imprensa local. Não tomei ciência de que tenha chegado a ele e, como poderão constatar, em função da amizade que havia, com certa dose de inocência e credibilidade da inexperiência, houve a pretensão de ouvir a versão, que hoje se sabe, não há.

Belém-PA,  em 18 de Novembro de 1990

JADER BARBALHO


     Prezado "mestre” (instrutor de educação física na EIB, Escola Industrial de Belém, - hoje Escola Técnica Federal do Pará -, nos idos de 1966/67, à Rua Jerônimo Pimentel com D. Romualdo de Seixas), pretendia remeter-vos a presente  correspondência a um de seus endereços. .Todavia, pelas interrogações e dúvidas que abaixo passarei a elencar, temi que algum assessor provocasse um acidente de percurso e esta jamais lhe chegasse às mãos.

     Este, acidente a que me refiro é fato e experiência vivida em minha vida, quando certa feita dirigi-me ao hoje Ministro da Justiça e este,  telegrafou-me de Brasilia-DP,  informando-me que gostaria de conhecer-me para conversarmos pessoalmente sobre o que lhe expusera em minha missiva.

     Assim que ele passou por aqui, fui a um Escritório no Ed. Palácio do Rádio, atendendo seu desejo expresso no telegrama. Após esperar um longo tempo, fui encaminhado ao seu sobrinho Sr. Ronaldo Passarinho, que penguntou-me o au queria. Mostrei-lhe o telegrama e ele, como uma secretária, dessas que sempre constróem um "muro intransponível” entre elas e o chefe - sem ter consultado o tio - obstou-me com evasivas e desculpas esfarrapadas. Obviamente, que jamais voltei lá e partir daí também, formei meu conceito de homens públicos a respeito dos dois. Por isso optei pelo presente caminho.

      Viviamos o pôs 1964,  é o "mestre",  o qual  já o conhecera como líder estudantil na qualidade ds Presidante do  Grémio Estudantil do  CEPC, em Congressos na UESP (União dos Estudantes Secundaristas do Pará),  dos quais, eu participara como Presidente,   por dois mandatos,   do  Grêmio  Estudantil   Getulio Vargas da minha queri­da Escola  Industrial,   despontava no cenário político local  como vereador,  representação esta, que eu avalizei  com meu sufrágio,  assim como para deputado estadual  e federal,  tendo o mesmo no decorrer dessa trajetória,  recebido também a confiança de meu cônjuge.

       O ídolo e líder se consolidava. O jovem político e esperança desta Terra grangeava cada vez mais nossa CONFIANÇA. ACREDITÁVAMOS que ainda havia muitas "Guerras a Vencer" o dinamismo do nosso representante nos levava a crer nisso.

   De repente,  parece que o vírus da politicagem contaminou e necrosou todo o seu idealismo politico,  sua coerência combativa e oposicionista,   o qual se metamofor-se-ou em $$$ mais $$ e US$,  transformando-o de um humilde Instrutor de Educação Fisica,   que morava numa Vila no Chaco, no magnata de  Estação de Televisão,   Rede de  Rádios,  fazendas,   Jornais,   Cobertura e  Imóveis outros aqui e por aí,  segundo informações de conhecimento público.Enquanto isso, a miséria a fome,  a pobreza absoluta,  a educação pública,  o atendimento médico,  a habitação, foi se deteriorando em proporção inversa.

  Não tenho nada contra que o meu “Instrutor”, tenha melhorado de vida, quer economicamente ou financeiramente, pois o parlamento sempre remunerou excepcionalmente bem.O que eu gostaria era de entender o passe de mágica. Eu gostaria na condição de cidadão e portanto de povo, compreender como o cargo público é capaz de promover tão radical mudança.

  Tenho acompanhado seus pronunciamentos desde o lº -turno. Até agora na­da foi dito que explicasse, combatesse, justificasse, desmentisse convincen­temente, o que seus adversários dizem sobre corrupção e roubalheira. Neste 2º turno esse candidato declara que tudo não passa de fantasia de seus opositores. Fantasia é abstrato e eles mostram imóveis, todos concretos.. Porque em seus pronunciamentos jamais emprega as palavras austeridade, honestidade, e, condena veementemente as mordomias e a corrupção?

        Os concorrentes da Coligação do Povo, ao que se sabe, são fontes de emprego, milhares deles, direto e indireto, portanto, contribuidores  na resolução dos problemas sociais desta Terra.

        Por fim, gostaria de voltar a CONFIAR no homem público, que outrora me -instruiu a construir um corpo são, para guardar u'a mente sã. Graças a Deus, acho que absorvir a instrução, porém, o mestre a esqueceu e assim, se trans­formou em "ídolo de Pano”.
LÜCIO REIS


Belém do Pará, em 20 de Março de 1990

Exmo Sr Presidente 


Fernando Collor de Mello 

Sou militar reformado, desde 13.03.78, possuindo esposa e um casal de filhos em idade escolar, menores de idade e sem renda própria.   
Minha fonte de renda e portanto minha renda familiar se consti­tuí única e exclusivamente do meu provento de reforma, por invalidez, sem poder prover os meios de subsistência, provento este que pela legislação em vigor é isento de tributação tanto na fonte, quanto em termos de declaração anual de imposto de renda.

Pela minha condição de funcionário público federal, compulsória mente tive que optar entre a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, para recebimento do meu provento, tendo escolhido o primeiro estabelecimento bancário.

Em vista disso passei a dispor de uma conta corrente azul remu­nerada, que epesar de ter recebido o mesmo tratamento das aplicações no “over" em seu Plano de Estabilização, não recebia oe mesmos percentuais de correção daquela aplicação.

Como pela minha situação físico orgânica não posso a não devo dispor de uma vida, que não seja um comportamento metódico, vivo controlando meu provento, balazido num esquema que atenda as necessidades de minha família, inclusive incluindo nesse orçamento uma fatia que se desti­na à poupança. Em virtude disso meus proventos não são pulverizados imediatamente após seu crédito ser feito em minha C/C e, enquanto eu vou atendendo meus gastos cumprindo minhas obrigações, ia recebendo correção sobre o saldo, tendo em vista a característica da conta corrente ser remunerada.

Com o feriado bancário instituído em 14.03.90, dispunha eu em minha C/C de um valor aproximado de NCZ$40. 000,00(Quarenta Mil Cruzados Novos), incluído nesse montante o saldo que passou do mês anterior (fruto de economia), o crédito de meu provento ocorrido em 05.03.90, relativo a fevereiro do corrente e rendimento da Conta Remunerada.

Retirei em 19.03.90 Cr$25.000,00(Vinte e Cinco Mil Cruzeiros), conforme estipula seu Governo, dentro do Plano Brasil Novo. Quitei despe­sas efetuadas através de meu Cartão da Crédito American Express (Compras de Super Mercado), vencimento ocorrido em 14.03.90 e tentei pagar minha conta de luz (fornecedor Centrais ELétricas do Pará SÁ - CELPA), vencida em 15.03.90, correspondente ao consumo de fevereiro 90, logo, antes da edição de seu Plano de Governo.

Como recebo pela CEF e esta não acata o pagamento de contas de luz, entrei numa fila do BAMERINDÜS,  tão extensa,  quanta a fila da CEF. Ali, no BAMERINDÜS realizei o pagamento de meu American Express mas, não consegui que o mesmo acatasse o recebimento de minha conta de Energia Eétrica, uma vez que eu não era cliente do Banco.

Informado naquela agencia que o Banco do Estado do Pará, aca­tava o recebimento de qualquer tarifa pública, dirige-me para a Agência localizada à Âv, José Bonifácio, esquina com a Conselheiro Furtado, que apos longa espera em fila, vi minha intenção ir por água abaixo, pois o Banco só receberia aquele pagamento se fosse em cruzeiros. Como o gerente não teve meios e argumentos de me convencer de que eu deveria gastar meus cruzeiros., indicou-me o Banco Central, no outro extremo da Cidade, para que lá eu tirasse minha dúvida.

Depois de ter acompanhado quase todos os pronunciamentos,  tanto de Sua Excia.,  quanto de sua Ministra da Economia,  quanto de seu Mi­nistro do Trabalho  (A. R.  Magri) dos assessores da Ministra  (Sr.   Modiano, Sr Kandir,   Sr.   Eris) e outros mais,  estava convicto de que eu estava certo em minha interpretação e,  com esta certeza,  desloquei-me para o Banco Central,  isto por volta das 16:00 horas.

Depois de enfrentar mais uma longa fila,  ter recebido a senha 113, fui atentido pelo funcionário Sr.  Regis,  que me informou estar meu procedimento correto e assim eu deveria emitir um Cheque da CEF,  onde eu dispunha de saldo em cruzado novo e bloqueado pelo BC, nominal ao Banco,  declarando no verso do cheque sua destinação "pagamento de con­ta de energia elétrica à CELPA”. Indaguei-lhe em que ele estava respaldado e o Sr.   Regis informou-me que o Ar t. 4 da Circular nº 1599 do Ban­co Central determinava aquele procedimento.  Sai do Banco Central às 19:40 horas, apôs ter entrado na primeira fila do dia - na CEF - às 07:20 da manhã apos ter deixado minha filha no colégio e ate aquela ho­ra sem nenhuma alimentação, sequer liquida, sem executar nenhuma fisio­logia excretora,  com destino a agencia do BANPARA.  Todavia,  em função do escasso tempo que me sobrava,  pois não encontraria aquela agencia aberta,  parei na agencia 0936 - Banco Itau SA,  à Áv.  Nazaré e aí diri­gi-me ao Gerente,  Sr. Kenio e falei-lhe de minha pretencão de quitar minha divida junto a CELPA, através daquela Agência e em cruzados novos. Mais uma vez vi meu intento obstado.  Mesmo lhe dizendo que estava chegando do Banco Central, relatei-lhe sobre a Circular 1599,  tudo debalde. Ele e justificou seu comportamento com as orientações de sua Direção Ban­cária que mandava receber tarifas públicas, água, luz e telefone, vencidas de 14 a 19/03, em cruzeiros e sem acréscimo até aquele dia.

Eu estava sendo condenado a pagar uma conta, cujo padrão monetário à época de seu vencimento, não existia, cuja quitação não pude efetuar, de vez que o sistema financeiro no país estava paralisado.

Em vista do acima optei em não pagar aquela conta dia 19/03/1990, para não desfalcar os meus cruzeiros, pois com eles tenho que alimentar minha família, até que volte a receber proventos o que provavelmente ocorrerá em 05/04/90 e até lá, a concessionário do serviço público, pode esperar.

Hoje voltei à agência do BANPARÁ para pagar minha conta de telefone. Conversei com o gerente e este me informou que logo depois que eu havia saído dali, ele tomou conhecimento da Circular nº 1599/BC. De imediato dispus-me então a quitar minha divida com a CELPA, msmo pagando o onus do acréscimo por atraso e mais outra vez fui barrado em meu objetivo, pois aquele gerente me disse que só até ontem ele podia receber contas em cruzados novos.

Como toda essa situação conflita com tudo o que nos foi transmitido teoricamente pelos meios de comunicação, tal como que não haveria prejuizo para ninguem e principalmente para o assalariado, que não haveria solução de continuidade e que a fatura não seria paga por nós e sim pelas elites sonegadoras, corrupta e especuladora, com todo respeito, ouso interrogar a V. Excia., tem em vista que na prática se nota claramente uma acentuada má vontade em que os bancos se incorporem e se enganjem no espirito de soerguimento da Nação:

- 1. Quem arca com o ônus de meu prejuízo em relação a meu consumo de energia elétrica? Pois eu quiz pagar!

- 2.  Quem arca com o meu prejuízo em termos de desgaste físico, orgânico e psicológico?

- 3. Quem arca com meu prejuízo material em termos de deslocamento de lá para cá, daqui para lá, tal como combustível e etc?

- 4. A quem recorrer com a convicção de que receberemos a correspondente atenção aos nossos anseios, se é devidamente reconhecido por V. Excia., que a máquina administrativa do estado é emperrada e portanto, jamais funcionou?

- 5. Como confiar que em questão de poucos dias essa máquina vá sofrer uma metamorfose de 180º e entrar nos eixos?

Como não sou especulador, nunca fui contraventor, não sou corrupto nem ativo e nem passivo, não sou sonegador, mas, apenas um cidadão cônscio de sua responsabilidade e de olho no futuro de seus filhos, tentando educá-los as duras penas, para que não sejam mais dois “menores abandonados” e principalmente sem nenhum objetivo de chantagem sentimental ou coisa parecida, será que não há possibilidade de V. Excia., mandar liberar meus parcos NCZ bloqueados junto ao BC, pois eles são saldo de provento, bem como os saldos de minhas poupanças, fruto principalmente de correção monetária (inflação de 1.760% ao ano), juros e pequenos créditos, principalmente conseguidos após privações, cuja finalidade é melhorar a renda familiar, custear medicamentos e plantar agora o futuro da prole.

Em função da média limite de CR$50.000,00 (cincoenta mil cruzeiros), fixado pela Exma Sr Ministra da Economia, permito-me, com todo o respeito que ela merece pelo seu brilhante cabedal, discordar do mesmo, pelo simples argumento: um cidadão que em janeiro de 1989, iniciasse com NCZ$10.000,00 (dez mil cruzados novos) em uma conta de poupança, mesmo que não realizasse nenhum crédito e mais em sua conta, ao fim daquele exercício teria um saldo disponível em seu favor de NCZ$176.000,00 (cento e setenta e seis mil cruzados novos) tendo em vista que o índice de inflação ano passado foi de 1.760%, portanto, fruto único e exclusivo de correção monetária. Logo, onde esse cidadão se iguala com um especulador?

Certo de estar também cooperando com V. Escia., e dentro do espirito de democracia que reina em nossa Terra, fico no aguardo de uma resposta augurando-lhe toda sorte e sucesso nessa magnifica empreitada e que Deus lhe ilumine, proteja e abençoe.
Sinceramente
Lúcio Reis



 Belém, Pa, em 12 de dezembro de 1990

MOSQUEIRO ALERTA 



Nossa querida Bucólica Ilha de Mosqueiro,  vem vem nesses últimos tempos figurando nas páginas policiais desse Matutino O Liberal, tendo em vista a proli­feração de quadrilhas de assaltantes que a tem escolhido, para ali executa­rem seus planos de ganho fácil, através do saque ao patrimônio privado, tendo inclusive, eu mesmo sido vitima reiterada desse banditismo.

O consenso entre sistemáticos frequentadores das suas relaxantes e revigorantes praias, mui especialmente nos fins de semana - pois ninguém é de ferro - apos as desgastantes labutas respirando CO² nesta Capital, prin­cipalmente aqueles que vão oxigenar seus pulmões e desopilar os figados num bate-papo descontraido, sadio, cultural e produtivo, no farol, tendo como ponto de convergência a Barraca Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Bené),que alguma coisa tem que ser feito, já..

Não e só a presença de ladrões que incomoda a quantos ali demandam. Além deles, cresce o volume de poluição com degetos humanos e rejeitos domi­ciliares, jogados em algumas praias; inicia-se a ter noticias de casos de puxadores de carros e, um dos mais sérios problemas que ultimamente vem azucrinando consideravelmente a muitos, é a poluição sonora noturna e falta de respeito total a Lei do Silencio, em função da existência e funcionamento de aparelhagens sonoras durante as madrugadas de sexta, sábado e domingo, com tamanha potência de decíbeis capaz de estourar os tímpanos de qualquer cris­tão.

Em relação aos “sonzão”, não temos e ninguém tem nada contra as fes­tas. O que se reclama é o exagêro estúpido dos volumes das músicas jogadas nos ambientes, prejudicando, sem sombra de duvida os manipuladores do apare­lho e por conseguinte os frequentadores do salão, logo, passa ser uma ques­tão de saúde pública.

Com a presente tenho somente o objetivo de alertar nossas autorida­des ou a quem de direito, que procurem tomar ciência do que estão querendo fazer e tornar aquele "Paraiso de Areia e Baia de Agua Doce". O Mosqueiro é um presente da Natureza e um privilégio nosso podermos desfrutar de tão aprauzível local e por demais abençoado por Deus.

Por favor, é preferível prevenir do que remediar, se é que, se che­garmos ao ponto da necessidade de usarmos o remédio, se este ainda surtirá o efeito e o curativo desejado.

Não vamos deixar que machuquem nossa querida Mosqueiro.

         LÚCIO REIS

PS: Tudo o que acima previamos ha 24 anos, pois esta publicação ocorre nesta data 22/02/2014, ocorreu em condições e realidade muito pior 



Belém, Pa, em 25 de Outubro de 1990

O N I B U S

Ha bastante tempo que os usuários vem reclamando do comportamento, de praticamente todos os motoristas de todas as linhas de onibus, que servem esta Cidade, no que se refere em não pararem nas respectivas paradas, deixando aqueles passageiros de braços estendidos, mesmo a despeito de que o coletivo estar vazio, sem a lotação completa.

 Os reclamos tem sido veiculados pela imprensa escrita, falada e televisada e, até o presente momento não se teve noticia de que os Sindicatos,quer das Empresas, quer doe motoristas, tenham se manifestado na direção de uma solução ao problema. Até parece que a. atitude irresponsável desses profissionais - sim, pois quem sai a dirigir um coletivo, com a única finalidade de fazer transporte urbano do cidadão e, não o faz e ainda, usa o veículo como fosse seu automóvel de passeio, avançando os sinais e não acatando as regras de trânsito - só pode ser taxado de irresponsável e inconsequente e es­sa atitude seja fruto de um acordo para atazanar e irritar a vida do usuário.

Por outro lado, ainda que tornadas públicas as reclamações, não se tem conhecimento também, de que o aparelho estatal (DETRAN-BATALHÃO DE TRÂNSITO)tenham se movimentado com o objetivo de sanar ou coibir os abusos.

Agora mesmo foi majorada a tarifa em 40%. Ouve-se nas paradas, tradu­zindo a irritação dos usuários que não são atendidos nos seus gestos de "parew, por equeles motoristas acims referidos, que só vêm uma solução: "Parar o onibus a custo de pedrada no péra-brisa ou a peso de bala nos pneus! jun­tando-se portanto, os dois motivos, pode-se calcular o que está por aconte­cer.

Dias atrás tomei o coletivo 5705 da Linha Cidade Nova 5, num fim de tarde, dia útil, hora de  “pique”. Quando saiamos da rua dos Mundurucus, o mo­torista comentou com um amigo, ao qual dera carona e se acomodara no caput do carro: na Almt Barroso, só paro para descer passageiro. E assim o foi fa zendo ate a parada em frente ao 2º BIS, onde desci. ao chegar em casa, telefonei a Empresa. Um funcionário, com sotaque português, que se disse responsável e com autoridade de “mando", ouviu minha narracão e de imediato deu—me a solução, pois também de pronto identificou o condutor: Já sei, é o indio, momotorista do 05(zero cinco). "Não adianta, ao chegar aqui, quando eu for perguntar-lhe alguma coisa, ele vai dizer que é mentira do passageiro". No que eu lhe disse, vou gastar impulsos telefônicos para lhe contar uma mentira, e qual todos os usuários de onibus vem falando à imprensa.

Como se pode veirificar, não ha o interesse em resguardar os direitos da coletividade o seu bem comum. Todavia, quando essa coletividade reagir, como o fez a de Mão do Rio e, como vem ameaçando nas paradas, aí sim: Sindicatos, Aparelhos Estatais, se manifestarão, porém, o sangue já estará derramado.    

Não estou insuflando nada,  entendo,  que e bem melhor prevenir do que remediar e chorar.
Lúcio Reis

Belém, 17 de outubro de 1990


OPALA BRANCO


Zero hora do dia 27 para o dia 28 de Abril de 1990. Uma sexta-feira, Av. Almirante Barroso Entroncamento,  há 6 meses.

Quatro jovens sadias, bem com a vida, profissionais, com desempenho produtivo, útil e efetivo junto a sociedade e ao País, tentam chegar ao "Chopp House", para simplesmente desfrutar de momentos de entretenimento e lazer no"bate papo" entre amigos, dançar umas lambadas, um forrozinho, um samba e quem sabe, entabular uma paquera, pois são todas solteiras e em pleno vigor da juventude.

De repente, antes que alcançassem o objetivo comum, entrar na Casa de Diversão Noturna, surge da negritude da noite, como um bólido branco, cor­rendo taradamente ao encontro da desgraça, atiçado como um foguete por um pé que pisava fundo o acelerador, o CHEVROLET OPALA CHAPA BZ 9773, que com seu excesso de velocidade e portanto, incontrolável frente ao eminente perigo, colheu em cheio, duas das quatro jovens: A Socorro e a Élida. As outras duas conseguiram se safar, pois a tempo deram um passo a frente.

Cônscio de que infringia anormas de trânsito, aquele motorista, que como todos os outros que assim procedem, após verem as consequências de suas irresponsabilidades e portanto com culpa concretizada, só lhe restou a falta de caracter, traduzida pela fuga, imprimindo mais velocidade à sua "arma", que horas depois ceifou a vida da Elida e ate hoje, mantém no leito a Socor­ro, a qual já foi submetida ha mais de uma cirurgia em suas pernas, ambas fraturadas em consequência do impacto.

O presente relato não tem o objetivo de conseguir uma condenação pe­la Justiça dos Homens aquele culpado, até agora impune por seu ato criminoso. Entende-se que apesar de tudo, ainda lhe resta, como gente, ser humano e racional, logo dotado de algum resquício de sentimento, qualquer gota de sensibi­lidade cristã, pois também é filho de Deus. Acreditando nisso, esperamos que o mesmo tenha passado a dirigir com mais cuidado, respeitando as regras do transito é lembrando que quando se sai do volante passasse a condição de transeunte, assim como o são sua mãe, seu pai, e todos aqueles que lhe são caros, bem como dentro de um veiculo também se morre e se consegue fraturas e etc...E quanto ao reparar seu crime, confiamos na Justiça de Deus. Torcemos para que ele tenha se tornado um apostolo contra a violência e como tal possa vir a servir de exemplo, através de seu testemunho.

Logo após ao acidente, transcorreu o Dia das Mães, em maio. Como ser vivente o atropelador também tem ou teve mãe. Fora o intuito de fazer chanta­gem sentimnental, gostariamos que refletisse quão triste e amargurado foi aquele dia e os que virão, para a mãe da Elida, com a ausência física eterna da filha querida e para a mãe da Socorro, com as interrogações quanto ao futuro de sua também filha querida. Pense nisso!

Caro amigo, dirigir sob o manto das Leis de Transito é muito mais fácil. Dificilmente alguém sai machucado. Por que desrespeitar? Será que o titulo de assassino do volante vale a pena?

Lúcio Reis


Belém, Pa, em 24 de setembro de 1990.

IGUAIS
Pega ladrão! Pega ladrão! Aos gritos de "pega ladrão" , a turba enfurecida corre atrás do delinquente, o qual acabou de assaltar um estabe­lecimento comercial, cujo proprietário é responsável por uma prole de 5 fi­lhos, todos menores e, ao reagir em defesa de seu patrimônio, foi covardemente assassinado pelo assaltante.

A um quarteirão depois, o bandido é alcançado e, se inicia a sessão de linchamento. Chute no traseiro, soco no rosto, no estômago,  na barriga. Ele já está todo arrebentado. As mãos dos populares são usadas ávidas e desesperadamente naquele ritual de vingança. De repente, como por encanto , surge um policial e salva o marginal das mãos dos seus carrascos. Hais uns 2 minutos e a sociedade estaria livre de mais um animal nocivo.

Não muito longe dali, há uma enorme fila de atendimento médico, que se formou à frente de um posto de saúde da rede publica. Compõem essa fila uma criança desnutrida e um ancião com sérios problemas de saúde. Eles estão ali aguardando atendimento desde as 04:00 h da manhã. Já alcançamos as 10:00 h da mesma manhã e eles ainda não foram atendidos.

Os funcionários daquele órgão de saúde, estão insensíveis aos reclamos dos familiares dos doentes. Aqueles servidores alegam que os homens públicos responsáveis pelo fornecimento dos meios imprescindíveis ao bom funcionamento de posto são corruptos e desviam o dinheiro dos impostos em seus proveitos pessoais e de seus familiares, bem como em mordomias. As 10:50 h, os que ainda estão na fila - e são muitos - entre os quais a criança e o velho, recebem a informação que os médicos não vão mais atender, pois terão seus horários esgotados em virtude de terem que atender outros pacientes, que foram encaminhados pelo deputado fulano, pelo vereador ciclano, pe­lo secretário belcrano. E que também, logo depois vão se reunir para deflagar uma greve por melhores salários.Vão reivindicar salário de politico.

A esta altura a criança não suportou mais e faleceu. O velhinho ao ver o desespero dos pais do menor, teve uma crise hipertensiva, sofreu AVC (derrame cerebral) e também morreu.

Caro leitor! Entendo que falei de duas realidades do nosso dia a dia.  Não é ficção. As duas situações não são idênticas por demais?

O ladrão que invade uma propriedade particular e o homem público que invade o erário (dinheiro dos nossos impostos), ambos não são delinquentes da mesma forma? O delito não é igual? Ambos não se apoderam indevidamente daquilo que não e seu? Ambos não matam covardemente?

O ladrão de rua tem sua imunidade no policial que aparece inesperadamente. O homem público criou para si a imunidade do cargo.

Logo! Como entender que as mesmas mãos que linchem um ladrão são as mesmas que aplaudem outro ladrão? Dá para explicar? Porem, não me venha com essa de que roubou, mas féz. Por que na verdade a colocação e esta: Fez, mas infelizmente roubou.


Lúcio Reis
Belém do Pará, em 29 de Agosto de 1990
FUGA

     O Brasil inteiro acompanha desde 6feira, dia 24/08, o desenrolar das negociações entre os 5 fugitivos da Penitenciária de Contagem-MG e a PM daquele Estado.

São 5 elementos da mais alta periculosidade que assassinaram somente nesta empreitada 2 cidadãos e feriram fisicamente 2, além das dezenas de pessoas que feriram seriamente em seus sentimentos e psicologicamente, como é o caso dos familiares dos tenentes e do carcereiro, os que foram assassinados e o que foi ferido, bem como os familiares do sargento e, mui especialmente, os entes queridos do Coronel Edgar, até agora em poder dos fascínoras.

Bem, o motivo da presente, é chamar a atenção do pessoal dos "Direitos Humanos” da Nação e do pessoal dos PC, que são diligentes e zelosos em defender bandidos quando a eles é dado o devido tratamento que merecem.

Cinco dias se passaram. Porque até agora nenhum desses defensores dos fracos e oprimidos, que não hesitam em ceifar a vida de um chefe de família, como é o caso do tenente que deixa órfão de pai uma filhinha de 7 meses, se  apresentou para negociar e persuadir aqueles delinquentes que a sociedade os quer longe dela e que, seus lugares é na cadeia, pois como os ratos e baratas, são animais nocivos ao ser humano, ou então se oferecer em substituição ao refém?

Por certo, estão esperando a ação tática e estratégica da Gloriosa PM de MG, que por certo quando agir, receberá a reação dos bandidos, armados até os dentes e que, em contrapartida também acionará os gatilhos de suas armas, pois do contrario morrerá com a arma na mão, aí assim, quando os mal feitores cairem eliminados pela saraivadas das metralhadoras militares, sur­girão os defensores dos direitos humanos, solicitando, exigindo até, abertu­ra de inquérito pela violência cometida pela PM, o excesso de projeteis en­contrados nos corpos das “pobres vitimas” e a partir daí tentarão tirar dividendos políticos.

       De "defensores dos direitos humanos", que o são por pose e status e, "ecologistas” de gabinete de ar refrigerado que sequer conhecem uma mata, nós já estamos cheios.

         Pimenta nos olhos dos outros é refresco.
Lúcio Reis
    

Nota: O abaixo espelha que há muito em nosso País há, invariavelmente a opção em tripudiar sobre os direitos do cidadão!
Belém, Pa,  em 26 de Abril de 1990.

G O L P E

Em 30.03.90 p.p. assistia eu a programação do SBT, canal 5, às 12:58h exatamente, uma sexta-feira, quando houve a chamada de que  o Presidente da República iria responder perguntas sobre dúvidas existentes a respeito do Plano Brasil Novo, fato que ocorreria em um programa no domingo dia 01.04.90, coincidentemente dia da "mentira" e, convocava a quem quisesse fazer suas perguntas que ligasse para o telefone 011-236-0876-SP.

Interessado em esclarecer uma dúvida, dispus-me a ligar para o nº indicado no vídeo e efetuei 20 ligações, sendo 18 no período de 12.58 às 13:44, uma às 16:05 e a última às 19:34 hs, conforme V. Sá. pode ratificar com a xerocopia da conta em anexo.
Em todas essas ligações, uma voz masculina em gravação atendia e reproduzia: "VOCÊ QUE ESTA QUERENDO FAZER PERGUNTAS AO PRESIDENTE, TENTE OUTRA VEZ” e nessa onda fiz 20 tentativas, todas em inútil. Até aí tudo bem! O mais absurdo no entanto, veio quando recebi minha conta de telefone. Lá estava computado todas as ligações em que fui induzido a refazê-las por um secretário eletrònico, sem que disso obtivesse nenhum proveito e sim, somente prejuizo.

Realmente existe o "bobo" e reconheço que passei um atestado áe idiota, porém "burro" não serei, pois em outra não cairei jamais. B isto colocou em duvida a seriedade da Emissora.

Assim como eu, acredito que talvez outros tenham caído nesse "GOLPE". Por isso espero que a presente sirva da alerta e que se alguma coisa pode ser feito, que esta também, sirva de denuncia para a quem de di­reito possa tomar as medidas decorrentes.
LÚCIO    REIS


Belém-Pa, em 27 de Agosto de 1990


BRASIL A SALVAÇÃO


O mundo inteiro tem seus olhos voltados ao Oriente Médio, em função do conflito que ali se desenrola, com possibilidades do desfecho da 3ª  Grande Guerra Mundial.

 A origem entre outras, tal como: os problemas políticos estratégicos era relação ao Estado de Israel, além dos filosóficos e religiosos, está, sem duvida o energético em virtude dos poços de petróleo, que influen­ciam diretamente nas economias dos outros países, especialmente das grandes potenciais.

Já foi dito, que a Amazônia representa o celeiro do mundo e que também é o pulmão sem nicotina, que supri o planeta de oxigênio puro.

Nestes últimos tempos, a civilização do planeta tem virado suas atenções aqui para nós, cuidando, orientando, criticando, para que tenhamos e tratemos com carinho e zelo nosso ecosistema e principalmente não destruamos nossas matas, nossos rios, mangues etc..., com explorações e quei­madas irracionais, onde a ganância econômica financeira esteja acima   de qualquer ideia e razão.

Sabemos que somos um País Continente, com solo fértil, no qual em se plantando tudo dá. Estamos, de certa forma na vanguarda de fontes ener­géticas alternativas, tal como o álcool hidratado, o óleo de mamona, o bagaço da cana-de-açúcar e outros. È  verdade que países de área territorial que cabem dentro de pequenos Estados desta Federação, se tornam economica­mente uma ameaça, a exemplo da crise da década de 70, e consideráveis potencias bélicas, pelo fato de deterem em seu sub-solo reservas de milhares de barris de petróleo, capazes de modificar o destino de outros paises.

Pois bem, aí resume-se a solução do sério problema. Quem sabe se o Governo Brasileiro, em conjunto e com a colaboração (investimento) de outras nações, investisse maciçamente - obviamente sem descuidar das outras agriculturas - no plantio de cana-de-açúcar, com o fito de produzir álcool combustível em quantidade capaz de suprir as necessidades mundiais, pelo menos num percentual considerável, e assim quem sabe, desbancaria o poderio que o ouro negro confere aquele pessoal de turbante e tiraria de suas mãos o estopim aceso, com o qual esses fanáticos querem aniquilar o mundo.


É bem verdade, não é só gasolina que se fraciona do óleo negro, porem, ela é um item de suma importância na economia de um país. Além do que há ainda, alternativa do óleo de mamona.

Diram, que estou louco e que isso é uma utopia. Porém, quem dispõem de um solo abençoado como nós, as cadeias repletas de mão de obra abundante e ociosa, que só consome e planeja sequestro, que conta com governo que tenta recuperar a credibilidade lá fora, onde está a utopia?

Além de ser uma solução para a paz mundial, com certeza passaríamos a uma posição de respeito e prestigio no podíum internacional, pois assim como Japão chegou onde está através da tecnologia de ponta, bem como os USA, e outros países da Europa, nós nos projetaríamos como os maiores produtores de energia alternativa, o que não seria motivo de admiração. Já não fomos os primeiros e maiores exportadores de café e outros produtos?

Que tal começar pelo menos a pensar na ideia?
Lúcio Reis

Belém-Pa, em 05 do Março de 1990.


PAREM, POR PAVOR


          Na edição do domingo p.p. à pag. 7 desse Matutino, li o artigo do Sr. Gerson Perés, intitulado "Parem, por favor", no qual ele f az um chamamento às classes empresárias, trabalhadores e governo à mesa de   negociação, cuja discussão em pauta é um basta a delirante remarcação e aumentos de preços que não conduzem a nada, a não ser no es­tado de extrema dificuldade e desesperação.

      O artigo em si está perfeito, pelo menos parcialmente, ao meu ver, na condição de leitor e cidadão detentor de meus direitos e obrigações civis. O que me causou estranheza é o fato de que o subscritor da crônica não ter feito nenhuma referência ao Poder Legislativo, pe­lo menos de que modo ele entrará e contribuirá para o exito e sucesso da negociação sugerida.

      Sabe-se perfeitamente que a classe a qual o Sr G. Peres pertence não dá o retorno em termos e resultados positivos à nossa Sociedade, proporcionalmente ao que gasta com seus altos salários, mordomias e benefícios indecentes, como aposentadorias precoces, sem que para esses volumosos gastos o próprio Poder produza sequer,  o menor resquício de receita.  Logo, quando ele fala em gastar so o que arrecada não há corência, pois muito pior é gastar o que não arrecada ou o que o outro arrecadou.

       Quando se toca em seus grandes salários,  principalmente em se comparando com o mínimo do trabalhador e, considerando as jornadas de trabalho quer diária, semanal, mensal e anual e, respectivos prazos de férias, a maioria dos parlamentares, em qualquer nível, seja federal, estadual e municipal, com raríssimas exceções, se aborrecem e entendem que ganham pouco, justificando que a maior fração de seus subsídios atende as necessidades sociais de seus eleitores, tal como: compra de material de construção, aviamento de receita médica o por aí a fora. To­davia, isto só seria verdade, se nós eleitores continuassemos nos portan­do como imbecis e idiotas e persistissemos, a exemplo de anos mais recuados a acreditar em tudo que politico declara.

Os exemplos mais concretos de que estamoo mudando nossas mentes, para citar somente dois, são: a desconcertante e indiscutível derrota do Sr. Ulyses Guimarães às eleições de 15.11 p.p. e o outro é o índice de impopularidade da classe política em nosso País, com consequente renovação de altíssimo percentual de cadeiras nos parlamentos. Aguardemos 3 de outubro vindouro.

          Todos nós somos testemunhas vivos do longo tempo que foi gasto na elaboração da Constituição Federal de 10/88 e, quantas e inúmeras vezes vimos o Presidente da Constituinte conclamando os membros da Assembleia a comparecerem para votar e, tudo debalde. E até hoje, as leis complementares necessárias a que a Carta Magna entre em absoluto vigor, quando serão votadas? Garanto que nem o articulista arrisque um palpite e pode-se garantir que nem daqui a uns 5 (cinco) anos elas serão feitas.

         Em função disso tudo e muito mais que sabemos, concluímos, infelizmente, que um dos mais sérios entraves e contribuidores à situação de desesperação a que estamos aportando seja a classe que se diz nossa "representante", cujos membros estão todos bem de vida, en­quanto que os indivíduos representados estão todos ruim de vida.

         Por isso, tomo a ousadia de sugerir que a classe fos­se à mesa de negociação com os seguintes propósitos e  propostas: Conter o reajuste de seus subsidios - uma vez que se deram o poder do majorá-los ao bel prazer - até quo o salário do trabalhador se aproxime daque­les valores; eliminem as mordomias e assim passem a custear seus deslocamentos aéreos – pelo menos com 6% de seus salários – custeem seus telefonemas, o uso do correio, da moradia, eliminem o tráfico de influência e parem de inchar a máquina administrativa do Estado e, por  cer­to com essas medidas, estarão contribuindo com a economia do País e os resultados repercutirão em favor da classe representada.

  Portanto, parem, por favor de contribuir também, para enpurrar a Nação para o abismo, para o caos.
Lúcio Reis








Belém-Pa, em 25 de Março de 1990                                                                                                                       
ELITE 

Temos visto as Elites - até que enfim, mesmo que por alguns instantes — atrás das grades, em virtude do reiterado descumprimento às medidas provisórias do atual governo.

Temos visto também a indignação de alguns, rotulando essas prisões de arbitrárias, de terrorismo e intuito de auto promoção na mídia.

Vimos acompanhando, ao longo desses anos, desde quando a in­flação mensal não atingia os dois dígitos, o fracasso dos acordos de cavalheiros, e isto se repetiu até bem próximo a posse do Governo do Brasil Novo, quando empresários acordavam diante das câmeras de televisão, que não aumentariam os preços de suas mercadorias e, por trás das câmeras "esqueciam" de determinar ao batalhão de remarcadores que dessem uma trégua às suas máquinas de etiquetar preços. Pergunta-se: "E isto não era um verdadeiro terrorismo econômico e especulativo contra o bolso do consumidor?

A Sociedade Brasileira, aprova por maioria quase que unânime a prisão de "tubarões", que tentam se desculpar jogando a culpa à fregue­ses que inescrupolosamente trocam as etiquetas dos produtos. Pois bem! tenham o escrupolo em não demitir os funcionários remarcadores e, usem esse efetivo para constantemente fiscalizarem se há produtos com dupla etiqueta ou se a etiqueta está em acordo com a tabela.

De governo que não reage c nem tampouco deu o "murro na me­sa" já conhecemos o resultado. Precisamos de um Presidente Corajoso, que não ceda ao tráfico de influência e ao jeitinho e realmente coloque este País nos "trinques". Lugar de ganancioso é na cadeira.
Lúcio Reis








Belém, PA,em 21 de Agosto de 1987

DESABAMENTO

             Há pouco mais de uma semana que o Ed. "Raimundo Parias", ruiu, soterrando muitas vidas e paralelamente fez emergir uma série de descalabros e desculpas para aterrar determinados mares de lama que nos rodeiam.

Tem-se ouvido e lido as mais diversas opiniões, desde leigos, passando por pesaoaa diferenciadas no ramo e até por pretensos interessados nos destinos das famílias enlutadas, assim como que se dê um tratamento, tipo ao que se dispensa aos mais frios assassinos, para os engenheiros responsáveis pela Construtora que tocava o empreendimento imobiliário.

A isenção ou não de culpabilidade dos Empresários, acho que deve ficar inerente a quem de direito, porém, olhando o acontecido por outro ângulo e as circunstâncias posteriores, me permite os comentários a seguir, na qualidade de cidadão, como você prezado leitor e portanto, passivo de ser ou sendo mais uma das vitimas do Poder:

- A obra que se desenrolava já há algum tempo, vinha nesse ínterim, produzindo empregos diretos e indiretos e assim, ajudando o Estado e o Governo na redução dos índices de desemprego e, por conseguinte sendo útil à sociedade;

- No decorrer desse espaço de construção, por certo, teve de enfrentar a pressão de várias fiscalizações que visam carrear impostos, taxas e etc... para engordar mais ainda o volume financeiro dos caixas dos Governos, além dos encargos sociais que recolheu;

- A desgraça aconteceu. E eis que chegou a hora do Estado, do Governo, do Poder, dar em retorno, o que arrecadou e arrecada de cada cidadão, como ajuda, socorro e salvamento das vidas soterradas, através de seu Corpo de Bombeiros e, então, todos os impostos arrecadados e que deveriam ser transformados em equipamentos, máquinas e meios de salvamento e de salvação não aparecem. Só se faz presente, o brio,  a coragem, a bravura e o heroismo dos homens de fogo, porque esses itens não custam dinheiro e des­ses requisitos todos nos brasileiros, desde que não cheguemos ao cargo pú­blico, somos revestidos e sensíveis e por isso, resta a pergunta:

"Quem comete o crime mais HEDIONDO, aquele que trabalhava e produzia ou aquele que o usou os impostos daqueles pobres operários, transformou esse numerário em altos salários, se transformou em Marajá e conge­lou no clima refrigerado de seus gabinetes e dos carros oficiais toda e qualquer sensibilidade que se relacione com a causa publica?”

      "Quem será ou qual será o criminoso que responderá pelo crime, do qual foi vitima o Guilerminho, que se foi, porquê o Posto médico de Salinas não dispunha de meios para salvá-lo, mesmo contando com mão de obra profissional e disposição do jovem tenistas?

  “Quem responderá nas barras do judiciário, pela insegurança sob a qual vivemos, pela sinalização precária do nosso tráfego, pelas vias de trânsito quer urbana ou pelas rodovias em condições ruins, pelas redes de esgotos que não escoam, pelo ensino que não ensina, e tantos outros bens comuns e sociais que deveriam ser supridos pelos impostos, mas estes só servem para custear as mordomias, para o empreguismo familiar e tantas outras indecências e desserviços criminosos que todos os dias tomamos conhecimento.

                   O mês de julho passou. Até agora a cassação pela malversação do erário e outras irregularidades comprovadas, não ocorreu e, o que é pior,tenta-se juntar os escombros do Ed. “Raimundo Farias” para aterrar o mar de lama naquele Poder, mas, para que isso aconteça, desgraçadamente todos os edificios de Belém terão que ruir e assim terão o aterro de que necessitam.

                   Infelizmente, o Brasil está lotado de “edificios da corrupção, da amoralidade, da irresponsabilidade, que foram erguidos no lugar dos “prédios” da seriedade, da honestidade do trabalho e da moral, todos desabados pelos ventos da ganancia do egoismo e das conquistas pessoais.
Lúcio Reis



Belém, Pa, em 06 de junho de 1987

Cidadão fardado

Uma vez mais, ao invés  de promover a segurança do cidadão ou garantir essa segurança, o cidadão fardado ou investido na função civil de fiscalizar e fazer cumprir as leis, exorbita, abusa do poder e covardemente poem em pratica a pena de morte,  já tão usada, também, pela marginalidade,  contra  um indefeso  e  jovem  delinquente.

O que causa espanto nisso tudo é a busca interrogatória dos homens públicos, quanto as consequências da reação da sociedade, à dimen­são dos préjuizos materiais provocados nos próprios estaduais.

Todos nós sabemos, menos detentores dos cargos de mando, estes, portanto, insensíveis, se não, não estariam a procura da origem da ação devastadora dos castanhalenses, que à toda agressão, o indivíduo,  o ser humano, o animal, até mesmo o irracional, reage com uma ação de intensidade igual ou maior com o intuito de se proteger. É o instinto de preservação da espécie.

Mas, uma vez que houve o questionamento, tomo a liberdade de responder: “o povo já está até o teto e com todas as suas reservas de paciência esgotadas, de tanto ser agredido e violentado covardemente em seus direitos, tais como: invasão de seu domicilio, espancamentos, corrupção, suborno, arbitrariedade, abuso de poder e agora, homicídios perpetrados por aqueles que penduram um cacetete e portam um 38 na cintura e saem fuzilando, quebrando ou eliminando sob chutes e murros, indefesos seres,  quando as vezes inocentes cidadãos.

Eis aí, a origem de tanta indignação. Os prejuízos materiais serão repostos ao custo de cinco milhões de cruzados. Será que o Estado tem dinheiro suficiente para repor a vida do jovem Carlos? Terá recursos capaz de aliviar a dor da mãe. Portanto, ilustres autoridades, procurem enxergar o óbvio a um palmo diante de seus narizes, o Estado ceifou uma vida, querem violencia maior do que esta? Ou a vida passou à caracteristica dos descartáveis? Querem agressão mais brutal e pior, do que a eliminação da existencia?

Nessas ocasiões, atribui-se a penetração de agitadores, todavia, a imprensa já noticiou e tem noticiado, buscas incessantes e com o revestimento do sentimento de vingança, perpetradas pelos homens da lei a procura de bandido que tenha levado vantagem e exterminado um de seus pares. Nessas diligências, sabe-se, também, que tudo e todos que se antepuserem são esmagados e destruidos com se fora por um rolo compressor, e aí? É a nossa vez de perguntar: “nessas ações, cujo o alvo não é o patrimonio público, mas, o do cidadão comum, há a penetração de agitadores, uma vez que as consequências são identicas”?

Ultimamente, tem-se falado muito nos Marajás do Poder, que é uma das modalidades indecentes de agredir e debochar do modesto trabalhador. Quando a sociedade resolver que seu limite de aceite se esgotou e que ela não quer mais conviver com esses abusos e privilégios (hoje mesmo, o Chapa Oficial 013 Del Rey Preto do 4º Secretário da AL, tendo como motorista uma senhora, deixava alunos no IAGP,  na Barão do Triunfo) indecorosos e, assim reagir para coibir e por fim ao desmando, aí então, o adjetivo badernaço, subversivo e terrorista são logo empregados.

É por essas e outras que em todas as cidades do mundo, há estátuas de patriotas, que se tornam herois, depois de terem se rebelado contra esses tipos de covardia e violencia e são mortos como subversivos. Lembram-se de Tiradentes?
Lúcio Reis


Belém, Pa, em 01 de Junho de 1987

Publicado no Jornal O Liberal edição de 02/06/1987

SEM PERDÃO

Quando algumas das previsões de Nostradamus se concretizam, tornam-se motivo de espanto, comentários, receios, novas tomadas de posições, revisão de critérios e etc...

Tudo isso, em função de que, enquanto elas não saem do campo da ficção, da mentira, portanto, do abstrato, são adjetivadas como impossives e jamais se tornarão uma verdade.

Tem-se visto relação de filmes, os melhores de todos os tempos e, jamais constatamos que nesses róis, haja sido mencionado ou figurado a fita “ALÍ BÁ BÁ”, tenha sido o filme que mais marcou, impressionou e forjou grande parte dos caracteres e personalidades dos homens de agora.

Sua quadrilha, usava cavalos como meio de locomoção, talvez, um fato que tenha me passado despercebido, é que as ferraduras daqueles equinos, já naquela época, eram todas brancas e algumas eram pretas.

A única divergência entre a ficção de ontem e a realidade de hoje, é que os “40 ladrões” saqueavam e furtavam o Tesouro de outros ladrões, gerando desste fato o provérbio: “quem rouba ladrão, tem 100 anos de perdão”.

Portanto, já não seria o tempo de se tirar um ensinamento e, ao invés de se criar leis que deem suporte a formação de quadrilhas de “Marajás”, que se crie um artigo constitucional que prescreva: “Quem roubar o erário, tem 100 de condenação, sem apelação ou recurso”.

Lúcio Reis


O abaixo é apenas uma mostra que o consumidor brasileiro há muito é vilipendiado e mesmo a despeito da existência dos órgãos de defesa, ainda muito pouco avançou, mesmo decorridos 27 anos. O estabelecimento não mais existe nesta Capital.

                       Belém, Pa, em 27 de Abril de 1987                                                      
À
Administração do JÜMBO Eletro
Caixa Postal 65011
CEP 01423 – São Paulo SP
Prezados Senhores
Acuso o recebimento nesta data, do impresso qua me presenteia com um cupom, o qual me faculta o direito de um desconto 10% sôbre compras à vista, pelo crediário ou pelo meu cartão de crédito,cujo número é 335007228-2, em face de meu aniversário natalicio ocorrido em 20 do corrente.

Todavia, gostaria nesta oportunidade de agradecer os 10% como descontos em compras a sugerir que os mesmos 10%, pelo menos. fossem dado como orientação de urbanidade e da uma melhor estratégia de adminis­tração que viesse de encontro aos interesses dos consumidores e clientes dessa Rede de Super Mercados, para os gerentes do Hiper Merecado Jumbo, localizado à Av Gov. José Malcher, nesta Cidade.

O parágrafo segundo acima, tem como origem, o seguinte fato: "sábado dia 29 do mês em curso, dirige-me aquele Estabelecimento Comercial, para executar alguma compras, pois aos sábados é o dia que me sobra para essa atividade, uma vêz que durante a semana de 2ª à 6ª feira, minhas atividades funcionais não me  permitem dispor de tempo para frequentar Super Marcado. Pois bem, depois de ter gasto minutos consideraveis e relevantes em filas à pesagem de hortifrutigranjeiros, tive necessidade de ir ao departamento de confecções e de cine-foto-som, e, obviamente não poderia de maneira alguma ir aqueles locais empurrando um carrinho de compras e por isso o deixei em frente aos caixas, poderia ser em torno de 18:OO horas. Ao retornar, há questão da uns 30 minutos, tempo que levei para experimentar algumas paças, bem como meu conjuge e minha filha, não mais encontrei o carrinho com o que seriam minhas compras. Incontinente , procurei o Gerente e lhe apresentei minha reclamação, solicitando que ele mandasse apurar e procurar ver qual o funcionário que havia recolhido meu carro com os gêneros, o qual evidentemente eu não poderia levá-lo para o interior de uma cabine, provador de confecção.

Qual minha surpresa? O referido funcionário (Gerente?), rebateu minha reclamação, dizendo-me não ter eu razão e que estava errado, que ele era o responsável por aquilo e aquilo era sua orientação. Mesmo assim, ainda retruquei que não havia nem passado 30 minutos que deixará o carrinho ali e, mesmo assim ele disse que era tudo de sua responsabilida­de e qua não poderia voltar atrás e nem fazer nada. Diante disso e. com o tempo perdido, perdi as estribeiras e lhe disse se-lo o mesmo incompetente e sem condições para o cargo que ocupava, pois aquele Estabelecimento era grande em tamanho mas, com uma administração de baiuca.

Por outro lado, em termos comerciais é a primeira vez que vejo alguem colocar mercadorias à venda e por questão de 1/2 hora, não permitir ou evitar que o consumidor (ao meu ver, o mais importante numa relação comercial), concretize a finalidade daquela Casa de Comércio.
Ateneciosamente

Lúcio Reis
      


Belém,PA, em 21 de Fevereiro de 1987

PATRIOTISMO

Em tempos não muitos distantes, nas escolas, nos ensinavam que um dos sentimentos mais importantes a serem cultivados era o amor a Pátria, e, seu símbolos: a Bandeira, as Armas e tudo que a representava.
Dentre os itens representativos, os que mais se destacavam estavam a Bandeira e o Hino Nacional. Este último, ao ser ouvido, despertava emoção que provocava um engasgo e o amor ao Brasil aflorava aos olhos e as gotas de orgulho e do sentimento indecifrável de ter nascido no mesmo lar, onde nasceu Tiradentes.
Servir aos interesses da Nação e trabalhar em prol de seu progresso e o bem estar de seu povo, fica bem traduzido nos ver­sos: "um filho teu não foge a luta". E acredito, ter sido inspi­rado nessa demonstração de coragem que muitos brasileiros, de outrora, se sacrificaram para que esta Nação fosse livre, soberana, forte e que ocupasse o lugar de destaque que lhe cabe no Planeta.
Infelizmente, esse Patriotismo, foi trocado pelo gozo do desfrute das mordomias que poder oferece, da corrupção que o man­do propicia, pelo enriquecimento ilícito e pelas indecências que diariamente a imprensa nos da conhecimento.
  Por essa qualidade de mentalidade que impera, nas cabeças e nos corações de nossos homens públicos, é que hoje, apesar de sermos uma das Nações de maior, se não, a maior potência em riquezas naturais, com imensuráveis jazidas de ouro, ferro, alumina, manganês, cobre, diamante, nióbio, petróleo e tantos outros, tudo aliado a extensos leitos de rios com potencialidades hidroelétricas, alem de sermos abençoados pelo Senhor, com a inexistência de terremo­tos, vulcões e de solos áridos, somos um País de povo pobre, que morre de fome e onde há miséria absoluta.
    Somos um País de dimensões continentais, mas, matamo-nos uns aos outros por um metro quadrado de solo, pois em muitas cabeças paraplégicas é muitos mais proveitoso pessoalmente especular com a terra, do que dela retirar o alimento para muitos.
Falam os homens do governo, quando o povo externa suas di­ficuldades que lhe invade os bolsos, em pessimismos. Mas, como torcer pe­lo time do otimismo,.quando o crédito em nossos representantes é deficitário (enquanto em Brasilia a Constituinte ainda discute o seu Regimento Interno, um mês só para isso, tinha constituinte que se deliciava com o desfile de Rainhas das Rainhas do Carnaval no Iate). Como acreditar numa possível verdade e "honesta promessa" se o império da mentira, da corrupção, da malversação, do ga­nho fácil, da falcatrua, da impunidade e ate mesmo da inconstitucionalidade se instalou entre nós e aboliu do normal, a seriedade, a honestidade e o amor a Pátria. Como acreditar nas Instituições, se os homens que a compõem não a levam a sério?
      Por isso, hoje, quando se ouve os aoordes do Hino Nacio­nal, aquele embargo ou engasgo e aperto na garganta desapareceram e em seu lugar aparece o mixto de vergonha e raiva. O Hino e a Bandeira, continuam os mais lindos do mundo, porém, os homens que os repre­sentam é que nos provocam esse asco e essa desagradável sensação de nos sabermos brasileiros.

      Qua se restabeleça a vergonha e a seriedade nesta Pátria Abençoada.
LÚCIO REIS.








Belém,Pa, em 29 de Dezembro de 1986.
LIBERDADE
A TV Liberal canal 7, recentemente nos mostrou a homenagem prestada aos Cabeludos de Liverpool, pela Royal Orquestra Filarmónica, que apresentou as canções daqueles jovens em excelentes arranjos.
Ao assistir o espetáoulo, muitos como eu, retornamos no tempo e chegamos a década de 60, quando a juventude mundial se deslocava em direção ao futuro e, de repente, oom o surgimento dos Beatles, tomou rapidamente um atalho, passando a trilhar pelo ramal que nos trouxe ao presente.
Assim como hoje, também ontem, os jovens cognominados de cabelos longos e idéias curtas, tinham como sonho maior a liberdade, mas naquela época, a liberdade pleiteada, era a de criticar e condenar as guerras, principalmente a do Vietnã, não aceitar pacificamente os grilhões da fome e da sede, de sonhar e imaginar oom um mundo dividido, onde cada um seria dono da fração que lhe fosse destinada nessa divisão, um mundo sem possessão em mãos de poucos, em fim um mundo fraterno.
A terra em seus movimentos de rotação e translação foi se aproximando do século XX, as influências de ontem foram sendo repassadas. Simultâneamente a febre dissiminada pela sociedade de consumo foi adqurindo novos contornos e avançando cada vez mais. A tecnologia moderna e os confortos por ela trazidos requisitaram maior poder aquisitivo e assim, muitos buscaram a fonte de renda rápida e a opção mais cômoda, foi o tráfico da droga.
Enquanto isso, o jovem um busca de seu espaço livre, deixou de receber a devida orientação. Seus pais se ocuparam, por uma questão circunstan­cial, em trabalhar mais, pois a crise econômica consequente da crise fabri­cada pela OPEP, exigia aumentar a renda familiar. Coincidentemente a mulher foi ganhando espaço e os frutos dos movimentos feministas foram sendo colhidos e com isso, ela passou mais à executiva do que mãe e doméstica. As escolas e Universidades, mergulharam em situações impróprias e incompatíveis com a sua finalidade, uma vez que os Poderes se preocuparam em destinar mais verba para o material bélico, para a mordomia e se "esqueceram" que a Educação e a Cultura, são pilares de aço do futuro de uma Nacão e de um povo.
E assim, infelizmente, o rapaz a moça, em busca da tão sonhada li­berdade, mas sem a presença por perto do pastor-mestre e da mão protetora bem como do coração orientador dos pais, acabou por cair em poder das cadeiaa do vicio, do tóxico e da prostituição, sem se preocupar nem um pouco sequer, com o direito do seu semelhante e, o que é pior sem respeito pela própria dignidade de ser humano e também com sua importante vida.
Lamentavelmente, a humanidade habitará, futuramente um Planeta de aprisionados pelas barras de ferro do tóxico e teleguiados pela seringa hipodérmica.
Lúcio Reis



Belém, PA, em 26 de Dezembro de 1986

FELIZ NATAL

A tradição de muitos séculos instituiu que o dia 25 de dezem­bro, data em que se comemora o nascimento do Messias, para os cristãos, que no mundo todo são a maioria, se coaduna perfeitamente para que o evento, por acontecer no final de cada ano sirva de momento de reflexão e análise de que verdadeiramente o objetivo ao qual o Salvador se propôs tenha alcançado o devido exito.

Se olharmos com olhos imparciais e o cérebro computando os fatos reais que se desenrolam no Planeta, chegamos a triste conclusão que a vinda de Jesus a terra, hoje em dia é acontecimento totalmente desvirtuado de sua finalidade resgatadora do pecado, para a atividade única e especula­dora do comércio e do ganho através da magnifica data.

Sabe-se por informações dos órgãos congregadores das empresas de comércio que a venda de cartões de natal alcançam quantidades numéricas assustadoras, como também se sabe que nenhum cartão prega a discórdia, a intriga, o ódio, a violência, pois então, como se explicar o grau de ira existente entra os homens, quando nesta época esses mesmos homens vivem se desejando felicidades? Logo, pode-se dizer, infelizmente, ser tudo falsidade.

Para ilustrar, presenciei dia 24 próximo, no trânsito, mais violento do que nunca, por volta das 12:00 h, um cidadão que irresponsavelmente trancava e freiava bruscamente seu chevette na frente do automóvel de uma senhora em plena Almt. Barroso, causando àquela motorista momentos de pânico e de tensão. Por certo, que esse mesmo cidadão, mais tarde deveria estar desejando alegrias e momentos de satisfação a outros seus semelhantes. Como ser isso verdadeiro, se anteriormente, esse mesmo Sr. foi causador de momentos de infelicidade e angustia a um ser igual a ele e, o que é pior, sem nenhuma causa que justifica-se o inconsequente ato.

Acredito que na rica do Sul, as mesmas mãos que assinam or­dens para execução sumaria de nossos irmãos de cor, são as mesmas que ace­nam falsamente com os votos de Feliz Natal!

Em outra parte do mundo, a cabeça que pensa no desejo de Boas Festas, é  a mesma que fomenta as guerras e guerrilhas, vendendo armas, assim  como é a mesma que fala de "Paz" e dispende milhões e milhões em gastos com arsenal atômico, enquanto milhões e milhões de crianças morrem sem ter uma migalha de pão para comer e um pedaço de trapo para se cobrir.

Portanto, o problema é que em todos os cartões de natal do comércio, o que lá está escrito saiu da cabeça do gráfico, que no momento em que escreveu, só pensava em faturar. E votos de felicidades, de muito amor, de muita paz, prosperidade e Feliz Ano Novo, têm que sair do fundo do coração, da alma, para aí sim, ter o valor a finalidade com a qual o Menino chegou até nós.
Lúcio Reis










O fato aqui narrado espelha como o cidadão brasileiro irresponsavelmente veio construindo a qualidade com que hoje o nosso País é adjetivado. Ou seja, marcamos passo, porque dispomos de uma materia prima de péssima qualidade e, depois de 27 anos ainda não melhoramos, praticamente nada! E como pode ser observado, sempre procuramos fazer o que nos compete como cidadão e jamais optando pela omissão.
Belém, do Pará, em 16 de maio de 1986
Ao llmo Sr
Diretor do Hospital dos Servidores do Estado
Av» Magalhães Barata
Nesta
Ilustríssimo Senhor
Em função das recentes recomendações do Exmo Sr Presidente da Re­pública e de seu Ministério da Saúde, para que fiscalizemos e denunciemos os senões dos serviços de saúde deste País, com o intuito de modifi­car para melhor o relacionamento entre pacientas e esse serviço, vimos por intermédio do presente e também com o fim de colaboração com essa Direção, relatar um lamentável incidente ocorrido entre este cidadão e a funcionaria, Sra Leida do Socorro, nome este que me foi informado pela Sra Maria do Céu ë confirmado pelo Sr. Vasconcelos, ambos também do Qua­dro Funcional desse Hospital, na presença da Sra Wilma, Secretária des­sa Direção:

- Em primeiro lugar, permita-me a apresentação: Sou F. Lúcio Nunes Reis, militar de profissão e portador do CPF 000000592-53 e CI 084817151-8, expedida pele Min. do Exército, residente e domiciliado nesta Capital, cujo telefone residencial é o 231-34-38:

- O Fato: As 07:00 horas do dia 16-05-86, dirige-me a esse Nosocômio, com o objetivo de apoiar moralmente um amigo que foi fazer uma con­sulta com o Dr. Ricardo, pneumologista, tendo em vista estar aquele paciente em seríssima dificuldade orgânica.

- Em ai chegando busquei informações no ambulatório, para descobrir onde era o consultório daquele especialista do aparelho respiratório, uma vez que meu amigo aí chegou primeiro do que eu. No Setor Central de aten­dimento administrativo ambulatorial, solicitei a um pequeno grupo de funcionarias que discorriam sobre amenidades, onde estava localizado o consultório do Dr Ricardo, ao que a funcionária Leida, que de costa para mim estava e assim permaneceu, diante de minha reiteração da pergunta, de clarou não conhecer nenhum Dr Ricardo, no que foi contestada por uma das colegas que participava do "bate-papo", a qual apos um pequeno cálculo sobre dia de consultas daquele médico, informou-me ser a última sala a esquerda, no fim do corredor, seu local de atendimento;

- Dirige-me ao local indicado. Lá deparei com a indicação fixada na porta: Administração. Estranhei ser uma sala de administração destinada à consultas. Para que não houvesse mal entendido e minha parte, retornei ao grupo funcional, para certificar-me de que ouvira a informação corretamente;

              - Interroguei ao grupo se lá, era mesmo, na sala de administração que o Dr Ricardo consultava seus pacientes, e não obtive resposta. Repeti a pergunta, debalde, não fui respondido. Tornei a formulá-la, e mais uma vez falei ao vento. Nesse ínterim uma Sra que ali estava, tam­bém, a procurar uma informação disse-me: "Sr. elas são assim mesmo, não nos dão a minha importância e além do mais são grosseiras e ignorantes. Estou aqui ha algum tempo perguntando, perguntando e ninguém me responde e nem tampouco me dá atenção;

- Diante dessa reclamação, toquei a funcionária Leida do Socorro, pois a mesma estava pelo lado de fora do balcão e, dirige-me diretamente à ela, repetindo pela quarta vez minha pergunta. Â mesma permaneceu de costas para mim e a cabeça um pouco virada em minha direção, se dignou estúpida e mal educadamente a me dizer: "O Sr. quer que eu lhe pegue pelo braço e o leve até lá?" (Compreende-se a raiva da funcionária. Eu atrapalhava sua conversa alheia a Repartição com as demais colegas}. Aí retru­quei, dizendo-lhe, que aquilo não eram modos de uma funcionária se diri­gir às pessoas que procuravam essa Casa de Saúde e que a mesma deveria ser, pelo menos, educada no trato com os outros. Perguntei ainda, se ela pensava que estava falando com qualquer um? No que a mesma me respondeu: "Não me interessa quem é o Sr?" Foi quando lhe disse: "Não sou ninguém mesmo, a não ser um cidadão como um outro qualquer, que tem direito a ser bem tratado; pois o "qualquer um" da interrogação acima, me referia, não no sentido pejorativo aos seres humanos mais humildes, mas os "qualquer um" que não sabem quais seus direitos e nem como pugnar pelos mesmos.

- Em contra partida a Sra Leida me assacou a classificação de ser eu uma cavalo (textualmente). Em vista disso, retornei a ela a ofensa, dizendo, eufemisticamente, que o lugar dela não era ali e sim numa estrabaria. E em seguida retornei ao final do corredor. Enquanto me distanciava, ainda ouviu a referida funcionaria se referi ofensivamente a minha genitora, tornando seu comportamento incompatível até então , em ofensa moral a minha pessoa e a de minha mãe.

- Ao procurar essa Direção para a devida denuncia e conseguir o nome da aludida funcionária, pois pretendo tomar providencias policiais e judiciais em relação ao agravo moral, o que farei apôs as providenci­as administrativas que forem tomadas; por um dever de justiça, devo ressaltar e aqui registrar, o alto nível de educação, o sentimento de responsabilidade funcional, a polidez e atenção que me foram mostrados e dispensados pela Sra Wilma, Secretária desse Diretor, o que, pelo menos, como consolo, serve para que entendamos que nem tudo é joio e o que o trigo não deve ser nivelado pela erva danina, assim como o todo deva ser preservado dos malefícios dos caracteres e personalidades funcionais indignas que enlameiam a categoria funcional do estado.

- Seguindo orientação do Sr Vasconcelos do Setor de Pessoal, retornei aquele ambulatório, a fim de arrolar uma testemunha do caso. Procurei a Sra que me dissera estar alí em busca de informação. Felizmente, ainda, a encontrei. Trata-se da Sra Vera Lúcia Nascimento Nobre, residente à Rua 2ª de Queluz nº 2730. Solicitei que a mesma me acompanhasse à presença da Sra Wilma, no que ela assentiu. Em frente aquela Secretária, a Sra Vera Lúcia, ratificou minha verão e ainda acrescentou o seguinte tópico, o qual eu não havia escutado: “Disse que a funcionária Leida, ameaçou-me de agressão física, no que uma de suas colegas, fez a observação: “queres ser demitida?” O que a funcionaria Leida respondeu: Não quero nem saber, já estou mesmo para sair!

E função do supra exposto, solicito as devidas providencias dessa Direção, no sentido de apurar e evitar que fatos dessa natureza tornem a acontecer e que lamentavelmente e infelizmente depõem e denegrem a imagem do Estado.
Atenciosamente
F Lúcio N Reis





Belém, Pa, em 30 da abril da 1986
lImo Sr
Clóvis Meira
Trav. Benjamin Constant 1571
MESTA
Prezado Senhor
Li, como normalmente o faço, sua crônica, cujo título é Intro­dução à Política Brasileira, tornada público em "O Liberal” de 20.04 do corrente ano.

                Como pincei nas entre linhas da mesma o sentimento de democra­cia em vossa personalidade, quando V. Sª, registra o respeito pelas idéias do Frei Beto, e todavia, tambem condena a compulsoriedade as mesmas em serem ministradas em salas de aulas, a alunos com cabeças ainda em formação, ima­culadas e puros  pensamentos, optei, mesmo que tardiamente, democráticamente, também, em lhe redigir a presente, não com o intuito de critica,  de condenação, de insatisfação ou da qualquer objetivo contrario, mas sim, de na qualidade de jovem leitor, pois naquele domingo mesmo, mudava os meus 37, para os 38 anos de agora, tecer alguns comentários em relação ao tema abor­dado por esse cronista.

                 De antemão devo lhe informar, não ter tido, ainda, a oportunidade­ de ler Frei Beto, mas, acredito que seu artigo jornalístico espelha claramente a essência do livro, por isso argumentaria com V. Sá., o seguin­te: 
            
                   - Será que a nossa juventude, na qual se incluem o casal de filhos que possuo, não estaria fragilizada e totalmente debilitada frente as constantes a até mesmo já normais, tal o grau de assiduidade, de atitudes, ações e procedimentos inescrupulosos, sem o mínimo resquício da austeridade, de seriedade, de moralidade, que são praticados por nossos homens públicos?

               - Sara que inteligentemente o Frei Beto, vislumbrou esse lamentável vão e resolveu, comercialmente, faturar em cima da oportunidade?

- Sabe-se, e isso aprendemos com o que é praticado no decorrer desses anos: os políticos em campanhas pre-eleitorais se engalfinham ao ex­tremo do desforço físico, com o objetivo de galgar o poder, prometendo sem­pre fazer ou transformar a terra num paraíso, porem, quando la estão, a decepção é uma só para o pobre eleitor e cidadão, que vê o sabidão, muitas das vezes, sem nenhuma diferenciação oriunda de um banco escolar, embolsar mensalmente um considerável salário e o que é pior, muitas das vezes sem ter comparecido ao local de trabalho, ao passo que o infeliz assalariado é passivo do perder todo o seu dia do labuta, se chegar atrasado para marcar seu ponto, mesmo que esse atraso tenha sido provocado por um sistema deficitário de transporte coletivo, de responsabilidade inerente ao Estado.

- Será que não estaria se generalizando um sentimento de revolta no seio das camadas sociais menos aquinhoadas, em função das diárias agressões de que
somos vitimas pelos veículos chapas brancas,ditos oficias, mas, que se prestam aos serviços domésticos,  e agora, alguns disfarçados por uma chapa amarela e fria, trafegando com combustível,  motorista,  manutenção a até mesmo o próprio automóvel em balneários em dia não úteis,  ou em dias úteis conduzindo pessoas estranhas a repartição ou ao órgão publico,  tudo custeado pelo mesmo cidadão que se comprime dentro de um coletivo?

- Sera que essa indignação e revolta, não estaria concretizada nas escolhas que temos visto, tal como: Mario Juruna, Agnaldo Timoteo, no ambito federal e no local: o jogador Neves em legislatura passada e hoje, como os Srs Adamor Filho, Eloy Santos, Mesquita a tantos outros que são a concretização da inoperância, da inutilidade, da incompetência e personificação dos nivelamentos rales e rasteiros?
 - Ve-se os homens públicos e nossos representantes (?) jogaram-se reciprocamente toneladas de lama da traição, da desonestidade da imoralidade e depois irem se banhar nas águas das coligações, dos conchavos e acertos, visando a vaca das tetas de ouro, o poder.E as virtudes, a ética, o amor próprio e respeito por sí próprios, isso não faz parte mais do século XX?

              Sera que diante da tanta sujeira e imoralidade em termos de corrupção, malversação do erário e diretamente proporcional  a impunidade que campeia,  não estaria havendo uma total   invarsão dos valores?

Portanto,  Sr.   Clovis Meira,   ao saber-se que na prática,   a teo­ria é totalmente ao contrario e que o exemplo tem grande poder de  influência na formação do jovem e   isso se tem comprovado estatisticamente,  quando se sabe que os casos de toxicômanos,  marginais e elementos à  margem da lei são fruto de um  lar desajustado,   onde os pais são um Reagan  e um Khadafi da atualidade,  não estaria nosso futuro comprometido,  por ter a Mãe Pátria hoje,que ver seus filhos testemunharem diariamente o arbítrio,   a indecência, o roubo o furto,  o adultério e o homicídio,   a corrupção e os escândalos,  tudo sob a complacência e o beneplácito da Justiça?

V.  Sa.   pode até  interpretar-me comoo um augorento pessimista,  democraticamente é um direito seu,  que respeito,  mas,  democraticamente é um direito meu analisar a concluir sob a luz de tudo isso,   como a realidade e os fatos que  nos rodeiam.   Pois  vivemos numa sociedade que presenteia e beneficia o erro e castiga o honesto.

Poderemos mudar?
Cordialmente
LÚCIO REIS




Belém, Pa, em 21 de março de 1986

SOLIDARIEDADE

            Acompanhamos no inicio desta sexta-feira, dia 21, um pobre desesperançado jovem, tentar exterminar sua vida, se atirando no espaço livre do alto do Ed. Palácio do Radio, numa ensolarada e bonita manha de sol, o qual Deus fez raiar, também, sobre aquele coitado, mas Seu filho.

Os comentários que se ouvem entre os assistentes, nos dão entender e nos mostram o tamanho da dimensão da razão de vivermos num clima tenso de violência e de falta de respeito e assim, de guerra entre os homens.

Enquanto muitos, angustiados e aflitos pediam para que o desespera­do não levasse a bom termo o gesto tresloucado,  acenando com o dedo e com a mão, dizendo e pedindo não, muitos outros aproveitavam a situação e o clima para pilhérias jocosas, tais como: palhaço! se joga logo; ele está aí desde às 07:00 horas e não acaba logo com isso. Como que se dispor de um dom tão precioso, senão o mais precioso que recebemos de Deus, a vida, fosse assunto tão banal, que se resolvesse em fraçao de segundos, pois se assim fosse, equipes médicas, não ficavam as vezes, ate mais de 12 horas ininterruptas para salvar uma vida.

Mas, entende-se esses sado masoquistas da vida alheia. Enquanto aquele inconformado precisou subir ao topo de um prédio para tentar acabar com sua vida, aqueles, que brincavam e vaiavam seu sofrimento, não precisaram nem subir a lugar algum para o suicídio, simplesmente porque já estão mortos, pois a insensibilidade é característica dos seres inanimados.

Fala-se muito do fechamento dos manicomios e do trânsito entre nós daqueles que ali estavam internados. Já presenciamos os doentes» pelo me­nos, assim declarados, deambulando totalmente despidos pelas vias publicas e, nas calçadas, nos carros, os declarados sãos a zombarem e rirem com o estado daquele pobre ser. Será que,aquele que encontra e vê algo de engraçado na desgraça e desdita do semelhante, não é mais doente e mais débil mental do que aquele, que não tem o pudor de andar, já em idade adulta, como veio para o mundo?

No episódio recente, assim como nos outros, louvores e aplausos aos homens do fogo, os bombeiros corajosos e destemidos, herois como sempre, que mesmo sem o devido aparelhamento e equipamento, foram lá e resgataram para o seio da família daquele rapaz, sua vida. Só esse gesto de salvar uma vida, mesmo que isolado, já justifica a existência da Corporação, que Deus os proteja!

Por fim, a esse jovem, que tentou antecipar sua partida, viu quantos ainda têm sentimento de solidariedade? Seja você de hoje em diante, mesmo sem emprego, ou sabe lá que problema, mais um guerreiro da paz e da disseminação da concordia e do amor. Vale a pena!

A vida por si só já é um excelente presente e uma maravilhosa dádiva dos Céus. Vamos vivê-la e desfrutá-la, é bom demais.

Lúcio Reis











Belém,Pa, em 21 de Fevereiro de 1986

Publicada no Jornal O Liberal, edição de 26/02/1986

ROQUE SANTEIRO  
                
O brasileiro telespectador viu culminar neste final de semana, mais uma obra de arte do escritor Dias Gomes, Roque Santeiro.

As opiniões divergiram em função do final e destino que o autor deu aos seus personagens e, uma grande maioria gostaria de ter visto nesse final o poderio econômico atras das grades, o Chico Malta, e que a viuva não terminasse ao lado dele e sim, do santo, que o foi sem ter morrido.

Entende-se esse desejo do telespectador, porque ele reflete a aspiração e vontade íntima de que todos nos somos possuídos, de vermos tranca­fiados todos os corruptos, os safados e péssimos filhos desta Pátria, que diariamente estão nos aviltando e nos subtraindo em nossos direitos e nos esmagando cada vez mais.

A arte, no meu entender, não tem a função de mudar e nem tampouco o poder de traçar o rumo dos acontecimentos de um povo. Ela pode, isso sim, denunciar, criticar, sugerir e questionar o que se passa numa sociedade e,até mesmo estimular a saida e mostrar a luz no final do túnel. E isto tudo Roque Santeiro o fez muito bem:

- Denunciou a exploração econômica e financeira do mito religioso, que suga, usa e abusa do sub-desenvolvimento e da ignorância da massa, que não questiona e simplesmente cede ao jogo e acata, até mesmo um mito fabricado e forjado nos interesses do lucro fácil. O Roque não se equivaleria, o da ficção, como se ve. Cícero, a uma N. Sra. Aparecida ou a uma M. Senhora de Nazaré e tantos outros que existem nesta Asa - Brasil - Branca? Já pensou se um escritor, um teatrologo, em fim um artista, resolvesse mesmo em fan­tasia extinguir uma dessas nossas tradições?  

- Denunciou os bastidores da tramitação de um inquérito policial, pressionado e comprometido pelo poder econômico; 

- Denunciou o atrelanento nocivo da Justiça e da Segurança Publica, com os poderosos e “manda-chuva” da Cidade;

- Denunciou o tráfico de influência politica em termos de esquadrão da morte no sentido de extinguir o cidadão que incomoda os interesses po­líticos de alguém, mui especialmente quando os degraus de alcance do poder podem ser destruídos;

- Denunciou o uso e o abuso do poder, onde o governante e seus fami­liares se locupletam e assim exploram até a última gota o que o cargo pode oferecer;
- Denunciou que por trás do governante, há o que realmente governa e senta no poder e que aquele ê simplesmente um ventríloco;

- Denunciou e questionou a violentação e estupidez que é o celibato. Uma pratica totalmente contrário as determinações Naturais que o ser humano e a espécie tem a cumprir neste Planeta;

- Nos mostrou o conflito e choque de ideias, entre a ala progressista do Clero – Teologia da Libertação e da Opção pelos Pobres – e ela conservadora;

- Denunciou e mostrou quão difícil fica, para que um Lourival Prata, o Promotor da gravata borboleta, homem probo e conscio de seu dever e acima de tudo com coragem para fazer cumprir as leis e indicou ainda, que brasileiros desse quilate já estão praticamente em total extinção;

- Denunciou a aparência falsa que reveste muitas vidas conjugais, nas quais os interesses comerciais e funcionais sobrepujam o convívio e os entendimentos do lar e assim fica valendo as aparências sociais em detrimento dos verdadeiros objetivos da célula da sociedade.Portanto, as denuncias foram feitas. Em função delas o povo já sabe o que quer. O fim da novela ficou por conta do Dias Goes, porém, o nosso a nós compete fazê-lo a maneira que melhor nos satisfaça.

Em novembro vindouro, já poderemos dar o primeiro passo no sentido dessa mudança. Saibamos escolher aqueles que reunam critérios morais e qualaidfades de honradez e justiça, suficenes para fazerem nossa Carta Magna. Se os candidatos que surgirem não acumularem esses requisitos, digamos não a eles, até que surjam postulantes descompromissados com qualquer classe ou categoria e que tenham, somente deveres com o bem estar e visem o melhor para a coletividade e que não legislem unicamente em causa própria.


Lúcio Reis

Amanhã dia 03 de fevereiro, é uma data especial, pois foi quando aqui chegou Dario Cardoso da Silva e que, por alguns anos, privei de sua amizade e sem dúvida, por meio dessa relação colhi e ele me presenteou com dádivas que se tornaram muitíssimo relevantes na minha vida. A matéria abaixo, escrevi a quando de sua partida, foi publicada no Jornal O Liberal e que, - mas antecipei sua publicação aqui por razão especial -,  ainda hoje, em alguns momentos trazem e produzem uma indisfarçável saudade. A ilustração, ele e a Rosi, sua esposa, foi tomada em Foz de Igauçú num passeio que lá fizemos há algumas décadas. Meu amigo Dario, que saudade! 


Belem,Pa, em 02 de Abril de 1990

HOMENAGEM

Caro amigo.
Estamos enxugando as lágrimas, derramadas pela saudade que já sentimos com a ausência do teu jeito jovem, mesmo aos 64 anos, das piadas com "mise-en-scéne" e provérbios nas horas certas, tudo abrilhantado com tua extroversão e gratificante pela tua amizade sincera.

Da solidez de teu caracter, de sua espontaneidade, forjado desde os 12 anos, quando fostes apresentado ao mundo e a vida, sem apa-­drinhamento e sem pistolão, assim que D. Assunção partiu e a quem fizestes teu anjo da guarda, na dura caminhada da vida, colhemos muitos ensinamentos e várias lições apreendemos.
Tua extensa prole, aquele que quiz, titulastes doutor, sem jamais o seres, pois o tempo disponível, desde a madrugada, era todo destinado ao trabalho e à batalha árdua da sobrevivência, uma vez que os garotos colocava-os em primeiro lugar.
Com o tino administrativo nato, a perspicácia, com a retidão no trato dos negócios, construístes o que muitos não tiveram e não tem a felicidade de fazê-lo.
Alcançastes o patamar, que hoje, muitos diplomas, infelizmente não conseguem, é a vida.
Fico me perguntado a que degraus estarias, se ao invés da Universidade da vida, tivesses, além dela, frequentado bancos escolares?
Teus amigos são muitos, vistes? O pessoal do CRECI, o pessoal do matadouro, dentre outros. Só os bons tem amigos.
A sensação do dever cumprido é um fato concreto. Os teus, com certeza tem orgulho de ti. Eu a felicidade de ter sido inserido no rol dos teus amigos. Portanto, caro amigo Dario Cardoso da Silva, descansa em paz e fica tranquilo ao lado do teu Anjo da Guarda, para sempré e sob o manto protetor do Senhor.
LÚCIO REIS






Belem,Pa, em 27 de Janeiro de 1986 
     
FILME PROIBIDO
Com a primeira proibição, foi que tudo começou e em consequência dela é que chegamos até aqui. Portanto, foi a partir de uma censura que a nature­za criou a explosão demográfica, como acontece na China e em outros países.
Ocorreu-me essa lembrança ao ler a crónica do excelente e, leitura do­minical obrigatória que é o respeitável Emir Bemerguy, que trouxe nesse domingo o  título “Eu te saúdo Maria!", que teve como tema de abordagem o fil­me francês "Je Vous salue, Marie”, no que concerne a sua lliberação para exi­bição no circuito comercial do cinema nacional.
Em função do acima, resolvi ousar em emitir uma opinião a respeito, tomando como base argumental certos fatos que são uma dura e cruel realidade , por um lado, e por outro obvia consequência, ambas muito comuns neste País.
Sabe-se que de 81 à 85 os cinemas diminuíram em quantidade de 2.365 para 1.553, logo uma média de 162,4 por ano, de conformidade com a coluna do Giba Um, neste Jornal, tudo em consequência da ação ca televisão e dos vide­ocassetes. Eu arriscaria acrescentar, sem medo de errar, que se pode somar às causas dos fechamentos progressivos das salas de projeção, o baixíssimo nível das películas que são levadas ao público e, o que é pior, por preços proibitivos, fazendo com que a grande maioria esteja funcionando contábilmente no vermelho.
Toma-se ccnhecimento tarobém, que o consumo de tóxico, cresce na proporção direta das campanhas anti-tóxico, ou seja: quanto mais se fala que é proibido, que faz mal e é prejudicial em todos os sentidos, mas se desperta o interesse, pois parece que a espécie humana, tem um gosto e curiosidade mór­bida pelo que é censurado e proibido,
Acredita—se, outrossim, que toda família estruturada sôbre o alicerse da fé em Deus, do respeito pêlos direitos do seu semelhante, de trabalho ho­nesto e, principalmente do respeito de si própria, fatalmente terá em seu dia a dia o amor e por conseguinte a educação e orientação à sua prole será feita dentro desses principios, o que sem dúvida, nos faz crer e afirmar que essa família, independente de nível sócio, econômico, financeiro, não tem e não terá problemas de testemunharem o envolvimento de seus filhos com tóxico ou que venha a arranhar diapositivos legais. As exceçoes são um caso a parte.
E assira, compete a Mae Igreja, orientar e conduzir seus filhos no sen­tido do amor a Jesus Cristo e ao apego nos exemplos de respeito dos limites do irmão e mui especialmente o reverenciamento àquela que foi escolhida para dar a luz a Deus, para que se fizesse Homem da Redenção Humana e salvação do homem.
Dentro desse clima, ninguem vai querer ir ao cinema para ver a memória e a vida terrena da Mãe de Jesus, vilipendiada por um francês que resolveu faturar comercialmente em cima da distorção de uma temática séria e limpa, através de sétima arte.
Se a fita vier para dentro de nossos lares via canal de TV, nem isso será motivo de pânico, pois quando não se quer ver porcaria, desliga-se o aparelho. Lmbram-se que recentemente durante meia hora, muitos brasileiros desligavam seus receptores de radio e televisão, uma vez que nesses 30 minutos as emissoras, compulsoriamente levavam ao ar, salvo algum candidato, um palavreado rasteiro e de péssima qualidade, que agredia e incomodava os tímpanos e as retinas do cidadão interessado em assuntos sérios e temas positivos para o engrandecimento desta Nação. Era a campanha às prefeitruas.
Quando a tesoura da censura ficou cega, viu-se, como até hoje se vê, a exploração indecnete do sexo explicito. Recordam-se a “obra de arte” Império dos Sentidos, que não passava de uma revistinha dinamarquesa nas telas. Mesmo assim, muitas casas de apresentação da invenção dos irmãos franceses Lumière, não foram salvas. Fecharam. E muitoas vão fechar, ainda.
Louve-se Emir Bemerguy e seu emocionado desagravo.
Entende-se também, que aquele que se dispuser a pagar para ir ver tal filme, fatalmente há muito tempo não ouve a palavra de Deus e obviamente, num tribunal, se fosse chamado a escolher entre Jesus e um desses Barrabás do século XX, certamente escolheira o malfeitor.
Portanto, não se faça o jogo deles. Quanto maios se dissser que é proibido, mais se despertará o interesse, mais a bilheteria renderá, e assim apenas se retardará o tempo que muitas outras salas encerrarão suas portas.
Lúcio Reis





Belém, Pa, em 21 de Janeiro de 1986

VIOLÊNCIA

Lí a entrevista que esse Matutino – O Liberal – trouxe em sua edição de domingo dia 19, que teve como figura central o menor Paulinho, que já carrega em sua consciência noturna o grande peso do remorso de ter ousado arrancar o sopro da vida daqueles dois seres, que não contribuíram em nada para que ele chegasse ao estágio no qual se encontra. Assim como li a carta assinada pelas Sras. Odete Pinto da Silveira e Maria do Socorro Tavares de Souza, que justificadamente extravasam sua revolta, principalmente por passarem a sentir na pele a mesma revolta que vai na cabeça de todo cidadão que se preocupa em observar os fatos que se desenrolam nesta Cidade e até mesmo neste País.

O ponto alto da reportagem se resume, em que o protagonista da entrevista é a febre, o efeito, da infecção que já desde alguns anos vem corroendo e apodrecendo os valores morais, sociais, religiosos, políticos, econômicos, financeiros e judiciais desta Terra.

Vive-se e respira-se um clima tenso de violência. É como que se tivéssemos voltado no tempo e, tanto do asfalto quanto do alagado da baixada, se levantasse constantemente a poeria do velho oeste, onde o cidadão ou mata para não morrer ou morre se não matar.

Chegou-se ou retornou-se a esse clima de bang-bang simplesmente por que estamos alcançando o ano 2000? Creio que não! O porquê é sem dúvida alguma a inversão e as anomalias que são praticadas pelas pessoas, que na maioria das vezes estão nas posições funcionais indevidas e, em franca incoerência com suas personalidades e formações morais.

Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Biarque, Dias Gomes, Jô Soares, Chico Anisio, entre outros, através da arte, têm denunciado, criticado e questionado as causas que nos afundam cada vez mais nesse pantanal de imoralidades e nessa areia movediça que gradualmente faz desaparecer nossos reais valores de vida. É como que se a célula da sociedade, a família,  estivesse num avassalador processo de autofagia.

Para ilustrarmos nossas conclusões, frutos da observação de um  simples cidadão, enumeremos alguns fatos do dia a dia:

- Hoje temos um mártir da inconfidência, em consequência da exorbitância em cobrança de impostos. E estes hoje, quantos mártires já não produziram? E quantos cobradores de impostos estão hoje numa situação privilegiada?

- A igreja passou a se preocupar em minar os regimes e sistemas políticos, fez opção pelos pobres, que cada vez mais ficam mais pobres e ela cada vez mais rica – já viram a imponência daquele templo na 14 de março com a Av Governador  José Malcher – e cada vez menos se lembrar de falar dos verdadeiros valores espirituais que Deus nos trouxe e mostrou por intermédio de Jesus Cristo.

- Teoricamente, independente de credo, cor, raça, somos todos iguais perante a lei, mas, “dinheirocamente”, só vai para a cadeia ou recebe os rigores da lei o pobre. Alguem poderia responder o que aconteceu àquele legislador, detido por envolvimento com falsificação de dólares? Com aquele motorista que dirigindo  uma Brasília pela Rod Augusto Montenegro, em feriado prolongado de fim de semana ceifou a vida de um casal de jovens, além da vida de duas inocentes crianças, que compunham sua prole? As fraudes previdenciárias somam bilhões e, será que, pelo menos já engaoilaram 100 corruptos fraudadores? Os trens, os fuscas e os carroceis da alegria estão aí mesmo. E os condutores ou fabricantes desses veículos movidos pelo sacrifício social de quase todos, que lhes aconteceu? Nada! Estão achando graça da nossa desgraça: E o pessoal da mandioca, da Coroa, do COMID, da Delfim, da etc...etc...? Resposta estão todos impunes.

Pois bem, ais aí a razão principal de tanta violência, a IMPUNIDADE.

É impune o empregador que escraviza e explora o empregado ou lhe paga um mísero salário; é impune o empregado relapso, mentiroso, vagabundo e desonesto, que vai à Justiça Trabalhista e ainda leva vantagens sobre a Empresa; é impune o motorista que não obedece as elementares leis do trânsito, mata reincide e fica por isso mesmo; é impune o pai ou a mãe de família que tira seu filho da escola, mando-o para as ruas pedir esmolas e ficam em casa numa eterna malandragem, as vezes até usando esse tempo preguizoso para o etilismo ou para jogos de azar; são impunes aqueles que agridem o cidadão comum nas vias públicas, trafegando dentro de um veículo chapa branca, com ar condicionado, custeado por aquele pobre homem chefe de família que se desloca como sardinha em lata dentro de um coletivo; são impunes aqueles que recebem estipêndio sem comparecerem ao local de trabalho; são impunes aqueles passageiros dos veículos da alegria, alavancas de sustentação de cargos eletivos e que se transformam em fantasmas, não sabendo qual suas salas de trabalho. E por aí afora...Seria necessário este Jornal inteiro e muitas edições para enumerar todas as indecências.

Diante de tanta impunidade, de tanta agressão, de tanta sem vergonhice, só resta à sociedade, por uma questão de natureza, reagir. E a toda agressão corresponde uma reação de igual ou maior intensidade. Por isso, basta punir o fora da lei, independente de qualquer posição ou situação e tudo estará resolvido, sem que seja preciso a pena de morte.

Lúcio Reis






Belém, Pa, em 18 de Janeiro de 1986



Publicada no Jornal O Liberal, edição de 21/01/1986 - Coluna Cartas.

  

COISAS ESTRANHAS


 Quando no inicio da década de 40, Fleming e Florey, descobriram a penicilina, de largo uso na medicina, no combate as infecções, se tornaram credores da gratidão da humanidade, pois contribuíram para que a ciência saltasse importantes degraus adiante, eliminando a causa mortis por muitos males, até então invencíveis, como a tuberculose, por exemplo.


Já se passaram mais de quatro décadas e muita coisa evoluiu, tanto aqui no Brasil quanto no resto do mundo. Já se fala em computador de 5ª geração, aquele que raciocinará, se transplanta órgãos vitais e até o coração é substituído por um artificial, e daí por diante.


Porém, aqui no nosso País, as evoluções são estranhas, as situações parecem que estagnaram no inicio de 1900, porquê? Fácil! Observemos os fatos que acontecem neste “Continente Verde Amarelo”, que comporta, pelo que se deduz do desempenho e atitudes dos homens “responsáveis” por esta Nação, composta de 130 milhões de "imbecis":


- Quando, em muitos outros locais se extrai a energia elétrica do urânio, aqui se padece ainda do problema de racionamento de eletricidade, mesmo a despeito de possuirmos a maior hidroelétrica do mundo, tendo até de alterarmos nosso fuso horário;


- Que não se resolva o problema de seca no Nordeste, é compreensível, pois se os nossos irmãos “cabeça-chata” passarem a dispor de água abundante, uma das 1ª consequências será a extinção da SUDENE e assim se abatera a “galinha dos ovos de ouro”; Porém, termos a safra de grãos prejudicada, exatamente na Região Sul e Sudeste, consideradas a alavanca propulsora desta Nação, por feito da longa estiagem, é muito estranho, ou será que no solo de lá não há lençol freático ou artesiano?


- Não é estranho que tenhamos que pagar CR$130.000 por um Kg de café, depois de termos sido o maior exportador desse grão?


-Não é estranho que depois de determos o título de tricampeões no México do futebol mundial, tenhamos hoje uma seleção influenciada por um esquema político deteriorante e que fatalmente não nos colocará na posição que nos é devida na Copa que se aproxima?


- Não é estranho que sejamos um família que possui um “porta-jóia” repleto de ouro, alumínio, ferro, cobre, diamantes, manganês e etc... e, sejamos também a família que detém a maior divida do mundo e que nos leva todo o superávit de nossa balança comercial?


- Não é estranho que a nossa maior esperança de um Brasil melhor para nós, nascida naquele Homem oriundo de São João Del Rey, a mesma cidade de Tiradentes, tenha sido eliminada no 1º quadrimestre de 85, exatamente por septicemia, presença de bactérias patogênicas no sangue, apesar da disponibilidade de todos os recursos e independente do INSS e, depois de tantos avanços desde a descoberta de Fleming? Pois é! Em pleno final do século XX perdemos um Presidente para bactérias.


Pois bem! Já sabíamos sermos um povo “coitado”, pois sentimos isso em todos os sentidos, quer como contribuinte, como consumidor, como assalariado, como desempregado, como menor abandonado, mas divertido. Porém, agora, está decretado. O instrumento do coito, que disfarçadamente aparecia com as iniciais INPC, agora foi mostrado as claras, é o IPCA. Observou bem as letras? Não é? Faça uma pequena permuta.


Já não seria tempo de nos ser dado algum motivo de termos gratidão por nossos dirigentes?



Lúcio Reis




 

 A correspondência a seguir enderecei a um professor que participou da vida escolar de meus filhos e, por ter visto nele um cidadão útil a formação das crianças, fiz o registro abaixo:


Belém do Pará, em 23 de Novembro de 1985

Ilmo Sr

Professor Wilson Schenfel

MD.Diretor do Instituto Adventista Grão Pará

Rua Barão do Triunfo

Nesta



Prezado Senhor



Tomei conhecimento através de meus filhos Edmundo Lúcio e Hellen Patrícia Flores Reis, respectivamente da 7ª e 5ª série do 1º grau, desse Estabelecimento de Ensino, do lamentável incidente que envolveu essa Direção, o cidadão e chefe de família, por ocasião de uma competição esportiva com o Olímpus Vestibulares.



As circunstância e fatos que levaram esse cidadão, e aqui vale ressaltar e distinguir entre as três situações: a de Diretor de Colégio, de cidadão e de chefe de família. Obrigaram-me, por um dever de honra e até mesmo de agradecimento e reconhecimento, em face de que meus dois únicos filhos já estarem sob os cuidados e responsabilidade dessa Escola, isto há alguns anos, não havendo, até o momento nenhuma restrição a registrar, quanto a educação e orientação que vêm sendo dada à minha prole.



Soube-se que como Diretor, V. Sa., se houve muito bem, intervindo para arrefecer e apaziguar os ânimos, próprios de uma disputa entre jovens, principalmente de uma juventude sadia.



É preceito bíblico, ser obrigação e dever, além de um direito do cidadão e chefe de família, de proteger a célula mater da sociedade por ele constituída através dos laços indissolúveis do matrimônio, quer no que tange a alimentação, a educação, a saúde, a moradia, o vestuário e até mesmo das possíveis agressões físicas que porventura possam a vir acontecer, principalmente quando estas partam de vândalos, pois, acredita-se que índoles dessa espécie se infiltrem no meio estudantil e aproveitem o ardor de uma competição desportiva para darem vazão aos seus instintos de desrespeito e invasão dos limites do direito de seu semelhante, do que sem dúvida alguma, foi vitima esse cidadão.



Em virtude das considerações acima, vimos por intermédio da presente e, de livre e espontânea vontade, hipotecar, em nosso nome e de nossa família, nossa irrestrita solidariedade a esse Diretor e cidadão, fazendo votos que a quem competir julgar a atitude desse Chefe de Família, que o faça de maneira imparcial e até mesmo, transferindo-se para sua posição, ao ver sua família, vitima de uma irresponsável agressão.



Conforme informação de meus filhos, devo registrar que do mesmo espirito de solidariedade que nos invadiu, comungam todo o corpo discente desse Estabelecimento e até mesmo os pais dos outros alunos.



Na oportunidade reiteramos nossos protestos de consideração e apreço.


Atenciosamente


Lúcio Reis



Belém do Pará, em 21 de Outubro de 1985

TRÂNSITO



Na edição de domingo 20 de outubro, esse Matutino traz a reportagem sob a manchete "Trânsito, o maior assassino de Belém: 249 mortos em 85".



Apesar de já termos, na qualidade de cidadão, por benevolência dessa Coluna, nos pronunciarmos a respeito, além de já termos ouvido e visto conferências referentes ao tema, sem que nada de concreto e positivo, pelo menos fosse semeado, pois as estatísticas dos órgãos responsáveis revelam exatamente o crescimento do efeito contrário, ou seja: óbitos e danos materiais, tivemos o ímpeto de calarmo-nos. Todavia, a omissão não se coaduna com o nosso caráter, por isso teimosamente opinamos em manifestarmo-nos uma uma vez.



Recentemente, viu-se o governo, através do DETRAN implantar a faixa única para o tráfego de coletivos, como testemunhamos o próprio diretor daquele Órgão de Trânsito, fiscalizar o esquema recém-implantado. E hoje? Verificou-se que o erário empregado, foi em vão, pois o objetivo foi jogado para os ares, os onibus trafegam como se fossem carros particulares de passeio, ultrapassando os que estão naquela faixa, deixando o pobre usuário de braço estendido nas paradas, portanto, não cumprindo a finalidade de sua saída às ruas, ou seja: transporte coletivo.



Temos quase que certeza, que se verificarmos as estatísticas, constataremos que o maior percentual de acidentes envolve os carros de aluguel, pois estes, na afã de melhor renda e disputa de um passageiro, param em qualquer lugar, quer seja no meio da um via de trânsito intenso, na curva de uma esquina, em cima da faixa de pedestre ou "cortando" a frente de um outro veículo, precipitada e irresponsavelmente, sem contar nos avanços de sinais e de preferenciais.



Caso venhamos buscar os locais de balburdia no trânsito, os encontraremos fácil e diariamente. Basta trafegarmos nas ruas, onde há colégio frequentado pela classe média-alta, você constatará os desrespeitos desde os pais de alunos até aos mestres. E de que maneira? Tanto aqueles, como estes e os discípulos que possuem carro, não tomam conhecimento de uma das mais elementares regras: parar no meio-fio. Eles fazem fila tripla, quádrupla, quantas forem possível, a começar de ambas as margens da via, cito, sempre diante das vistas de um ou mais guarda de trânsito.



Avanço de sinal, fixa de pedestre - que são pálidas - e de preferencial, é tão comum, inclusive pelos chapas brancas (Fusca Of 1428, como exemplo), que se tem a nítida ideia de que obedece-las é que é errado.



Estacionamento na área comercial, na maioria dos locais era proibido, mas agora, pagando não o é. A Ação Social é válida, porém, não deixar opção para quem não quer com ela cooperar, pois já somos obrigados à uma carga 

tributária intensa, não me parece muito democrático. Essa insatisfação, nota-se pelas vagas que sobram tanto na faixa azul, quanto na faixa verde.



Quantos já noticiaram os "pegas" na Doca. Agora mesmo o R-70 (Liberal de 20/10), faz referência da irregularidade, também na Braz de Aguiar. Logo mais, saberemos de vitimas fatais.



Mesmo não sendo o culpado e até mesmo por ato de caridade humana e cristã, se você socorre uma vítima do trânsito, vai comprar uma senhora dor de cabeça, que começa com os guardas de plantão no PSM, que vão te tratar como mais vil dos assassinos.



Cinto de segurança e capacete, os guardas não cobram, mas, muitas da vezes, com o objetivo inconfessável cobram ítem que não provocam acidente e nem morte.



Caso as vias de tráfego fossem satisfatórias, casas comerciais de peças de reposição não seriam condecoradas como campeães nacionais em volume de 

venda.



O problema minimizar-se-á, se ação governamental for mais ativa e imparcial e os condutores dirigirem o veículo da fraternidade, segurando e guiando o guidon do respeito as leis e do direito do próximo, além de amar e ter cuidado com a sua e a vida do seu semelhante.



Lúcio Reis





Belém, Pa, em 27 de agosto de 1985


IMPÉRIO



Entendemos ser a ausência da verdade um dos piores reflexos de um mau carater, principalmente quando a mesma é usada com o fito de encobrir, ou tentar fazê-lo, alguma situação incômoda e também quando a ela, atrelado se 
comete o erro de jogar pedras e pisar em quem só merece receber flores e aplausos.



Refiro-me a Comissão  de Senhoras, composta por: Cenira, Vera, Jane, Eni e Almira, que corajosamente, frente aos sistemáticos problemas que enfrentavamos diariamente neste Império Amazônico, tal como: racionamento de água - duas vezes ao dia -  e ameaça séria de termos o interrompimento 
drástico do fornecimento do líquido precioso, em face do débito de Cr$11.700.000, que foi, irresponsavelmente deixado na COSANPA pelo último Síndico Geral, que por aqui passou, o qual não honrou o parcelamento que foi 
concedido por aquela Cia de águas, apesar de ter recebido o numerário para esse fim, resolveram assumir a frente da Administração deste Conjunto, paralelamente aos seus afazeres domésticos, sem nada receberem como pagamento, a não ser o desprazer de ouvirem seus nomes arrolados em 
comentários maliciosos de malversação da verba condominial e que como premio de consolação foram alvo, também, da associação de Moradores, tendo a frente 
o Sr. Jader e outros, que usando de toda iniquidade possível, atirou naquelas respeitáveis senhoras a crítica peçonhenta de nada fazerem em prol da Comunidade.

Por um dever de justiça e a bem da verdade, nos vimos obrigados a tomar a presente atitude, pois aquela infame e desairosa censura foi propalada pela imprensa local.

Para que o morador, que jamais compareceu às reuniões, tome conhecimento da crítica situação que aquelas heroínas enfrentam, sucintamente relatamo-nas: contas em atraso deixadas pela administração anterior: COSANPA 

Cr$11.700.000; CELPA Cr$7.000.000; Indenizações Trabalhistas Cr$3.800.000; que somam redondamente Cr$22.500.000, ao que se acresce as despesas normais 

do mês, tal qual: Cr$2.573.000 para folha funcional; Cr$2.000.000 consumo médio de energia elétrica; Cia de saneamento Cr$2.000.000 também consumo médio de água e tantos outros ítens de custo operacional como material de 

limpeza, de expediente, de manutenção de bombas e etc..., totalizando portanto, só o ônus mensal normal Cr$6.573.000, o qual tem a cobertura de uma receita mensal prevista em Cr$6.720.000, proveniente de 16 blocos à 

Cr$420.000 cada um. Logo, como vemos, é impossível tirar água de uma fonte sêca.

Daí ter surgido a idéia da RIFA, que só foi correspondida em torno de 35% do planejado, resultado esse que só amortizou 60%, Cr$6.310.000 do débito com a COSANPA, além de uma Fat CELPA no valor de Cr$1.551.224, relativo a março de 

1985. Por conseguinte só restou a opção de majoração da taxa condominial para Cr$40.000 e Cr$30.000 para apto de 3 e 2 quartos respectivamente. 

Porém, se alguem tem uma solução melhor, a Comissão acata de todo bom grado.

Além dos problemas acima mencionados, enfrenta-se a cobrança técnica por parte da SESPA, que diz respeito a rede de esgotos, logo, ao nosso entender, diretamente relacionado com o projeto inicial da construção, como também do 

IAPAS, concernente a débitos anteriores que vultam aproximadamente Cr$20.000.000.

Caro morador, faça sua análise. Quanto a atitude dos membros da Associação, é perfeitamente compreensível, pois até para os devidos esclarecimentos, os mesmos não se dignaram em comparecer a reunião com aquela Comissão no dia 27.08.05, mesmo a despeito de sabermos que o fim precípuo da Entidade é a defesa dos interesses do morador. Contudo, sabe-se claramente, que é relevante à uma parcela de moradores que cada vez mais recaia sôbre o Império 

a desmoralização, pois só assim essa fração de ocupantes, que não é de mutuários, terá armas que contribuam para  sua permanência por mais algum tempo entre nós, sem trocar documentos com a Financeira.

Um fato se registra: dos 928 imóveis, menos de 1% está desocupado. Como também vale citar: numa escala de categoria A,B,C,D o Imperío será F. 

Todavia, muitos moradores o são de categoria Z, infelizmente essa é a verdade.
Lúcio Reis 



Belém, Pa, em 20 de Junho de 1985

IMPÉRIO



Em virtude da carta do Sr. Roberto Leite, tecendo comentários em relação as irregularidades transacionais e outras, de infraestrutura, que ocorrem no Império Amazônico, publicada nesta data, valendo ressaltar não serem, aqueles problemas, privilégios do nosso Império, gostaria, contando com a benevolência dessa Redação, de lhe apresentar os argumentos VERÍDICOS que me levaram a emitir a opinião em carta publicada nesse Matutino e que RATIFICO serem também, de outros moradores, tendo em vista que o Dr. resolveu dar-me uma resposta em função da mesma.


Em primeiro lugar informo ao cidadão que sou uns dos primeiros que adquiriu unidade habitacional no Conjunto e, desde o pagamento da poupança na época Cr$129.000, cujas parcelas eram de Cr$10.000, sempre honrei rigorosamente em dia o compromisso assumido, depois de haver pago osinal de Cr$29.000, cuja transação imobiliária ocorreu na época pelo Escritório Orlando Maués e cujo corretor foi o Sr. Dario Cardoso da Silva.


Em segundo lugar, informo, outrossim, não ser, não ter sido e não o serei jamais do Quadro Funcional da Fálida Tropical, apesar da certeza registrada por V. Sa., bem assim de qualquer Órgão que a represente, bem como, não sou 

morador de poucos meses ou anos, tendo, já, aqui acompanhado o desempenhar larápio de sub-síndicos como por exemplo do Sr. Pedrosa, que embolsou mais 

de CR$600.000, tendo nos deixado com contas penduradas junto a COSANPA e CELPA, assim como de um anterior a ele, que não me recordo o nome e que também, nos deixou a ver navios, contribuindo para que se agravasse uma das 

mais sérias crises, que já tivemos com a COSANPA.


Mesmo assim, continuo e continuarei honrando e cumprindo minha obrigação de pagar pelo que eu e minha família consumimos em se tratando de um prédio de Apto ou seja: pagando rigorosamente em dia e as vezes até antecipadamente, minha taxa condominial e, quando o faço estou pagando também, por morador que não o faz há 8(oito) meses, como é o caso do Sr. Antonio Maria, funcionário da CELPA, morador do Apto 012 do Bloco 5 entrada "A",  que deve portanto Cr$140.000 de condomínio pelos 8 meses e que em recente Edital da Tropical teve seu imóvel citado como inadimplente.


Devo lhe dizer ainda, que não foi a primeira carta que escrevi defendendo o Império, pois no caso especifico do meu imóvel não há infiltração, pois todos os defeitos que haviam eu os corrigir, bem como jamais fui e nem serei citado como inadimplente, logo, Dr. Roberto Leite, quando eu tento melhorar a imagem do Conjunto frente a opinião pública - pois já anunciei meu imóvel para venda, objetivando de lá sair, por que não me adapto a filosofia corrente: "se o vizinho não paga eu também não pago", portanto uma filosofia 

catanha - nessa mudança estará também incluido o seu patrimonio, pois quando o pretendente era por mim informado da localização do apto, erá como se jogasse água fria na fervura e, por conseguinte não há mercado para o 

Império.


Enquanto Sr. Dr. não houver critério seletivo a quem for alugado as unidades e persistir a credibilidade ingênua em politicos à época de pleitos eleitorais e que por décadas e décadas vem enrolando, enganando e ludibriando o eleitor com o objetivo de sentar no poder e dele usufruir os privilégios e mordomias, o Império, o Medici, o Marex e outros, serão eternas vitimas da incúria do homem público representativo.


Portanto, Dr. Roberto Leite lhe agradeço por me ter lido e entendo que seu objetivo também é o de mudar para melhor o conceito do Conjunto, porém uma situação é certa: se formos esperar pela classe politica, continuaremos a 

conviver com as mesmas mazelas por muito mais tempo, bem como ainda, sou testemunha ocular que em relação da última ação de despejo realizada, vi uma meia dúzia de moleques informando à imprensa da ação violenta dos PM, quando 

um induzia o outro: diz que tu vistes e etc..., sem que os mesmos ali estivessem.


E por fim Dr Roberto, não escrevo, não afirmo nada sobre aquilo de que não tenho absoluta certeza e convicção, bem como não faz parte da composição de meu caracter a mentira e a calúnia.



Lúcio Reis



Nota 1-

A correspondência abaixo, foi elaborado em função de uma série de problemas criados por um cidadão, que vou denominar como desportista, por uma questão de respeito ao direito de uso do nome, o qual juntamente com seus familiares, conforme narração abaixo, não foram e por certo não reúnem condições à frequentarem coletividade e assim omito a denominação do Clube por uma questão de responsabilidade, mas por certo ainda é comportamento que se pode observar ainda hoje, pois o brasileiro adora se usar de uma instituição. E mostra o quanto em nosso País é difícil alguém que queira agir com seriedade e responsabilidade administrativa e dentro dos princípios éticos e morais e, assim é fritado, usando o termo no campo político. Mas, sempre tive ao meu lado um anjo da guarda que o Senhor designa para proteger-me e na armadilha armada não me deixou cair, vejam que é um fato de 29 anos atrás. Quando ele me procurou, foi armado, fez questão de me mostrar a arma mas, não teve coragem de usá-la e nem tampouco me amedrontou.

Belém,  Pa, em 11 de março de 1985

Desportista

Tendo em vista as ofensas pessoais que tua mulher - sim, tua mulher, porque o tratamento de "senhora" se destina e se usa a quem o faz por merecer - assacou contra mim e as funcionárias da Secretaria do Clube, isto dia 02 de
março p.p., forçaram-me e obrigaram-me, muito a contra gosto a te dirigir a presente.


O que aqui vou escrever eu deveria te dizer pessoalmente no sábado dia 09 do corrente, todavia, como tive que me ausentar do Clube às 10:30 h e tu não havias ainda lá comparecido, vou registrar e enumerar aqui todos os fatos
que me levaram a não te reconhecer como Diretor da Associação desportiva, pois no meu entender "Diretor" que só comparece à Entidade para autorizar irregularidades, tais como as que vou citar, não possui o mínimo de idoneidade social e moral para tal: autorizar ingresso de associado atrasado com as obrigações sociais; de associado que solicita licença do Quadro Social, para se eximir do pagamento da mensalidade social e continuar a frequentar o Clube e, este caso fica ainda mais grave quando esse associado é filho do Diretor (sabes que estou falando do G.......), pois aí a cessão
de um convite por 30 dias é legislar em causa própria, isto é, em outras palavras corrupção direcional; que emiti convite sem assinatura e também à pessoas que mesmo com o convite vencido ainda querem usufruir do mesmo; que
arromba cadeados para usar material que não lhe pertence particularmente (estou falando das bolas a serem usadas no esporte); que especula com os títulos do Clube (falo da comercialização de um título na frente do V L); que se
apodera de garrafa de bebida (estou mencionando daquela garrafa de whisk que sobrou quase cheia (Passport), do coquetel de inauguração da iluminação da Quadra de Volei e pede para a pessoa responsável declarar que a mesma havia
sido toda consumida; que o filho (G........) comparece ao Clube na ausência de Diretores e desta Assessoria, para falsificar carteirinha social da AP e não conseguindo tentar subtrair induzindo funcionária da Secretaria a lhe entregrar uma carteira social do Clube a que pertence (T  Clube), para usá-la com  fins inconfessáveis - isto dia 15 de fevereiro no horário vesperal. E por fim a mais grave atitude: a apropriação indevida dos CR$10.400 (dez mil e quatrocentos cruzeiros) do cofre do  Clube, portanto dos associados e que, ao seres flagrado pela S.....  te saístes com a desculpa ou disfarçando, pois já estavas com o dinheiro na mão, solicitando que ela guardasse aquela importância na Tesouraria do Clube, como se fora tua, quando no dia anterior havias me pedido que trocasse um cheque de R$10.000 (dez mil cruzeiros) para tí. Na realidade ias ficar com aquele soma, pois somente cerca de um mês depois, por indagação do A (Tesoureiro), te justificastes me pedindo desculpas e declarando ter sido uma brincadeira, que ao meu ver, assim se tornou, face o aparecimento providencial da S
naquela noite.

Como podes ver, eu não posso aceitar calado o que tua mulher me adjetivou ou o que me dirigir qualquer um dos teus filhos. Tomei também esta providencia, pois todos os problemas que te fiz  tomar conhecimento e que foram criados por tua mulher, por teus filhos e sobrinhos, simplesmente fizestes ouvido de mercador, por isso também te desfizestes diante de mim tua situação de Diretor.

Vocês simplesmente se locupletam desse Clube o tempo todo, e até estendem esse aproveitamento para amigos que trazem a esse Clube (lembras da manhã festiva de apresentação da Miss Manhã de Sol da Agremiação), principalmente agora
que vocês sentiram que a Direção do Clube tem o coração do tamanho de um trem, pois ao te doar um Título de Remido (que tua mulher propala teres comprado) e permitir com isso que transferisses títulos para teus filhos de maior idade, ratificou sua imensa bondade para com toda tua família.

Mesmo assim, na maior "cara de pau", ainda fostes pedir isenção de mensalidades para os mesmos, bem como tua mulher solicitar também a não cobrança dos CR$1.500.000 (hum milhão e quinhentos mil cruzeiros), referente
a taxa de transferência e joia relativo ao título 658 para presenteá-lo a F...A...A...da S..., sobrinho de vocês, em outras palavras: foi fazer farol com uma doação do Presidente do Clube, sim, pois o presente teria valor se adquirido estatutariamente. E o que é pior: a doação foi feita ao irmão do L... que sozinho já dá uma trabalheira para pagar sua mensalidade, que dirá agora para pagar para dois, pois se sabe que quem paga é a genitora deles.

Podes até dizer ser eu um recalcado. Concordo contigo, pois tenho o recalque de querer fazer as coisas direitas e esbarro com um pseudo Diretor, que só quer fazer as erradas. Eu até compreendo tua posição e atitudes, pois o Clube que deverias frequentar, juntamente com os teus, é aquele que se
equipara ao Pinga Fogo, pois só tu ainda não descobrites, que vocês não tem suporte e condições para pertencer a família que congrega esta instituição clubística, daí tua preocupação em vender títulos e tudo aquilo que coloquei no 2º parágrafo da presente.

Compreendo também a prevalência da vontade de tua mulher, pois esta frustração demonstrastes quando aproveitando o título de Diretor "cantastes" para colóquio amoroso funcionária dessa Agremiação. Se a presente Diretoria tivesse tomado a mesma medida que a Diretoria do JB tomou logo no inicio de sua gestão, muitas dessas situações teriam sido evitadas.

Portanto, como podes ver, assim como eu , muitos associados tem conhecimento dos teus atos e atitudes. Espero que faças uma tomada de posição coerente com o teu proceder, espero que tua mulher não se arrogue mais o direito de ofender e criticar quem quer que seja, pois o conceito e o curriculum de
vocês junto ao quadro social, não é dos mais recomendáveis.

Quanto a mim, particularmente, exijo respeito para comigo, pois mesmo a despeito das armadilhas que tramastes para mim, continuo com minha reputação ilibada. Te previno que uma atitude falsa em relação a mim, faço publicar na
imprensa a presente, pois lá já há uma cópia da mesma, só esperando minha autorização, além de que remeto uma cópia para cada associado, independente das providências policiais. Exijo para mim, pelo menos a ética que não
tivestes para com o A Duarte, quando criticastes a atitude dos filhos dele. Pára! E compara a diferença entre a tua e a família dele.

A vida de vez em quando te prega uma peça. Até agora não entendestes nenhum desses chamamentos de atenção, nem tua mulher e nem teus filhos, que possuem uma arrogância do tamanho da falta de humildade. Põe um pouco de Cristo na tua vida, de tua família e te garanto que serão olhados  e recebidos com mais simpatia. Isto podes aprender como Ayrton e sua esposa.

Dissseram-me que esta, ficou muito pesada, concordo com isso. Porém, é pesada por que retrata tuas atitudes que realmente são muito pesadas.

Sei que sou uma pedra no teu sapato, evidente, eu quero o certo e tu queres o errado. A mim resta o consolo de não ser mal visto e nem tampouco antipatizado por aqueles que entendem, que somente procuro o correto para a
Entidade. Ficastes frustrado quando euforicamente viestes comentar sobre o meu afastamento na Secretaria, em consequência do cargo da Federação. Só que
não sabias que sou querido pelos funcionários que trabalham sob minha orientação, pois sou rígido na hora necessária, porém, jamais injusto.

Passar bem!

Nota 2-

O acima foi uma tentativa de um cidadão jogar no ralo da desonestidade minha seriedade, responsabilidade e, numa oportunidade numa dependência de uma Entidade que eu gerenciava, meteu a mão na minha gaveta e subtraiu o valor referido fruto de cobrança e que o funcionário havia prestado contas comigo e a mim entregue o valor como de praxe. Nesse ínterim fui chamado a sala da Diretoria e nisso ele meteu a mão na gaveta mas, na hora foi flagrado pela minha auxiliar. Ao terminar de fechar o caixa, houve exatamente a diferença que, para despistar ele solicitou que a guardasse no cofre do clube. Mas naquele mesmo, fiz um relatório ao Presidente e ao Tesoureiro narrando o acontecido e, foram 30 dias eu lançando diferença a menor no caixa e com essa mesma diferença guardada como se fora dele. Até que o questionei e ele veio me dizer, lógico o que eu já sabia, que o dinheiro não era dele e sim do clube e que aquilo tinha sido uma brincadeira. Incontinente reagi e com palavras de baixo calão e, depois ao ser convidado para outra empresa, mandei a ele o expediente acima.
Em nosso País, o sujo cai e tenta levar quem não é sujo. Graças a Deus, passei por outras arapucas mas, minha retidão não me deixou cair e, foi assim que cunhei a frase: "o brasileiro é pobre metido a besta e que, não pode ser socialite mas acredita que pode naquele meio e vive os outros a explorar"


Lúcio Reis




Belém, Pa, em 03 de Dezembro de 1984

ESPERANÇA


Caso  prestarmos atenção ao que acontece entre o crepúsculo de um dia e a aurora do dia seguinte, inferimos que nesse período, pelo o que se desenrola, a natureza todos os dias, faz uma avaliação, medita e se entristece, com tudo aquilo que o homem fez em seu cotidiano, no que concerne a ecologia, a relação homem a homem e seus direitos. Homem e Deus e, chora.
Chôro este que você pode ver através do orvalho, tristeza traduzida pelo fechamento das pétalas das flôres e do silêncio da madrugada.
Mas, o astro rei faz descer sobre o planeta o cetro de seus raios e, como num toque de mágica faz aquelas pétalas se abrirem e surgir o colorido, seca a lágrima noturna derramada sobre o campo e a relva, corta o silêncio com o estridular do bem-te-vi, o arrolar da pombinha branca, em fim, faz o despertar com o cantar da passarada em plena – como comente ela tem – independência e liberdade, como que todos os erros e estupideces das 24 horas anteriores tivessem sido perdoados, que nova chance fora dada e mais uma parcela de confiança fora creditada ao Homo sapiens.
Porém, ele irracionalmente continuará a encobrir o azul-celeste com o véu cinza do monóxido de carbono estendido pelas chaminés das industriais; persistirá no homicídio lento e gradual do derramamento de vinhoto e outros venenos no leito dos rios; insistirá na matança de milhares de sêres – como atualmente na Etiópia – pela falta de alimentos, enquanto por outro lado se aplica centenas de milhares de dinheiro na construção, pesquisa e aprimoramento de artefatos bélicos nucleares; permanecerá invadindo direitos do seu semelhante, quer pelo furto ou pelo roubo, quer pelo desrespeito às leis do trânsito, quer pelas opções e atitudes corruptas, quer pelo desfrutar de benefícios e privilégios mordômicos não custeados pelo seu salário mas, pelo salário do povo; continuará a derrubada irresponsável da flora, substituindo-a por espigões de concreto, transformando a selva verde em selva lúgubre de cimento e assim, condena agora, as gerações futuras de serem todas de anaeróbios, pois os pulmões naturais do globo terão sido extirpados pela ação criminosa das moto-serras e aniquiladora dos tratores e assim, nesse clima de violência urbana e rural, fatalmente, quer pela ausência de oxigênio ou pela destruição nuclear estaremos fadados a ser um espécie em extinção como tantas outras ou, a nos mudarmos para outro planeta.
Nessa sucessão cega e louca de atos e atitudes errôneas, passamos os 7 dias de cada semana, a 4 semanas de cada mês, os 12 meses de mais um ano e batemos à porta do ano vizinho. Parecendo que depois de tantas oportunidades concedidas no decorrer do ano e não aproveitadas o Arquiteto do Universo faz com sua infinita bondade, sua última cartada no fim de um e inicio de mais outros 365 dias de nossa existência: faz nascer através das comemorações natalícias o nascimento de seu Primogênito e nesse clima de redenção, contagia a humanidade com a paz do Senhor, com o entendimento cristão e o perdão fraterno e assim, amolece a dureza dos corações cruéis e retarda ou diminui o extermínio e o ódio entre as suas criaturas.
Como se pode concluir, nossa passagem por aqui consiste num rosário de desatinos, de brincadeiras com temas sérios e de seriedade com as traquinagens, mas tudo revestido de cotidianas renovações e esperanças de fé, de porções de amor, que se resumem em dias melhores e de momentos de felicidades, que lamentavelmente são vividos ao lado do egoísmo de outros, e ganancia de muitos, o preconceito racial, econômico e social de alguns, e locupletação e as falcatruas de poucos em detrimento da maioria e com o consequente empobrecimento e de nefasto sobreviver, onde paralelamente as mordomias são privilégios de uma meia dúzia, enquanto a prerrogativa de quase todos é a bravura do alimentar-se e alimentar, locomover-se, vestir-se e vestir, educar-se e educar às custas de um salário irrisório, mínimo literalmente, mas com a dádiva compensadora de possuir uma inteligência que lhe mostra sempre uma saída.
Aqui entre nós, em mais este ano, não tivemos terremotos, não fomos vítimas de guerras, vimos e dissemos o que pretendiamos e pensavamos, não nos recaiu nenhuma epidemia, salvo o surto de promessas vãs e não cumpridas e o alastramento do orgulho pela ânsia de galgar o poder e desfrutar dele, juntamente com os amigos e familiares. Tivemos carnaval, vibramos com o futebol e o que não faltou foi comemorações ao dia nacional da cerveja, logo, tudo aquilo de que gostamos não nos faltou.
Portanto, como Deus é nosso compatriota, não nos faltou com a saúde. Apesar de não ser uma saúde de ferro, mas é forjada ao aço de um povo pacato e ordeiro, unido pelo bondoso coração, que nas horas difíceis não se furta a solidariedade e, que alimenta todo dia, toda semana, sua esperança de dias melhores e fartos, nos números do bicho, da loto e da loteria.
Por isso, enquanto houver vida, sempre haverá esperança e esta poderá dizer é sinônimo de brasileiro, pois o Brasil é a Nação do futuro e a esperança do mundo.
Lúcio Reis

Belém, Pa, em 18 de novembro de 1984.

  
TIM TONES




A revista VEJA de 7 do corrente, traz uma pequena reportagem no tópico Religião, a respeito do personagem Tim Tones, encarnado, criado e muito bem vivido pelo gênio Chico Anysio, a qual diz da insatisfação e do descontentamento de Igrejas em relação a paródia levada ao ar há 2 meses pela Rede Globo.
É interessante o esperneamento de líderes religiosos, quando surge alguém que sem nenhuma violência e envolto num clima total de humorismo, porém, seriamente, coloca para todo mundo ver a farsa que eles impõem à massa, da qual extraem toda a fortuna necessária a um privilegiado viver, no qual não faltam os carrões, os vinhos finos e especiais e toda sorte de mordomias. Sim! é interessante, em termos, pois na realidade o zelo não é pelas coisas de Deus e nem tampouco pelo Evangelho, muito bem comercializado, mas, com o futuro deles, pois já imaginaram o "murro" que muitos líderes religiosos teriam de dar, no caso de que a massa entendesse o quanto é vitima da esperteza desses chefes e como é ludibriada em sua  boa fé por esses corretores da paz eterna.
Você já pensou se a grande maioria captasse o verdadeiro alerta do Chico? Muitos desses que reclamam do personagem teriam que pegar suas carteiras profissionais, se é que as tem e irem cumprir um horário de trabalho com jornada de 8 horas diárias com horário para entrar e sair, ter de encarar um ônibus lotado, sobreviver com um salário mínimo, em fim, começar no dia a dia a se purificar e pagar seus pecados para poder alcançar a tranquilidade depois desta, pois a vida eterna com paz e harmonia não se compra, não custa sequer um dólar e muito menos um cruzeiro, acredito, ela se conquista respeitando os direitos do semelhante, trabalhando com honestidade, sem arrancar da massa o seu sustento, até mesmo através de um chapa branca ou recebendo uma delegação popular para lutar e fazer leis em prol desse povo e ao contrário da promessa, só legislar em causa própria e a favor do estofamento de seus bolsos.
Não tenho procuração para defender o Chico Anysio, porém, vejo a obrigação de expor uma palavra de apoio e até mesmo de agradecimento aquele que nos proporciona momentos de entretenimento, dentro de nosso lar, após um dia de lutas desiguais e covardes, de saber de falcatruas, de corrupções, de enriquecimento ilícitos e, de agressões de que somos vitimas nas vias públicas pelos homens do poder e seus familiares esbanjando mordomias custeadas pelos nossos salário.
Cristo nasceu pobre e viveu em total exemplo de humildade, não cobrou um dinheiro sequer pelos seus milagres e pelos seus ensinamentos, pregava nas montanhas, nos lagos, nos barcos, nos casebres, no deserto, jamais exigiu templos ou púlpitos exuberantes, portanto, hoje em dia só há uma explicação plausível para a pompa e suntuosidade dos Imóveis Religiosos: o mercado da fé. Sem bobo não há esperto. Se na Praça Justo Chermont há a LOBRAS, bem próximo dela foi erguida sua concorrente Lojas Americanas a um quarteirão de distancia. Mas que se acalmem os líderes, Chico Anysio só há um e grande maioria não pode assistir ao seu Tim Tones.
 

Lúcio Reis




Belém, Pa, em 04 de Junho de 1984.

  
DIU e VIDA


 A vida é uma sucessão de causas e efeitos, de raros momentos de felicidades, uns mais longos, outros mais curtos. Felicidade essa que se caracteriza pela paz interna de cada um, ou seja: o estar de bem consigo e com o semelhante, e assim, todos, ao seu redor, receberão o reflexo dessa energia que emana positivamente de seu íntimo, de sua alma e portanto uma força intimamente correlacionada a distância que se esta ou que se colocou Deus de nosso dia a dia e, por via direta de cada criatura Dele aqui na terra.
 Estar condenado a um viver de conflito desde o momento em que o óvulo se funde ao espermatozoide, acredito, não tenha sido esse o Plano do Criador para a humanidade. Nascer sem ter um teto para se abrigar, um cobertor para se proteger do frio e uma microscópica grama protéica para o organismo alimentar, também creio, não fazia parte do esquema Divino para o homem. Subnutrição, a mim me parece não estava no dicionário do Paraíso, pois lá a fartura era abundante.
Nesses milhões de anos que habitamos este planeta, só fizemos meter os pés pelas mãos e escangalhar todo o planejamento do Senhor, aliás, desde os primórdios da criação, tendo tudo começado, conforme o escrito, com a maldosa serpente e hoje, somos testemunhas oculares do sofrimento de centenas de milhares de crianças perecendo pela ausência de alimento e da maldade que se comete contra a natureza. Isto tudo, por quê nós entendemos presunçosa e erroneamente, que a nossa organização é mais eficaz e infalível em relação aquela, oriunda da sabedoria eterna.
“Crescei e multiplicai-vos”, mas, com certeza aí estava implícito, com as condições mínimas necessárias para um viver digno e de obra prima indestrutível e que ficará para o todo sempre. A ciência, que muitas vezes já bagunçou e desmantelou a estrutura e o organograma original, agora, a meu ver, tomou u’a medida acertada, juntamente com o governo, para remediar ou dar inicio ao caminho que levará ao reparo dos danos até então provocados, tendo como consequência mais gritante a pena de morte, imposta ao ser, ainda intrauterinamente. A providência prescrita é o uso de contraceptivos, ou seja: evitar que haja o encontro que promoverá realmente que se realize o milagre da vida, e o mais recomendado é o uso do DIU.
 Visceralmente a Igreja é o único setor da sociedade – seus representantes e intocáveis donos da verdade, que não sabem na pele o que é um batente para se conseguir os meios de sustentar uma prole, mesmo pequena – que se posiciona contra a atitude científica governamental. Essa política comportamental é justificável e compreensível, pois  o DIU é a luz no fim do túnel, que ameaça de extinção a miséria, a fome, o desemprego o desespero a marginalidade e, por conseguinte a violência urbana, materiais primas de primeira qualidade aos incitamentos de púlpito às leis e a temas de conclaves e congressos, tais como Itaci, sem  resultados práticos positivo, nulo em relação ao povo cristão e muito proveitoso aos participantes em referência a banquetes e etc..., custeados com a contribuição de fieis.
Que todos tenham direito a vida é um bonito slogan mas, como os fatos se desenrolam só servirá de bandeira de agitação e de mostragem de produção de serviço clerical, que assim reclamarão a quem de direito para que registre nas fichas funcionais de cada um, que cicrano, beltrano e fulano, subverteram a ordem, gritaram, criticaram e até se desviaram do sentido precípuo dos ensinamentos de Cristo, optando pelos pobres e considerando todos aqueles de posses “personas non gratas”  ao Reino Celestial.
Em fim fizeram luta incansável para que crianças viessem ao mundo predestinadas a desgraça e a engrossar o rol de menores abandonados e potenciais delinqüentes mirins e por contrapartida todas as mordomias desfrutadas pelo custeio das oferendas não foram usadas sem o correspondente trabalho de salvar vidas (matéria), mesmo que estas vidas tenham nascidas mortas.

Lúcio Reis

 Belém, Pa, em  30 de maio de 1984.

COVARDIA E MENTIRA


Recentemente a sensibilidade do coração brasileiro foi ferida e, todos ou, muitos, compartilharam a dor da família das duas biólogas, que após mais de 2 meses de aflita e angustiante espera, receberam a noticia que desconfiavam que receberiam mas, que lá no íntimo do âmago de seus seres, guardavam um fiozinho de esperança de torná-las a ver com vida e com uma explicação para a longa ausência e falta de noticia.
 Infelizmente a verdade, a que não deveria aparecer, brotou de um raso lago e de uma rasa cova, feita na areia da praia e, a suspeita foi ratificada com a revelação do vigia de que ele foi  o autor do desaparecimento das duas jovens pesquisadoras e estudantes dos seres vivos.
A insensibilidade, o alheamento e o ar distante de quem não se deu conta do grave fato que praticara contra a vida das duas biólogas e por extensão a todos os seus familiares, evidentemente que chocou e agrediu a todos os que tomaram conhecimento via jornal, televisão e rádio do depoimento do homicida, onde ele relatou, reconstituiu todas as suas manobras para eliminar as duas moças, sem pelo menos tentar disfarçar ou esconder a face das câmeras e do espocar dos flashs ou gaguejar e tentar camuflar por mais tempo, a cruel verdade, assumindo assim, suas deformações mentais, psicológicas e etc...
Essa atitude do infeliz e rude homem, em revelar e reconhecer ser sua culpa é que me alertou e chamou atenção, dentre todos os pontos do lamentável episódio, claro, depois do fato propriamente dito. Esse  proceder, ao meu ver, pode servir como a outra face para comparação, quando se toma conhecimento dos desastres avassaladores de nosso meio ambiente, através de perniciosos e maléficos feitos poluidores, tais como: o uso irresponsável de agrotóxicos, do derramamento de vinhoto em extensos rios por indústrias, da saturação da atmosfera com CO2 e outras partículas em suspensão saídas das chaminés das fábricas e escapamento de veículos, do maciço envenenamento de florestas, do estrago de óleo fóssil entornados no leito de importantes rios, provocando a morte de toneladas de peixes e por via direta de milhares de adultos e crianças, dos quais é roubado a única proteína que a Natureza lhes colocou ao alcance das mãos. Além dos males acima citados ainda convivemos com as falcatruas, da corrupção desenfreada, do desvio do dinheiro público o tráfico de influência e etc... E, depois de todas essas causas agressivas e violentas, ainda se sofre a violência da negação e o rude golpe de ouvir via EMBRATEL o cinismo  dos responsáveis com suas argumentações descabidas, as mais revoltantes e enroladas mentiras, as mais absurdas desculpas e explicações, em fim, a covarde e vil justificativa.
Portanto, ainda é, ao meu ver, mais digno, apesar de seu hediondo proceder, o comportamento do infeliz vigia, do que o de muitos portadores de anel de grau no dedo e em funções diretivas, porém sem nenhum grau positivo de vergonha, de seriedade e de hombridade no caracter. E assim, se um dia alguém conseguir varrer a mentira e a falsidade da face da terra, estará feita a contribuição à que se tenha uma passagem terrena mais cristã e mais humana.  É utópico? É! É possível? É, pois é relativo o conceito de verdade e mentira. Do impossível e o possível.


Lúcio Reis




Belém, Pa, em 23 de abril de 1984.

TRÂNSITO


Mais um  fim de feriado prolongado se foi e, com ele, mais uma vez a irresponsabilidade, a tara e o irracionalismo tomou conta dos volantes dos veículos, proporcionando extenso congestionamento de tráfego, que por certo triplicou o tempo de deslocamento dos balneários à esta Capital.
Evidentemente, que mesmo de um reduzidíssimo número de condutores, houve ponderação e compreensão de que continuar naquela balburdia e loucura poderia significar o custo do sacrifício das vidas preciosas de seus familiares e assim, pode-se notar e desfrutar de considerações, em agradáveis papos, tal qual o estado lastimável de conservação das vias asfálticas que dão acesso a Belém, em reuniões que se formaram à margem  da BR a espera de que a parafernália fosse reduzida, o tráfego fluísse com mais desenvoltura  e menos tentativas de suicídio e homicídio, cuja arma do crime corria por sobre 4 rodas e o dedo no gatilho era o álcool, a imperícia, a inexistência do menor conhecimento de regras elementares de trânsito acoplada a zero censo de seriedade e a uma fiscalização deficitária, a exemplo de anos anteriores.
A todas as mini férias dos dias santos, a imprensa se ocupa de registros de catástrofes familiares originadas no trânsito e, mesmo assim,  elas prosseguem se repetindo a cada ano, como se houvesse o masoquismo em se buscar ou ir ao encontro da fatalidade macabra. Neste período, ficou por conta de um parlamentar, que teve o saldo lamentavelmente de 4 vitimas e que, as circunstâncias que nos foram mostradas em função do resultado em que se reflete do bem material e as perdas irreparáveis, retratam a velocidade que  desenvolvia a irresponsabilidade, a imprudência e a imprevidência e que, infelizmente arrastou no seu bojo duas inocentes vidas, também.
Lamenta-se e sente-se a dor do irmão mas, espera-se piamente que alguma lição se consiga captar e que ela seja ministrada aqueles que fazem de seus automóveis uma arma de extermínio ou então a mercadoria de permuta por uma cadeira de rodas.
Portanto, quem corre excessivamente, chega rapidinho ao hospital ou ao cemitério mas, jamais, ao lar. Correndo a 80, chega-se até aos 100. com mais de 80, não se alcança nem os 50.
Lúcio Reis


 Belém, Pa, em 15 de abril de 1984.

Ilmo Sr. Dr. Cleo Bernardo
 
Cordiais saudações...

Já por várias ocasiões, após acrescentar alguma riqueza por intermédio de sua magnífica e abençoada caneta, que exterioriza e concretiza para nós e mui especialmente para mim o que vai na sua mente, no seu caráter, na sua personalidade, no seu “eu”, que tive aguçada minha vontade de lhe dirigir um sincero e verdadeiro “muito obrigado”, mesmo! Por possibilitar que eu apreenda todos os domingos algo de bom, de saudável e positivo, contidos em seus arrazoados, e assim continue na edificação de cidadão que espera e torce pelo melhor para esta Nação, para este povo e para o mundo.
Devo lhe informar que nada mais além de que o “agradecimento” me passa pela cabeça. Em sendo assim, esta excluído qualquer tipo de bajulação ou intenções  inconfessáveis. Por isso, ilustre advogado e escritor, permita que me apresente e partir daí, V. Sa., saiba quem é este seu humilde leitor e admirador: em primeiro lugar a idade que diferencia o seu do meu nascimento, que ocorreu em Caeté-MG, cidade histórica, é de exatamente 30 anos, portanto, o que veio a propiciar lamentavelmente para este mineirinho, não ter sentado num banco de escola e tê-lo como mestre, o que me orgulharia sobremaneira, apesar de estar radicado nesta Capital, onde constitui família, há bastante tempo, mas, compenso essa frustação aos domingos, lendo o alto à esquerda da pagina 7 do Jornal da Amazônia  a crônica de cabelos brancos, como a alvura da neve e espelho de maduras e sólidas experiências adquiridas por esses 66 anos. Como profissão, tenho a vida militar. Todavia, por portar uma  cardiopatia grave, esta, depois de 11 anos envergando orgulhosa e com todo respeito e dedicação a Farda Verde-Oliva, a qual o Sr usou nos campos de Monte Castelo e etc... na Itália, em época que meu pai, também, lá estava e que eu nem fazia parte de seus planos de jovem, pois minha mãe é paraense e, foi o após guerra que eles se conheceram aqui, me fez e tornou-me um militar reformado e que agora faz terapia ocupacional e também e também por prazer, através da leitura edificante e até ouso a escrever vez por outra ao O Liberal, no qual por beneplácito da redação, vejo minhas cartas publicadas na coluna “Cartas do Leitor”.
De “Sob as Luzes Solares”, que dentre outras ou de todas as suas crônicas se adaptam e têm perfeita sintonia com o meu modo de ver e entender qual seria o ideal para todos e que também falam o que gostaríamos de falar, pincei este trecho: “Está aqui dentro, somos nós próprios, que alienadamente continuamos subordinando as necessárias reivindicações nossa aos interesses rasteiros dos partidos e dos líderes, envolvidos por planos e planaltos sem visão”. Exatamente esse, é um, se não o câncer que assola, portanto o mal maior, que deprava a sociedade brasileira e, o problema se agrava pela síndrome do descrédito, da falta de vergonha, da honestidade fictícia e do pautar por atitudes coerentes que se coadunem com o mínimo de ética – que deveria ser – de quem manipula o destino de um povo e faz a história para as gerações futuras. E, esse agravamento alcança o estágio do extremo crítico, pelo fato desses líderes fabricados e resultados de ações condenáveis, entenderem sermos nós alienados, descerebrados, portadores de idiotia e por conseguinte incapazes de espreitar o mar de lama que eles vêm fabricando e continuam a produzir em velocidade vertiginosa de F-1, a cada escândalo que explode.
Hoje em dia a Nação toda se ocupa sobre a escolha direta ou indireta do nosso Chefe Máximo. Entendo ser um direito líquido e certo do povo, ser responsável direto pelo seu destino, assim como dele deve emanar e para ele deve ser o poder, logo, o homem deve e tem que ser o alvo de todas as investidas, principalmente no que concerne ao bem comum e, não que se vise o interesse de grupelhos hipócritas e Judas.
Quanto ao Colégio Eleitoral aí implantado e em função da leitura e concordância com o trecho que extrair de seu arrazoado deste domingo, se ele funcionar, deduzo que continuaremos cada vez mais a submergir nessa situação caótica, cuja inflação a todo instante nos rouba o oxigênio da sobrevivência social, econômica e financeira, honradamente. Mas, se a esse problema constitucional esta sendo dada tamanha relevância paralelo a ele se desenrola um outro, que reputo de vital importância e que, não vem recebendo a preocupação, atenção e a sensibilização da população nacional, sobre a  qual recaí e recairá todo o prejuízo que se origina dela, é o desastre ecológico, que sistematicamente  vem pontilhando de norte a sul e de leste a oeste. Sim, falo em relação a massa, porque os que se dizem nossos representantes, estão ocupados com os seus interesses particulares.
Apesar de conhecer menos 30 anos, em referência ao brilhante escritor , os fatos desta Nação, me arrisco a responder com absoluta convicção que V. Sa., não exagera e não deturpa quanto ao cinismo à audácia, com que se mistifica e rouba presentemente. Lamentavelmente essa é uma verdade verdadeira e inconteste, que maus brasileiros, que deveriam estar encarcerados, ainda têm o topete de declararem que vão processar, fazer e acontecer contra aqueles que conseguem  elevar os véus que encobrem a podridão de administrações indecentes e pornográficas da malversação, do enriquecimento ilícito, das falcatruas e dos favorecimentos familiares.
Diante de tudo isso, o que se poder fazer? Sei que tudo se resolveria facilmente, como num passe de mágica, se o povo tomasse consciência ou descobrisse sua fôrça e o seu poder de resolução. Este é o equacionamento geral. Em termos individuais, caro Dr., qual seria a melhor trilha? Eu, por enquanto, ao meu casal de tesouro que Deus colocou sob minha orientação, tento ministra-lhes o que entendo como reais valores da vida, principalmente respeitar o limite do direito do indivíduo, independentemente de credo, cor, preferência partidária, bandeira, situação sócio-econômica-financeira e sobre tudo, também, ver que em cada cidadão recaí  a mesma chuva, os mesmos raios solares e o mesmo oxigênio é respirado. Pois ela, que hoje faz parte da geração Michael Jackson, daqui há 20 anos serão os homens que contribuirão para a realização da nossa história. Acho que satisfatoriamente estou dando-lhes a base apropriada. Que o Sr acha? Minha atuação está ok? Mas, quanto aos outros? Não gosto da omissão. Que posso realizar?
Não “roubarei” mais seu tempo, agradeço-lhe por ter permitido que dissesse muito obrigado e ainda ter-lhe falado um pouco de mim. Creia-me, ter-me como seu admirador, com profundo respeito. Desculpe-me no que porventura lhe aborreci.
Fazendo votos para direta ou indiretamente o próximo governo que se instalar, realize pelo menos, que tenhamos o direito de sermos honestos e vivermos condignamente, pois me excuso em acreditar que dentre 130 milhões de brasileiros, não tenhamos pelo menos um que tenha orgulho de ter como compatriota Joaquim José da Silva Xavier, um  dos mais verdadeiros brasileiros.
Que Deus o proteja. Respeitosamente...

Lúcio Reis



Belém do Pará, em 03 de Abril de 1984.



 IRRESPONSABILIDADE


 
Num espaço de 15 dias, dois torcedores adultos perderam suas vidas no Mangueirão. As circunstâncias em ambos os casos, tiveram como uns dos fatores concorrentes a irresponsabilidade.

 No 1º , ela se caracterizou pelo anuncio, por alguém, que a arquibancada estava caindo, originando o tumulto, ocasião em que algum torcedor empurrou o pobre assistente ou, este mesmo, descontroladamente, se projetou no vazio.

No 2º , a segurança deficiente, a instigação da turba por aqueles que assistem e assistiam o prélio às bocas dos túneis, aliado ao apagar dos refletores com o estádio ainda repleto de assistentes, somado a paralisação, talvez voluntária, com intuito de alongar os 45 minutos, ou, realmente por pane, que mesmo não sendo a primeira, não houve a previdência de se evitar a reincidência do mau funcionamento do placar eletrônico, concorreram para que Manoel Silva, antecipasse sua partida do convívio dos seus, além de deixarem vários outros machucados.

Mas, o motivo maior é alertar a quem de direito, quanto outro aspecto, que bem caracteriza  e retrata a irresponsabilidade de muitos que comparecem às praças de esporte da Capital. Creio que grande número de espectadores que domingo foram ao Estádio Alacid Nunes, podem ratificar que viram pais ou responsáveis por menores, cuja aparência demonstrava uma faixa etária de 3 à 5 anos. Evidentemente que nisso não há nenhum mal. Contudo, ao que me refiro, é quanto certos pais “encheram a cara”, numa total incapacidade moral para consigo, que dirá para protegerem suas crianças, expondo-as às situações prejudiciais, como a intempérie do tempo, acompanhá-los ao bar, onde aumentam o teor alcoólico ingerido, além de colocarem a integridade física dos menores a mercê de perigos, em locais propícios à uma desastrosa e fatídica queda, sem acrescentarmos o tumultuado deslocamento de ida e vinda.

Friso que não tenho nada contra a presença infantil ao campo de futebol, até entendo sê-la positiva, pois, se desde a tenra idade houver um despertar do interesse pelo esporte, futuramente aquelas cabeças não se ocuparão com drogas e tóxicos, uma vez que a prática metódica dos exercícios físicos só promoverá uma mente sã num corpo são e, se essa prática for antes, durante e depois, pontilhada da presença e ensinamentos cristãos, obteremos, sem dúvida, uma juventude valorosa, leal e excelentes chefes de famílias. Atenho-me essencialmente aos atos daqueles que não são capazes de se auto-cuidarem, muito menos o serão, para protegerem o “botão de vida”  que Deus colocou no jardim de seus lares.

O ônus da prevenção é muito mais barato do que a da remediação, porque depois, só há duas soluções: chorar a dor da perda e condecorar nosso Estádio como o recordista de perdas de vidas insubstituíveis. Esporte com responsabilidade é lazer e integração, fora isso é guerra e inversão dos valores morais.

Lúcio Reis








Belém, Pa, em 01 de Abril de 1984.



 SEGREDOS DIVINOS

Publicada no Jornal O Liberal edição de 03/04/1984 – Coluna Cartas


Semana recém finda, quanto completou mais um ano de vida e também 8 anos de morte clínica, porém  desconectada dos aparelhos artificiais, que segundo a ciência era condição fundamental que lhes proviam o viver, a jovem americana continua viva, mas, sem se aperceber ou reagir com o meio ambiente que a envolve.

Paralelamente a esse acontecimento, retornou, após alta hospitalar, ao seu domicilio e convívio familiar, a criança que submergiu e assim ficou por quase 30 minutos nas águas congeladas de um algo nos EUA.

Fatos dessa natureza, por si sós, creio, seriam suficientes a que fosse colocado um ponto final e, conseqüente perda inútil de tempo, nas tentativas cientificas de se querer buscar conclusões explicativas sobre o domínio à vida humana, segredo este, inscrito na fórmula mágica do milagre ímpar do Arquiteto do Universo, criador do astro-rei e de todos os intrincados-labirínticos da natureza e complexo funcional desde a célula até o conjunto harmônico de aparelhos orgânicos da espécie mais completa da classificação taxinômica.

As obras de arte que foram feitas pelo homem, vêm atravessando gerações e gerações, sem que outro homem consiga nada mais além de imitações e falsificações facilmente identificáveis por peritos no assunto.

O conhecer dos homens consegue evitar uma concepção, quer por meios físicos ou químicos; realiza fecundação de óvulo por um espermatozoide extra-uterinamente; tornou plausível e até amedrontador a erradicação da vida sobre a face do planeta, assim como pode controlar a proporção gente por área de metro quadrado sobre os 1/3 de solo globo terrestre. Porém, por mais que se esforce e se esmere, depois de milhões de anos de vida na terra, ele não conseguiu até hoje e, jamais conseguirá mostrar a força da vida, pois isto é uma das obras de arte de Deus e este ocultismo divino que esconde um coração e uma alma capaz de amar, como também de odiar, de perdoar como também condenar, de humilhar como também exultar e, dotar a fêmea-mãe do hormônio que lhe dá a capacidade sentimental de amar, amar e perdoar sempre a sua cria, por mais que ela envereda pelos caminhos tortuosos da vida, como ainda, dar a sua vida em troca da de seu filho ou filha. Isto tudo se entende, mas não se explica e nem se descobre o fio da meada.

Por isso, quando Deus, fez  o homem sua Imagem e Semelhança, não igual a Si, Ele sabia que mais tarde, em busca de deuses e explicações à origem da ávida, o homem com a inteligência que Ele mesmo lhe deu e que o diferencia do irracional e do vegetal, com o qual faz experiências através da engenharia genética e outras, concluiria por descobrir o milagre maior e assim teria a petulância, o egoísmo e a presunção de fazer para si só e particular o seu Deus e, a eliminar o objetivo fim e o motivo real da sua passagem por aqui.

É muito mais fácil e prático amar a Deus sobre todas as  coisas e a teu irmão como a ti mesmo, como até descobrir a cura para o câncer, do que ir a procura de explicações para os segredo divinos.
Lúcio Reis







Belém, Pa, em 01 de Março de 1984.


IDIOTIA


Publicada no Jornal O Liberal, edição de 01/03/1984 – Coluna Cartas


Recentemente os casos de combustíveis desperdiçados, quer o de origem fóssil, quer o de proveniência vegetal, têm ocorrido com tanta freqüência que seria aconselhável, creio eu, que o problema fosse olhado através de objetivas microscópicas eletrônicas.


O descarrilhamento de vagões tanques repletos de gasolina ou de álcool hidratado, com milhares e milhares de metros cúbicos, proporciona, além do prejuízo econômico direto aos cofres governamentais, diretamente repercute em nossas carteiras, pois somos nós mesmos quem arcamos com o ônus das importações, assim como pela produção de ambos, sofremos as consequências do desastre ecológico, como ocorreu em Bertioga-SP ou então somos agredidos ao termos que ver irmãos nossos exterminados, ainda na tenra idade, ou famílias inteiras dizimadas, além da destruição total de seus lares e patrimônio, fartos sucedidos em Pojuca-BA e Vila São José em Cubatão-SP.


O que causa estranheza, como foi o caso de Tailândia, são os responsáveis diante de uma câmera de TV, tentarem esconder entre os dedos um elefante, mesmo que este fique com o rabo de fora. Não seria diagnosticar que fossemos todos perfeitos idiotas, certas declarações ou explicações e justificativas?, como por exemplo:  dizer que o vazamento do oleoduto foi notado uns 60 minutos antes da catástrofe. Para que se incendeie uma área de 2 km por 150 m, necessário se torna bastante combustível, por outro lado já foi falado num vazamento em torno de 700 mil litros. Portanto, que se bombeie aquela quantidade em uma hora ou até mais, vá lá, mas, que vaze tudo aquilo naquele mesmo tempo, me parece estranho. Porém, admitamos que foi realmente entornamento, mas o não percebimento de despejamento de todo aquele líquido, é fruto de uma fiscalização não bem feita ou, negligente e displicente.


O noticiário já nos mostrou a apreensão de motoristas e retenção do veículo, por usarem GLP como combustível em seus táxis, pois colocava em risco a vida dos passageiros e de terceiros, já tendo mesmo havido perdas irreparáveis. Será que há alguma diferença entre o que mata usando gaz de cozinha no carro de aluguel, ou o que mata em conseqüência do cuidado inadequado no trato fiscalizatório ou condutório de produto altamente inflamável? No fim o resultado é um só: o desaparecimento  do muito que foi produzido e fruto do sacrifício de todos nós, e junto muitas e muitas valiosas vidas. Logo, as responsabilidades não são iguais? Tanto dos motoristas quanto dos homens que lidam com a mercadoria comprada a dólar?


Depois de tudo o que já testemunhamos de chocante, de trágico, de dor, de sofrimento e também de grandes prejuízos, só nos resta esperar que medidas severas, competentes e coercitivas sejam adotadas, independente dos reparos aos maus que proporcionaram à uma gama de filhos desta Terra, não aproveitando a desgraça deles para lhes vender imóveis do SFH, mas sim, lhes devolvendo o imóvel e todos os bens que lhes foram arrebatados. E que tudo sirva de exemplo preventivo, uma vez que dentro em breve estaremos mexendo com urânio enriquecido e todos já tivemos o alerta do “dia seguinte”, que na prática é bem pior. Será que seremos idiotas ao ponto de nos adiantarmos aqueles que detém o arsenal atômico?



Lúcio Reis







 Belém, Pa, em 28 de fevereiro de 1984.



IGUALDADE DE DIREITOS


É preceito constitucional, que todos, independente de credo, raça, cor e sexo, são iguais perante as leis e assim, em seus  direitos. Todavia, o Governo Estadual, através do BANPARÁ-Agência do Mosqueiro está arrepiando esse dispositivo da carta Magna Nacional, pois escalões superiores daquela Casa Bancária, segundo informação do gerente ou administrador da agência da Bucólica, orientaram os funcionários de lá, determinando que usuários não possuidores de Caderneta de Poupança sejam discriminados em seus direitos de atendimento.
O fato ocorreu em 28/02/84, quando tive que usar a referida Agência para pagar contas de consumo d’água. Ingressei no Estabelecimento Bancário e deparei com uma baita fila (o Brasil não progredi porque vive perdendo tempo em filas), que culminava na calçada externa. Fui ao guarda bancário e o interroguei se somente aquele caixa estava atendendo todos os casos, o que ele respondeu afirmativamente. Incontinente retornei ao final da coluna de usuários e fiquei a aguardar minha vez de atendimento, isto a partir das 09:00 às 11:30h.
Contudo comecei a perceber que a filha não diminuía e constatei que usuários retardatários e que chegavam depois de mim, se dirigiam ao balcão e imediatamente eram atendidos. Retornei ao segurança e indaguei-lhe se aquela fila não tinha finalidade, uma vez que aqueles que chegavam atrasados em relação aos que lá já se encontravam, contavam com a conivência dele, por ele eram orientados e logo atendidos, em detrimento dos que esperavam como eu na fila e assim ferindo o nosso direito de igualdade no atendimento.
Constatei que estava falando com a pessoa errada e então me dirigir ao gerente. Qual minha surpresa. Ele informou-me que estava cumprindo orientação e determinação superior para que, os portadores de Caderneta de Poupança tivessem atendimento privilegiado e prioritário. Tentei encontrar uma justificativa para o procedimento preconceituoso mas, a única explicação que me ocorreu é que aquele pessoal estava depositando, sacando e pagando suas contas com dólares e, como esta moeda é mais valorizada que a nossa, assim se justificaria a determinação.
Sei que esta bronca, como as milhares de ponderações e reclamações que vêm a público não sensibilizará nossos governantes. Só me resta dizer: enquanto o rolo compressor da administração incompetente e corrompida continuar grassando nos organismos de trato com o público contribuinte, consumidor e usuário, nossos direitos continuarão a serem esmagados pela máquina penra da burocracia improdutiva e que mais complica do que facilita. Muito obrigado. Sr Redator.

Lúcio Reis


Belém, Pa, em 06 de Fevereiro de 1984.


 15 ANOS DEPOIS




Longe de mim a pretensão de hostilizar e nem polemizar com quem quer que seja, especialmente com aqueles que assinam seus artigos, crônicas e colunas antes do cabeçalho, nesse  Matutino.


Na ínfima qualidade de leitor, dos grandes valores  esferográficos e dominadores de dissertação, que fazem esse veículo de comunicação, julgo ser um direito que me assisti, inferir, analisar e se me convir, emitir opinião sobre o que depreendi do que li. Sendo assim, é que me arrisco a tecer comentários sobre o tema da epígrafe, motivo de uma coluna dominical nesse Jornal.

- Os insucesso e derrocadas de certos empreendimentos sempre são vistos e previstos por quem não está inserido no seu desenrolar, é como o “peru” de uma partida de jogo de damas ou o exímio craque de futebol (temos os milhares deles), que sempre estão nas gerais e arquibancadas dos estádios. Vez por outra vem a público a preocupação emitida pelo Clero, quanto a proliferação de seitas, crenças e etc... e, por conseguinte, a perda e o afastamento de fieis dos templos católicos. Todavia, não se teve conhecimento de que tenha sido feito uma reavaliação, auto-áquilatação das técnicas e métodos empregados hodiernamente na Igreja de Pedro.


Há alguns anos surgiu o ECC (Encontro de Casais com Cristo), Cursilho de Cristandade e outros. Entendo eu, terem sido, ou são, ideias inteligentíssimas que promoveram de imediato o retorno de muitas ovelhas desgarradas do rebanho, ao cajado do Pastor. Contudo, com o decorrer dos meses a pintura foi mostrando sua outra face e, aqueles que ousavam, por terem sabido resguardar e preservar suas capacidades de discernimento, de critica e discordância, sua individualidade psicológica, foram rotulados de cordeiros negros e “personas non gratas”  para conviver com as vaquinhas de presépio e que não balbuciam o não.


Um exemplo de contradição, do reacionarismo, da incoerência, de auto-perfeição pretensiosa e, portanto, da intocabilidade tão arrogada e arrogante, está no arrazoado do articulista domingueiro, quando ele escreveu: “O Cursilho de Cristandade é bom e eficiente. Quem não presta são os que o traem”. Logo, uma asserção condenatória, desnudada da mínima ética fraternal. Continuando, o autor do artigo registra: “Quando vejo as pessoas exagerarem nas censuras aos pontos fracos que inegavelmente possuímos,  peço-lhes caridade e sensatez nos julgamentos”. Veja só: de lá para cá fel e daqui paras lá mel. Não seria isso egoísmo? Não seria isso uma escada de pouquíssimos degraus da subida da fé, do amor, e da humildade?


 Sabe-se da existência de seitas que fazem lavagens cerebral e aliciamentos de menores declaradamente. Por não ser aceito, mesmo que seja uma ideia genial,a mudança sequer de uma vírgula no script original, como se trouxesse a perfeição dos céus, não seria um tipo de sedução com filigranas outras, certos serviços de arrebanhamento de casais, de jovens e etc...? Será que se a manipulação do Evangelho do Cristo para o fim que ele encerra, fosse realmente realizada e, abdicassem dos usos dele com fins outros os resultados não seriam diversos? Pois tanto cristãos, como qualquer ser, já está saturado de demagogia, de promessas vãs e etc...


A hora que o santo sacrifício retornar a ser uma comunhão com Deus, ninguém se afastará dos templos.



Lúcio Reis



Belém do Pará, em 21 de janeiro de 1984.
Publicada no Jornal O Liberal em 25/01/1984

IMÓVEL E EDUCAÇÃO”

Interessado em zelar pela dignidade e bons princípios  do Conj. Império Amazônico, julgo ser um dever emitir a opinião infra, pois a mim parece haver a idéia de impopularizar e denegrir a imagem do referido conjunto, pelo mesmo não ser de 1ª categoria. E, também, com o intuito de alertar os moradores para o fim de salvaguardar o nome do local aonde somos domiciliados.

É em verdade que os fatos que se segurem: jogo de futebol e de voleibol; morador que espreme roupa, que bate tapete, que joga lixo, tudo pela janela; que põe lixo na lixeira não acondicionado em saco plástico; que varre  a frente de seu apto e deixa o sujo na escada; que não paga condomínio e nem o aluguel e quer exigir direitos; que rouba lâmpadas das áreas condominiais; que não respeita o horário de silêncio após as 22 horas; que pendura vasos de plantas nas paredes externas do prédio e aí as molha, não se importando se vai ou não ensopar alguém ou se o vaso pode cair no crânio de alguma criança; que risca, rouba pneus, gasolina, acessórios e faz de banco o caput, tudo do carro do vizinho; que escarra e cospe, bem como bate cinza de cigarro pela janela, inquilino que aluga o imóvel para encontros fortuitos; que aluga o apto para a família nº 2 (a da amante); morador que danifica “orelhão” da Telepará e, até rouba o fone do aparelho; rachaduras nas paredes; vazamentos hidráulicos, e aidna falta de água; são inerentes ao dia a dia do conjunto Império Amazônico.

Todavia, o que é fundamental, é que o rol de virtudes acima não é nenhum privilégio do Amazônico  e sim, porque os moradores são todos brasileiros, descendentes de índios, portanto é uma questão de cultura, de educação, de urbanismo, de sociabilidade e convívio em comunidade e por fim de sub-desenvolvimento, além de total desconhecimento e respeito de que onde termina o seu, começa o direito do outro.

Em  compensação não temos morador que desenhe e risque obsecenidade e palavrão nas paredes de elevadores, porque este nós não possuímos. Em contra partida esse item pode ser acrescidos à relação dos habitantes de prédios classificados na categoria “A”, que também detém todos aqueles artigos e problemas supra enumerados.

Observa-se que a maioria dos incivilizados não são os proprietários e que obedecem a teoria: não é meu, estou pagando (mesmo não o fazendo), por isso não  quero  nem saber. Como deve-se ressaltar também,  que há os que não compactuam com eles e rezam pelas cartilhas do cuidado, da higiene e do bom viver.

Em suma: quebrar propriedade alheia e até as de bem comum e uso coletivo, parece estar na corrente sanguínea dos brasileiros.
Lúcio Reis


 
Belém, Pa, em  19 de Janeiro de 1984.



IMÓVEL x SEGURANÇA




Publicada no Jornal O Liberal, edição de 21/01/1984 - Coluna Cartas



Recentemente os veículos de comunicação desse Grupo têm feito reportamento sobre matéria da epígrafe, mostrando a ação do nosso Corpo de Bombeiros, interditando, notificando e etc..., vários prédios e conjuntos habitacionais desta Capital, tal como: O Manuel Pinto da Silva, o Bloco “B” da A. Paraense, Santa Maria de Belém e o Império Amazônico, entre outros.


A atitude daquele órgão governamental é louvável e merece nosso irrestrito respeito, pois presume-se, a principio, que o objetivo é prevenção de fatos à lastimar. Contudo, há um porém a ser considerado e digno de interpelação, em face de certas circunstâncias, eu acho!


 Como ignorante que sou dos assuntos relacionados à construção civil, depreendo que toda edificação requer a priori e primordialmente um projeto, que para ser executado, fica condicionado a análise e aprovação do CREA, de órgãos municipais, estaduais, nos quais deve estar a Corporação do Fogo, que se agora se arroga o poder para privar, implica também, ao meu ver, que esses poderes poderiam se fazer valer antes do projeto sair da prancheta e ir para o canteiro de obras (que edifício aqui em Belém, quiçá no Brasil, possue escada de incêndio?)


Por outro lado, sabe-se também que o problema social da habitação, o sonho da casa própria, tem resolução no próprio povo brasileiro através de suas economias em caderneta de poupança e seus depósitos no FGTS. Sabe-se ainda, que são cerca de 40 milhões de depositantes e que somente uns 3 milhões, ou seja quase um por cento são mutuários do SFH. Sabe-se, outrossim, que há um Banco, o BNH, à gerir esses recursos. Há até a presença do intermediário no SFVH, são as financeiras.


Bem! Se o dinheiro é do povo que, para dele usufruir, via um imóvel, tem que pagar um seguro; Se o BNH só libera as verbas para as obras por etapa, implícito está que quando um empreendimento se conclui o  Banco exerceu sua ação fiscalizadora preservando os interesses dos depositantes e a idoneidade de seu nome; Se a financeira se põe no mercado à negociar as unidades habitacionais, deduz-se pela lógica, que a esta altura já detém o habite-se das entidades de saúde, possibilitando assim, a captação de futuros mutuários, ou seja o imóvel está APTO para uso. Sendo assim,  como explicar a notificação, por exemplo do Conjunto Império Amazônico, que foi entregue as adquirentes em novembro de 80, portanto há menos de 4 anos, tempo a meu ver, reduzidíssimo para uma obra de engenharia se deteriorar, depois de ter sofrido todas as fiscalizações e aprovações necessárias à sua execução e comercialização. Estranho não?


Fica mais esquisito, quando o órgão proibidor não se auto cuidou, estando passivo de inexistir por ter as pernas com fraturas expostas. É de estranhar também, quando se vê o porte e o luxo do Prédio da entidade criada para administrar a poupança de terceiros, sem tocar nas mordomias. É assustador os astronômicos % de reajuste, obrigando a quase todos se tornarem inadimplentes, fazendo que hoje se tenha 200 mil imóveis sem ter compradores para os mesmos.


 Vender u’a mercadoria com o rótulo de que é legal e logo em seguida tomá-la justificando que é imprópria para o uso, a isso, salvo melhor juízo, se denomina trambique, arapuca ou fruto de corrupção e, ao invés de solucionar um problema social vai originar mais um outro. Vamos ter mais seriedade. O povo já sofre demais. Tenha dó!


Lúcio Reis

Belém do Pará







Belém, Pa, em 14 de Janeiro de 1984.


AMOR E JUSTIÇA


Publicada no Jornal O Liberal edição de 18/01/1984 - Coluna  Cartas


Ao fazer a leitura obrigatória desse matutino, o do dia 14 de janeiro de 84, deparei com u’a moeda de faces antagônicas aos extremos, o que me levou a fazer o pequeno comentário abaixo, que se sua bondade permitir, gostaria de vê-lo publicado.
Sem pretender ser um maniqueísta, acredito, pois assim, desde Caim e Abel a história nos ensina, que o mal leva vantagem temporária sobre o bem, porém, jamais a vitória e a glória.

Li nesse Jornal a carta que o Sr. Itamar Pimentel Janaú, endereçou à Justiça inocentando sei filho Luiz Otávio de Melo Janaú, ora no Presídio São José, do ferimento que lhe fora causado pelo jovem, no auge de um desentendimento provocado pela ingestão de álcool. Virando a página do perdão e do amor paterno, na mesma folha estava a face oposta da moeda: “pai assassinou o filho por uma lata de sardinha, a qual iria matar a fome com a qual o rapaz acabou sendo morto”. Em fatos dessa natureza, como também, no de Talita e, neste mundo de lutas covardes, desiguais e injustas, têm-se que meditar, comparar e tentar colher um bom ou algum ensinamento, por que tudo que se sucede nesta vida, com certeza é uma constante lição do Mestre para nós, seus eternos discípulos queridos.

É evidente que o ponto negro só servirá de termo de comparação para enaltecer, que por si só, já é enorme, o gesto de perdão do pai para com o filho. É este ato de amor e desprendimento que vale a meditação.

 Não me cabe condenar ninguém, mas, analisar que o pobre rapaz já se encontra no cárcere, convivendo com “catapultas” que podem lhe arremessar para o mundo fora-da-lei com a cabeça e o coração cheios de revolta e ódio, concorrendo, talvez, indevidamente para a super população carcerária, enquanto que outros, quem sabe até mais perigosos, por contarem com amigos influentes e o poder do dinheiro, não se encontram livres e praticando toda sorte de delitos e malefícios à sociedade (será que o homicida do cidadão em frente a ex-sede do Joquei Clube, na Gov José Malcher, está com sua liberdade tolhida?).

No ocaso de 83 e na aurora de 84, vivemos envoltos pelo clima de festas, de amor, de perdão, tudo motivado pelo aniversário de nascimento do Redentor da humanidade e, a maior expressão pacifista que pisou este planeta. O seu representante aqui e agora, recentemente nos mostrou o exemplo do perdão ao desculpar o turco que há dois anos tentou sobre a sua existência.

Por isso, não seria bem melhor para todo o mundo, que o clima do Natal e a renovação das esperanças e da fé a cada ano que se inicia, bem como os exemplos de perdão e amor que nos foram dados, fossem incorporados aos nossos cotidianos e substituíssem o egoísmo, a inveja e o desentendimento que pairam sobre nossas cabeças e nossas almas? Com certeza, o amor ainda existe, nem tudo está perdido e até dá para recuperar a paz e a felicidade. Tente! Basta querer.
Lúcio Reis



Belém, Pa, em 27 de Dezembro de 1983.


CONSUMIR MAIS

Há nos veículos de comunicação um apelo para que se compre e se consuma mais, a fim de que o fantasma do desemprego não se abata sobre o empregado, em função do aumento ou retenção dos estoques de mercadorias nas vitrines e nos depósitos das lojas. Referido comercial tem como patrocinador o CDL.

Parece que determinados comércios, como é o caso de uma Loja de Móveis, estabelecida à Av Magalhães Barata esquina com a Trv Caldeira Castelo Branco, não entenderam o espírito do comercial, pois se dispuseram a pregar calote, se esta é a denominação que se dá, a quem vende u’a mercadoria que não dispõem dela para comercializar.

Existe nas praças comerciais do País, o SPC, que prega a segurança do consumidor mas, na verdade é uma garantia para os fornecedores, pois quem lá está registrado, não consegue aprovação de um cadastro comercial, ou fica condicionado a autorização do Serviço.

Como não há um Serviço que realmente resguarde o cidadão comprador do “maus” e “enganadores” comerciantes, uma vez que aqueles que se pensa idôneos, não o são, só resta trazer a público fatos dessa natureza, para quem de direito tomar conhecimento e as providências cabíveis, pois se tem a nítida impressão, a qual nos é repassada pelos gerentes e vendedores  do comércio, que todo cliente é um trambiqueiro e irresponsável em potencial.

É! Parece que todo mundo é safado até que prove o contrário, quando deveria ser: todo mundo é honesto até que mostre o antônimo., Ou será que brasileiro é sinônimo de desonestidade e protótipo de só fazer o lado errado? Ou será que ser correto e íntegro é motivo de vergonha ou u’a má virtude?
Lúcio Reis








EXEMPLO




Diz o ensinamento proverbial  que: “O trabalho dignifica o homem”. Pode-se acrescentar ao mesmo, também, o seguinte: “E nobilita aquilo ou aqueles que recebem a ação desse trabalho”.


Dos exemplos mais concretos e visíveis que se tem para observar nesta Cidade, é o clube social e recreativo, que se localiza à Rua dos Mundurucus com a Trv Quintino Bocaiúva, o Tênis Clube. Dirigido recentemente por duas diretoria jovens e dinâmicas, emergiu do esquecimento e da  obscuridade, impulsionado única e simplesmente pela força do trabalho dirigido e preocupado somente com o objetivo precípuo do bem estar e do proveito útil de seu quadro social, mola que dá suporte e impeli os feitos positivos dentro e fora da empresa de divertimento sadio para o corpo e para a mente, uma empresa de esportes.


Não seria nenhum favor que se indicasse aquela Agremiação como protótipo para aqueles que se propõem a manipular ou administrar o erário, e que tornam ou transformam esse tesouro em via para criação de um érebo, onde a situação caótica do alto custo de vida, vem a jogar todos aqueles que são contribuintes ou consumidores, pois os que não o são, lá dentro já estão há muito tempo.


Percebe-se que a circunstância: projeção pessoal não interfere e é item irrelevante, o que conta é a coletividade, o relevante é o produto final de um trabalho que fique para depois sem que administrações posteriores tenham que reparar ou acrescentar algo na obra realizada, pois cada uma é planejada e executada independente da preocupação de tirar proveito pessoal do custo do material e de tudo que for aplicado. No momento, o útil do trabalho ali realizado, extrapola as fronteiras murais e beneficia, até, os munícipes das redondezas, assim como à administração municipal, no que tange ao asseio e limpeza calçamento que demanda a lateral direita do Clube, pois la a Direção fez assentamento de calçada e assim, o Tênis Clube declara seu amor por Belém..


Poder-se-ia justificar, dizendo ser uma empresa de espaço físico pequeno, mas, tudo é questão de proporção. A empresa município ou estado, que são maiores, tem, evidentemente, um maior número de contribuintes, logo, um volume maior de renda e consequente receita, pois os itens de tributação, como todos sabem, são vários. O que se percebe é o uso ou aplicação inadequada. Exemplo disso, vale indicar a Av. Almt Barroso: quantas vezes somente este ano, num mesmo trecho foi realizado o mesmo tipo de trabalho? Conseqüentemente, quantos prejuízos já propiciou aos usuários que trafegam por ali?


 Precisamos saber escolher nosso Dirigentes e Administradores, necessitamos de homens ou mulheres que não visem a si próprios ou outros cargos políticos ou públicos, mas, que vejam no trabalho sério e honesto a meta imprescindível, que é o povo, ,item indispensável para a existência de uma sociedade, de um estado.


Lúcio Reis




 

Belém, Pa, em 19 de dezembro de 1983.



O cidadão a quem dirigi o expediente abaixo, foi redator no Jornal O Liberal e portanto, quem também deu-me oportunidade a expor publicamente meus conceitos e opiniões.



Ilmo Sr. Anselmo Gama



Ao apagar das luzes deste ano, gostaria de deixar registrado ao ilustre cidadão e profissional de estirpe e escol, isto sem nenhuma bajulação, mas, somente tentando externa minha interpretação em relação ao homem de jornal, meus sinceros agradecimentos, por ter podido contar, no decorrer destes 12 meses, com a guarida, o beneplácito e a atenção desse membro da imprensa local, que escolhido foi, pelo Senhor Supremo, para ser, imparcialmente, como o é, o porta-voz dos humildes, dos fracos, dos oprimidos, dos injustiçados.


Nessa honrosa e digna função, o prezado amigo, me permita assim o considerar e referir-me, com certeza deve ter amealhado um fabuloso saldo credor, não aqui, porém, para o seu Juízo Final, que por certo ser-lhe-á bastante atenuante para os senões, que como ser humano, pode ter cometido. Todavia, é bom lembrar que só erra, quem não faz nada, o que já é um erro. Porém, o mais importante é colher dos tropeços o ensinamento e, acredito assim deve ser o procedimento e o pautar de viver do prezado amigo.


Renovando o meu muito obrigado, abraça-o com os braços do coração e com a voz e a mente da alma, formulo-lhe os amais ardentes e verdadeiros votos de um feliz Natal e o Ano que se inicia e para o qual se acendem todas as luzes, seja transbordante de sucesso, de muita paz, muito amor e felicidade nos entendimentos, obviamente tudo ostensivamente aos seus familiares.



Lúcio Reis




  



Belém, Pa, em 23 de Novembro de 1983.

APELO

 Publicada na edição do Jornal O Liberal de 04/12/1983 - CARTAS


Senhor Redator...


Se possível, gostaria, encarecidamente, que esse Jornal veiculasse a carta abaixo. O destinatário, além de seus milhares de leitores, com certeza vai tomar conhecimento da mesma:
“Nestes últimos tempos tem-se visto muitas reclamações pacifistas, quanto ao destino que pretendem dar às Tuas obras de arte, tal como: a natureza, o homem, os animais, os vegetais, em fim o nosso planeta.
Por longos anos eles tentaram provar cientificamente como efetuastes o “sopro da vida” aos seres vivos. Em nada conseguindo, atribuem o fato a ação de um Ser Supremo, divino, porque eles têm vergonha de admitirem foram feitos a Tua Imagem e Semelhança e, não iguais a Ti. Por isso e, como se fosse um ato de represália, depois de só conseguirem a prole de proveta, mesmo antes de conseguirem a eliminação do câncer, eles não dão ouvidos aos milhares de reclamantes espalhados por todo mundo e, ouve e lê sôo que eles andam aprontando:
- Com a justificativa de que: “se queres a paz, prepara-te para a guerra”, desandaram a criar um arsenal atômico com poder devastador tamanho, que nem, eles mesmos podem imaginar, pois se tem a nítida impressão que eles julgam que não sucumbirão ao poder destruidor de seus engenhos;
 - Talvez, um pouco antes da hecatombe hiroximiana, que eles almejam levar o universo, tudo o que aqui esta, será enfeado, por causa de um tal efeito estufa, que eles, desculpando-se com um desenvolvimento industrial, vão provocar, jogando diariamente em Tua atmosfera quilos e mais quilos de mono ou dióxido de carbono (uma fumaça escura que sai das chaminés e das descargas dos carros e que é nociva aos nossos pulmões e já tem dado origem ao nascimento de bebes sem cérebro);
- Para Teres uma ideia sucinta de como os procedimentos caminham por aqui, vou relacionar alguns fatos, se achares que são absurdos, Te confesso que não estou inventando e nem mentindo, é verdade mesmo: “Criminosos e corruptos têm tratamento privilegiado, desde que tenha posses e, mesmo depois de serem condenados a pagar pelos seus erros, conseguem  fugir”; “Tuas criaturas que tem uma maior concentração de melanina nas células, são discriminadas e muito”; “Tuas palavras e Teus ensinamentos foram desvirtuados e fazem verdadeiro comércio de Teu Evangelho”; “Os que ganham menos, pagam moradia, transporte, alimentação e etc..., enquanto os que ganham mais tem tudo de graça”; “Crianças são fuziladas por projéteis calibre 45 ou então pelos do calibre da fome, da sede e da falta dos mais elementares direitos”; “Divertimentos e lazer, não possuem o mínimo de moral, é uma total apelação ao comércio do imoral, do pornográfico, em nada instruem e também não diferem muito de Sodoma e Gomorra”.
Poder-se-ia ir fazer queixa aos Teus representantes aqui, mas, eles estão preocupados muito mais com outras coisas, para eles o concreto é mais importante do que o abstrato.
Mas acho que tenho a solução para todo o problema. E esta só dependi de Ti. Sugiro que voltes aqui e passes alguns dias conosco, pois como podes ver, estão para destruir em poucos segundos, tudo o que fizestes em 7 dias. E depois que fostes embora, todo o amor, o perdão, a igualdade e a paz que ensinastes, foram substituídos nos corações, por ódio, vingança, ganância, crueldade e injustiça.
Muito obrigado pela atenção e por favor não se demore.

Lúcio Reis





Belém, Pa, em 17 de Novembro de 1983.



 
COMÉRCIO




Publicada no Jornal O Liberal de 29/11/1983 - Cartas 



Já há algum tempo não se lê nessa sua tão importante coluna, noticias de usuários, seus leitores, bronqueando contra motoristas de táxi, que a guisa  de escolha de melhores corridas, deixa o cidadão(ã) no meio-fio, as vezes sob as intemperes do tempo, até que um profissional  mais responsável e menos ganancioso o conduza ao destino pretendido.


Hoje em dia, forçada por uma propulsão sem barreiras do custo de um deslocamento, as situações se modificaram e as posições se inverteram, pois o que se constata são extensas filhas de carros de aluguel, em frente de hospitais, super mercados, rodoviária e etc..., a espera ou rodando, a cata de um abençoado passageiro, agora disputado a cada cm de via pública, quer seja longa os mesmo de poucos quarteirões a viagem a ser realizada.


Viu-se e leu-se recentemente reportagem sobre feirantes desta Capital, que reclamavam a evasão de consumidores para seus produtos. Por outro lado, houve uma época em que o hábito e as circunstâncias indicavam serem as  feiras-livres o comércio propício às compras, pois economicamente elas ofereciam considerável vantagem. Acredito, ter sido aquele período que enseja o assalariado possuir conta de poupança. Outrossim, creio que  o motivo da fuga e da mudança de costume esteja diretamente atrelada aos preços impróprios e bem mais altos dos que são ofertados nos super-mercados.


Sabe-se também, pelas ponderações feitas, que há feirantes que se instalam à margem das feiras e comercializam os mesmos produtos com preços mais accessíveis. Logo, qualquer pessoa em sã consciência procura a rede de super-mercado, onde não há lama, onde o espaço e a higiene são maiores e melhores, o clima é ameno, e assim fica muito mais lucrativo para o consumidor. Por conseguinte a feira-livre caminha em direção ao “já teve”, por suas próprias pernas.


Estamos às vésperas de uma nova majoração das passagens dos transportes coletivos de Belém. Atualmente se noticia a falta de consideração e senso de profissionalismo dos homens do volante, as vezes jogando passageiros ao solo, as vezes sendo descortês com o usuário, outras deixando vários deles com o braço estendido, nas paradas, apesar de não estarem com a lotação completa, em ocasiões outras dirigindo irresponsavelmente colocando em riscos as vidas dos conduzidos e dos pedestres, ou então ao se ingressar no transporte depara-se com o cobrador todo desabotoado, os pés suspensos, como se estivesse em pleno relax numa praia; isto tudo sem levar em conta o estado de sujeira e os currais internos nos ônibus. Analisando-se o desenrolar dos fatos, pode-se concluir que o usuário de transporte coletivo deixará de usá-lo ou reduzirá o uso, por falta de meios para o custeio.


O que vem sucedendo deveria servir de exemplo e lição, para que o povão constatasse ser ele o mais importante, imprescindível mesmo, pois no meio do mundo há um balcão, onde de um lado tem um vendedor e do outro um comprador, todavia, sem a existência do último não há comércio.



  
Lúcio Reis






  

 
Belém, Pa, em 30 de outubro de 1983.

 ESPORTE


Publicada na edição do Jornal O Liberal de 04/11/1983 - Cartas


Já foi propalado que o futebol é ópio do povo. Todavia, começa a gerar inquietação nos meios diretivos desportivos, o fato de que os espectadores das praças de esportes não estarem mais querendo usar aquele “narcótico”, e que eles têm comprovado com a redução da quantidade de torcedores aos estádios e por via direta o insucesso das bilheterias, o que os têm levado a reunir, contando inclusive, com a  presença de empresários de transportes coletivos, órgão de trânsito e  etc..., com o objetivo de detectar a causa da evasão crescente.

A inferior qualidade, a inexistência de técnica e uma crescente onde de brutalidade e violência empanando o que poderia vir a ser um espetáculo de graça, de criatividade e de êxtase durante 90 minutos, que se prolongariam por mais tempos em largas roda, onde esbanjariam elogios às mais vibrantes e leais jogadas ou às inteligências nos dribles desconcertantes, não seriam a origem primeira desse abandono aos prélios futebolísticos?

Uma segunda causa não poderia ser, a exemplo de tudo que se oferece hoje em dia ao povão, os preços proibitivos, pois os que detém posses não se “anestesiam” com o futebol, mas, com outros “produtos” mais sofisticados.

É bem verdade que a porcaria que é colocada às prateleiras dos campos do esporte rei, não é um privilégio local ou regional, nem tampouco é só do sexo masculino, ela rotula também os ditos grandes clubes e tem seu ponto alto na Seleção Canarinho, que outrora aglomerava e resumia o verdadeiro futebol que só nós os brasileiros sabemos jogar. Mas o valor caiu tanto que toda uma equipe foi substituída por uma simples moeda.

Ofereça-se qualidade, elimine-se as degradações e indecências que proliferam tanto dentro das 4 linhas, quanto as que emergem das bocas dos túneis, ou aquelas monstruosidades que saem dos cassetetes e atingem as gerais e arquibancadas e ter-se-á de volta o torcedor, pois o Brasil é FSC (futebol, samba e cachaça). Pois a continuar os espetáculos degradantes, onde o que menos há é futebol, é preferível aplicar os cinco bi na construção de ringues de boxe, de luta livre e etc...


Lúcio Reis





 Belém, Pa, em 22 de Outubro de 1983.


MATANÇA

A matéria abaixo tem reprodução em matéria jornalística na edição do Jornal O Liberal de 23/10/1983 - 1º Caderno

Quem  pensar que o NAZISMO foi exterminado, engana-se. Guardando as proporções, ele está instalado e a todo vapor bem aí em Santa Izabel do Pará.

Isto nos foi mostrado sexta-feira dia 21 pela TV Liberal e, creio que assim como a mim, a muitos agrediu e chocou severamente, quando se viu as cenas de incineração covarde de milhares de pintinhos de apenas 3 dias de vida.

Que o custo da ração tenha subido 200% é simplesmente uma desculpa para ausência de u’a massa cinzenta dotada de boas virtudes e que só reflete e comprova a presença de um caráter doente, ganancioso e que se locomove com auxílio de muletas.

Em pouco tempo não nascem 40.000 filhotes, naturalmente. É óbvio que foi feita procriação insana, com uso de incubadora. Eis a explicação para o absurdo do custo de um ovo.

Por mentalidades desse tipo é que o Brasil ficou menor do que o abismo e acabou caindo dentro. Acreditamos que a sociedade protetora de animais ou quem de direito, se porá em campo e achará uma saída e uma solução racional e útil para tantas vidas e alimento protéico e assim coibirá esse predatismo sádico, esse holocausto aviário, esse extermínio Heroidiano e irresponsável, pois é evidente que crianças não estão morrendo de gula mas, por uma grande carência alimentar.


Lúcio Reis




 Belém do Pará, em 18 de outubro de 1983.



OPÇÃO PELOS POBRES’


Quem tem olhos para ver, que veja, pois mais uma vez nos foi mostrado, bem como a todo o Brasil pela TV Liberal, domingo p.p., quando rodava o programa “Fantástico”.


Refiro-me especificamente a vergonhosa e descabida atitude da Igreja de Aparecida, em São Paulo, ao eregir um muro para evitar que leigos e menos favorecidos, aproveitando a boa fé daqueles fieis que entendem que comprando santinhos, fitas, livros, imagens e etc... vão alcançar a paz eterna, fossem concorrer com o ganancioso comércio que a própria Igreja proporciona naquela Paróquia, mesmo a despeito de que o Evangelho nos ensina de que o Cristo expulsou os vendilhões do Templo. Não bastasse o indecente muro, insuficiente para o jeitinho brasileiro, há também uma guarda violenta e que baixa não o chicote, mas o pau, impunemente, somente nos que fazem a concorrência, não tendo livrado nem a cara da repórter, que sendo do dito sexo frágil, recebeu o descortês e brutal tratamento, imagine o que eles devem fazer com um pobre do sexo masculino. Ao ser procurado pela repórter, o Padre relações públicas da Igreja, começou cinicamente negando a arbitrariedade, aliás atitude bem conhecida, lembram da emboscada do Araguaia no sul do Pará? Passando a lamentar quando a profissional de TV declarou ter sido ela mesma uma das vitimas do inconsequente guarda.


Depois vem a CNBB inocentemente se declarar surpresa com o aparecimento de muitas seitas e, a debandada de católicos da Igreja de São Pedro.


O povo já está cheio de “Eu prometo”, ir a missa para assistir comício político e críticas a uma situação que ele sente diariamente em seu bolso, pois é com o suor de seu rosto que ele tira o sustento de sua família e não  de Campanhas da Fraternidade, nem de verbas oriundas do exterior, nem do comércio da palavra e das coisas de Deus, nem tampouco de coletas no interior de templos, como aceitar que quem desfruta desses privilégios se arrogue do direito de censura? De parasitas já estamos fartos.


Aqui mesmo em Belém temos um exemplo concreto da opção pelos pobres. Experimente matematicamente descobrir o custo de um metro quadrado, que a Igreja aluga para um sub-empregado desenvolver seu comércio em apenas 15 dias de festa de Nazaré. Tente! E veja que exploração.


Já houve desculpa que a opção pelos ricos e os de poder, foi motivo de descontentamento, todavia, pelo que se pode deduzir é que do pobre, apesar de que cada um só pode contribuir com pouco para o tabagismo, mordomias clericais, Itacís para lá, Sínodos para cá. Mas, o número é muito maior, como sempre foi, e é mais fácil conduzir e tirar do pouco que essa maioria tem.


Recentemente o Brasil todo se deu a mão em prol de nosso sofridos nordestinos, porém, a exceção da contribuição oriunda do Vaticano, o que a Igreja e o clero do Brasil fizeram? Nada. A não ser pedir dos seus seguidores e rotularem as doações como se fossem deles e depois rezar missa em sinal de protesto.

 


Lúcio Reis






 O fato abordado na matéria abaixo, ilustra o "modus operandis" de alguns ou da maioria dos cidadãos que tiveram ou tem às suas mãos a responsabilidade de gerir, dirigir, administrar alguma instituição e na qual se insere os interesses da coletividade e assim fui e foi-me possível ir galgando experiências ante deslizes e com os quais jamais pactuei. Sem dúvida que no seio desses inconsequentes há sim os responsáveis e sérios e, como podem constatar foi um fato ocorrido há 30 anos e num clube social:




Belém do Pará, em 25 de maio de 1983.
À Diretoria


Antes de ter aceito a incumbência de administrar esse Clube, no que concerne a pessoal e etc... e assim, cooperar com essa diretoria em sua gestão, fui informado de que a desorganização era um imperativo no cotidiano desta Agremiação, desde a Portaria até os arquivos de Secretaria. Este fato, pude ratificar no decorrer destes poucos meses que estou imbuído na Gerência do Tênis Clube. O que  mais confirma a alta bagunça são os milhares de cruzeiros desembolsados a títulos de multa, juros e correção monetária e etc..., em prol do IAPAS, do FGTS, do Ministério do Trabalho e a outros.

O que me tem sido possível reparar e melhorar, o tenho feito, bem como o que consigo evitar, também não meço esforços para fazê-lo, pois se trata nada mais, nada menos, de uma obrigação diante do compromisso assumido frente a essa Diretoria, de que aqui viria com o único propósito de trabalhar e com isso fazer jus honestamente, ao salário combinado e, não desapontar o associado Ten-Cel Humberto da Costa Chaves, que me indicou e deu seu aval de mim para essa Direção. Aliás, devo esclarecer-vos que para ele se volta toda a minha preocupação em sempre honrar a confiança que o mesmo deposita em mim, desde a época em que fui seu auxiliar e comandado dentro da Caserna, onde também aprendi ser leal, franco, honesto, ter censo de responsabilidade e cumprir com minhas obrigações, aliado, obviamente, ao crédito que essa Direção houve por bem me dar, pois lembro-me que tão logo aqui cheguei sempre havia a presença, mesmo de passagem, de um ou de outro diretor nesta Sede, e que agora salvo a Presidência, é raro se encontrar um outro. Nesta observação não vai nenhuma censura, pois a vejo como que todos tenham acreditado e confiado em nosso trabalho, sem falsa modéstia e sem nenhuma presunção de ser necessário ou imprescindível ou até mesmo insubstituível, nada disso. Esta minha observação se comprova ainda, pelo livro de presença em reunião de Diretoria.

Devo registrar, também, ser sabedor de que não sou nenhum protótipo de sabedoria ou de caracter.

Além da desorganização, pude constatar neste 10 meses que me encontro neste Clube, que apesar de ser um “Davi” em espaço físico é um “Golias” em termos de intriga, de disse-me-disse e futricas, o que graças a Deus, não me contagiou e nem contaminou, pois como disse acima, que já aprendi a ser leal, isto me tornou imune a essa epidemia, portanto, quando em conversa, falei ao Sr. Dr. José Barros, ter deduzido que aqueles que se opuseram as proposições dessa Diretoria em Assembleia Geral de 16 de maio do corrente, para lá já foram prevenidos, de vez que minutos antes da mesma, interpretei estar o Sr. Altino Pinheiro um tanto preocupado, uma vez que o mesmo foi ao encontro do Sr. Dr. Chalu Pacheco lá na rua, onde antes de entrarem ficaram a dialogar, para em seguida subirem à Assembleia.

Ilustrei minha interpretação pelo fato de que o detentor do maior número de ações ter sido, juntamente com o dr. Garibaldi,  Sr. Aluisio Franco, sr Cláudio Martins, Mario Rubem, sr. Walter Soares, Mario Antonio, Carlos Abnader e outros, os que compunham a mesa e que discutiam ostensivamente em alto e bom som, com o sr. Dr. Aluisio Chaves, as proposições que seriam pautadas naquela Assembleia Geral, o que por ter boa audição, eu, como todas as pessoas que estavam ou estivessem às proximidades daquela mesa, facilmente tomaram conhecimento do que era discutido naquela roda de associados, por isso, quando comentei com a Presidência do Clube, a prevenção da ala opositora, jamais me ocorreu, mesmo que por menor que seja, a intenção de fuxicar, o que em hipótese alguma poderia se caracterizar como tal, uma vez que dialoguei em cima de um assunto que foi tratado em público e para quem quisesse ouvir, portanto,  sem nenhum caráter sigiloso, confidencial ou particular; e nem ser o elo de desconfiança entre quem quer que seja, pois na minha formação de caráter isto não foi nenhum dos componentes, e assim posso lhes afiançar, se um dia minha situação sócio-econômica-financeira permitir jamais compraria uma ação do Tênis Clube do Pará e se até mesmo, a mim de presente fosse dado uma, não aceitaria e desculpem o desabafo, uma boa parcela dessa coletividade não necessita de um Corpo Diretivo e nem tampouco de uma administração gerencial, mas sim de um “domador”. É bem verdade, no meio de muito joio, há também muito trigo.

Portanto, como fui convidado a trabalhar por V. Sas., e com V. Sas., sou consciente de que não sou efetivo e nem vitalício neste cargo, logo, sei também que se ainda permanecer será por consentimento dos Srs, pois a função não me envaidece, não me subiu a cabeça e não dela que tiro o sustento dos meus. E sendo assim, não cabe a mim colocar a disposição de V. Sas., o presente cargo, pois ele já se encontra a vossa disposição.

Muito obrigado pela atenção.


Lúcio Reis



Belém do Pará, em 27 de junho de 1983.

 À Direção do Instituto Adventista Grão Pará.








Sou pai e responsável por um casal de alunos desse Estabelecimento de Ensino e, hoje ao me dirigir a esse Colégio, a fim de ir buscar meus filhos, para o retorno ao nosso lar, me detive por um considerável espaço de tempo à frente do i. a. Grão Pará, pois minha filha realizava sua última verificação do primeiro semestre escolar e, no decorrer dessa espera pude presenciar os relacionamentos entre discentes dessa Escola e ambulantes de goluseimas que demoram no calçamento dessa Casa  de Aprendizagem. Em função de fatos que observei, resolvi tomar a presente iniciativa, com o intuito primeiro de cooperação e segundo por não admitir o pecado da omissão:

1 - Em relação a patogenia bacteriana e etc..., não há o que discutir, pois pela apresentação dos vendedores e os utensílios por eles usados é muito fácil de se chegar a um diagnóstico, obviamente, prejudicial à saúde das crianças. Entendam por favor, não haver nenhuma discriminação de minha parte, em função da indumentária de um ser vivente, não se cogita aqui a condenação do ser humano pela roupa que usa e sim a higiene dispensada a si próprios;

2 – Em se pensar na proibição do comércio, acredito não seja a solução mais adequada, pois vi, pais e mães, adquirindo os alimentos para ingestão  suas e de seus filhos, o que por consequência é uma questão de princípio e conscientização, bem como conhecimento dos mais elementares hábitos salutares, pois esta seria a melhor resolução, uma vez que todo comércio só depende única e exclusivamente do consumidor e, se este não existir, eles, os vendedores, evidentemente procurariam outros arredores;

3 – O fato que mais me chamou a atenção, foi o relacionamento afetivo entre o dono do comércio e alunas desse Prédio. Não vai aqui, nenhuma gota de péssimos mas, tão somente uma prevenção, pois o “se eu soubesse” só vem depois. Essa Direção pode ratificar, caso se dispurser em colocar um observador; que sempre há um considerável número de meninas ao redor da bicicleta, entre elas há uma lourinha que detém maior liberdade e que até recebe afagos em seus cabelos; além desta há uma morena clara que faz jus a doação de suco em plástico e uma terceira que também recebe mais atenção;

4 – O outro fato que me despertou, é a promiscuidade e anti-higiênico, pois as crianças adquirirem aqueles recipientes plásticos contendo suco e o mesmo passa, as vezes, até por 5 (cinco) bocas, cada qual dando uma pequena prova no alimento nocivo e incompatível, sem contar também, que o picolé que o vendedor comprou para si, depois de tê-lo chupado, ofereceu-o àquelas meninas para que o experimentasse, o que foi aceito.

Como se tem conhecimento que estas são táticas de aliciamento para futuros consumidores de tóxicos, vai aí o meu alerta. Devo esclarecer-vos que em relação aos meus filhos, já há muito venho instruindo-os e adotando medidas em não lhes dar condições de adquirirem nada em termos de alimentos extra nossa mesa.

Sou conhecedor que é um problema difícil de ser equacionado, pois como já citei, há uma ausência de conscientização de base, o que se reflete nos próprios adultos, todavia, caso venha a suceder, o que não espero, o pior, estou tranquilo, pois não me omiti. Sou também, sabedor que essa Direção já trouxe o problema a baila e o comentou em reunião de pais e mestres, por isso esta também isenta da omissão, contudo, seu nome e reputação está em jogo. Muito obrigado pela atenção.

Lúcio Reis




Belém, Pa, em 04 de Janeiro de 1983.

RESPONSABILIDADES

Publicada na edição do Jornal O Liberal em data no inico de janeiro de 1983
Passamos por mais um 25 e um 31 de dezembro, quando mais uma vez o clima de  fraternidade e confraternização se pode sentir, com a concretização desse clima através das trocas de presentes, cartões de boas festas, de feliz ano-novo e, os desejos recíprocos-verbais do que há de melhor de uns para os outros.

Todavia, nos últimos dias do ano que findou, acompanhamos, lamentando pesarosa e profundamente os maus momentos que foram reservados a um grande número de famílias, cujos responsáveis, com certeza não foram os agentes diretos, pela situação que até agora devem estar amargando, onde o reflexo mais acentuado deve ter sido nas crianças daqueles lares, pelo fato de seus pais não terem tido a condição de, vestidos de vermelho, provocado a satisfação, o sorriso e aquele brilho inconfundível que brota dos olhinhos de quem encontra sob a sua rede ou caminha, uma bola ou uma boneca ou até mesmo um carrinho, por mais barato que sejam, contanto que isto aconteça na manhã do dia 25 de dezembro.

Se os salários não foram pagos por vários meses, é muito fácil que se deduza, que alguém ou alguns foram responsáveis direta e indiretamente, para que muitos lares se ressentissem da ausência de algum ente querido que desgraçadamente foi internado naquele Nosocômio e isto para sempre.

Sem pretender julgar quem quer que seja, pois sou também humano e assim, passivo de tropeços e falhas, gostaria apenas de lembrar que Alguém não deve ter abençoado os votos de felicitações natalinas, almejados nas festas que acabamos de viver, pois seu coração deve estar triste com os cérebros que coordenaram as palavras de: Feliz Natal e prospero Ano Novo, pois deles também veio a falta de administração correta, que em conseqüência originou muito desespero, muito choro em muitos lares.

Portanto, espero que a presente tenha o único objetivo de roçar mesmo que de leve a mente e o coração daqueles a quem Deus houve por bem permitir que sejam os responsáveis pelos destinos de varias famílias, quer livrando algum membro de uma moléstia, que para o destino o leve ou entregando mensalmente aos seus auxiliares o numerário a que fizeram jus pelo seus desempenhos profissionais. E, não apaguem de suas mentes que o mais humilde servente ao mais alto na escala funcional, são todos filhos do mesmo Pai e, sobre os quais brilha o mesmo sol e cai a mesma chuva.


Lúcio Reis




Belém, Pa, em 18 de Dezembro de 1982.


 DIAS DE FESTAS




Os dias que ora vivemos, nos impelem a transmitir certos desejos que gostaríamos fossem tornados realizáveis por grande parte da humanidade, pois, em assim sendo, todos os dias do ano, todas as horas e todos os instantes, seria época, não de se almejar, sem realmente sentir, mas de se viver os votos de “Boas Festas”, de “Paz”, de “Felicidade” e de “prosperidade”.

Não tenho a pretensão disfarçada de nenhum outro objetivo, se não o de traduzir minhas interpretações mentais, pois sou também, mais um daqueles que torce por um mundo melhor, mais humanamente racional e compreensível entre todos os nascidos neste berço verde e amarelo e até entre nós e todos os outros viventes deste planeta.

Não descobri nenhuma fórmula mágica, nenhum outro tipo de bússola para o “Globo”, nem tampouco algum milagre, pois meramente debruçar-me-ei sobre fatos corriqueiros e bem conhecidos no cotidiano de cada um de nós, quase todos eles com as soluções ao alcance de nossas vontades e determinações, pois bem recentemente tivéssemos provas palpáveis e contundentes da importância do povo, a qual tem forças suficientemente capazes de desviar o desenrolar da história de uma terra.

Pois bem! Os acontecimentos são: “ninguém implanta um comércio, quer seja de panificação, de transporte coletivo, de gêneros de primeira necessidade, de vestuário, de construção e etc... para si mesmo e nenhum é exclusivo, por isso, por que aceitar passivamente os preços impostos e, todos os dias alterados para maior? Por que receber o mau trato e a falta de atenção, se você é o fator mais importante e imprescindível? Por que, por exemplo, usar um coletivo, no qual o trocador e o condutor vão lhe desrespeitar, onde você vai pagar, por nada de conforto e por tudo de insegurança, colocando sua impagável vida, a mercê de um irresponsável? Por que ficar implorando ao lado de fora de um balcão, para receber um objeto o qual você já indenizou, quando muitos outros estão vazios e dispostos a lhe receber com um sorriso e cordialidade”?

Não! Não há necessidade de violência, basta que você, simplesmente exerça sua liberdade de escolha, pois as opções existem.

Resumindo, caro leitor, a partir do momento que cada um respeitar o limite de seis direitos e não infringir e nem ultrapassar a fronteira do que pertence ao seu semelhante, como seja: a faixa do pedestre, o silêncio noturno, o recesso do lar, a segurança da cada um e coletiva, a propriedade individual, a decência e os bons costumes, o direito a vida, a liberdade de ir e vir, o direito de nascer, o direito de sobreviver, o direito de ser ancião, o direito de ser portador de um mal e ter direito de ser tratado, o direito de ter maior ou menor concentração de melalina e receber toda consideração, principalmente como humano, imagem e semelhança de Deus, por certo não teremos um mundo com asinhas brancas, pois compreendo que não há no planeta terra duas impressões digitais iguais, porém, teríamos com absoluta certeza um convívio bem melhor e que para todos os seres viventes, principalmente os da América Central, do Líbano, da Polônia, do Irã, do Afeganistão, do Iraque e outros mais, seria Natal e todos os instantes seria o inicio de um Ano-Novo.
Lúcio Reis




Belém, Pa, em 12 de Setembro de 1982.

O CRONISTA E SEU POSICIONAMENTO


Ilmo Sr Redator da coluna Cartas do Jornal O Liberal
Publicada no Jornal O Liberal edição de 14/09/1982 -Cartas

Crise

Reputo como uma das leituras obrigatórias dominicais, o Sr Emir Bemerguy, desse matutino. Respeitando logicamente os seus argumentos e aspectos óticos interpretativos, diante dos fatos que nos saltam aos olhos, gostaria, com a aquiescência do articulista e por estar num País, onde se goza de total liberdade, que nos facultar vaiar, aplaudir, gritar, tirar a camisa, jogar bola de papel, compor letras musicais, tudo de conformidade com a vontade de cada um – vimos tudo isso, na finalíssima do MPB – de fazer pequenas colocações em função do seu artigo “Crise desnecessária”, tornado público em 12 do corrente.

Concordo plenamente, quando o Sr. Emir declara não ser vaquinha de presépio e entendo que se a maioria dos cristãos não o fossem, o cristianismo não estaria em crise, como está, haja visto a grande proliferação de crenças e cultos, abrindo leque de opções, e que já provocou a preocupação por parte da alta cúpula do clero brasileiro e creio até,  que o motivo dessa evasão se deva ao rumo diverso que muitos do clero pretendem conduzir a Igreja de Cristo Jesus e também as muitas divergências internas. Será que o Dr. Demócrito Noronha, também não estaria discordando, profissionalmente, dos pseudos-profissionais, que deveriam usar batina, que não deveriam ser escravos do vício (tabagismo) e que deveriam  ser os primeiros a pregarem a paz e não o ódio, principalmente os de passaporte que provocam o derramamento de sangue?

O Sr Emir, em determinado trecho diz que nenhum fiel pode proporcionar ao mundo o espetáculo de divergir publicamente dos seus pastores. Diante desta afirmação, pergunto: “Como fica o caso de ser vaquinha, quando se entende que aqueles pastores querem arrebanhar lobos?”  Que o Sr me diz sobre as 3 negações de Pedro, não é um pregador qualquer, mas, sim ao maior pacifista e fundador do Cristianismo no mundo?

Será que um profissional que já galgou degraus relevantes de sua carreira, acostumado a lidar com processos idênticos aos do Camio e Gouriou e que paralelamente tem uma vivência importante no seio religioso desta Terra, ocupando por 8 anos, um posto na diretoria, responsável pelo sucesso de uma das maiores, se não a maior do Brasil, demonstração de fé cristã, que é o Círio de Nazaré, já não solidificou com o cimento da honradez e honestidade seu caracter e personalidade, para saber discernir entre uma e outra situação, com lucidez de um verdadeiro cristão? Ou será que ele teria que ser desbriado e negligente com a sociedade e principalmente consigo, agredindo seus princípios morais e cristãos, fugindo de suas responsabilidades funcionais, de onde provem o sustento seu e de sua família, para atender as conveniências dos que pregam os mistérios, que não se coadunam com os da Santíssima Trindade, se tornando portanto, conivente e omisso e por conseguinte mais uma vaquinha?

Perguntaria também, caso o sr. P. Casaldáliga, por exemplo, viesse a sentar no banco, no qual os franceses usaram, se o procurador militar teria que se sentir impedido em face de sua condição de católico praticante?

Que se dizer para as divergências internas e que são do conhecimento público, como: Marcel Lefébvre x Vaticano, frei Boaventura Kloppenburg x Leonardo Boff, dom Geraldo Sigaud x P. Casaldáliga, dom José F. Falcão x G. Sigaud, Cúria Romana x L. Boff, padre Urbano Zilles x L. Boff, dom Eugênio Sales x L. Boff, bispo Karl Josef Romer x L. Boff, padre Menceslau x bispo de Niterói, dom Antonio de C. Mayer x dom Carlos A Navarro e o padre Boris, o esquizofrênico x se não me engano dom Hipólito.

Sr. Emir, sou leigo e não tenho procuração para defender ninguém, como pode parecer e para encerrar lembro-vos a declaração do cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, “o povo tem maior fidelidade à fé do que certos teólogos”; enquanto que o presidente da CNBB diz: “os homens são muito mais controláveis quando ficam apáticos”.


Lúcio Reis



Belém, Pa, em 05 de setembro de 1982.

E.I.B  ou  ETFPa

 

Ao ser mais um dos milhares de telespectadores do canal 7-Tv Liberal, neste domingo, dia 5, quando nossa juventude estudantil homenageou nossa querida Pátria, no dia da Raça, meu coração se tornou um pequeníssimo grânulo ante a emoção e a saudade que me invadiu ao relembrar-me da década de 60, época em que eu era também, um dos componentes dessa beleza de festa de civismo, de amor e entrelaçamento patriótico.

O estado comovente foi mais intenso quando a nossa querida ex-Escola Industrial de Belém (EIB), agora ETFPa, ocupou a passarela e mais uma vez acresceu ao grande número de estudantes que foi à avenida cultuar o nosso adorado Torrão. Sim, pois ao ver aquele pomar, do qual o Pará, o Brasil e o mundo têm colhido os mais variados frutos, úteis à construção e ao desenvolvimento nas mais diversas áreas do trabalho, dos serviços e por conseguinte os membros e os líderes da ordem e do progresso, o orgulho e o amor, que sentimos por termos também, tido a felicidade e a oportunidade de alicerçamo-nos naquela Escola, que se situava à Rua Dom Romualdo de Seixas com Travessa Jerônimo Pimentel, são traduzidos pelo emergir de lágrimas nos olhos, que bem refletem ainda, o eterno carinho, reconhecimento e o agradecimento a todos aqueles que constituíam os corpos docente, administrativo e diretivo, que com apreço, dedicação e responsabilidade, nos ajudaram e orientaram para nossa formação cultural e intelectual, além dos princípios e noções básicas que os Mestre – tratamento carinhoso que dedicávamos aos profissionais dos diferentes setores, tais como: marcenaria, tipografia, tornearia mecânica, sapataria, artes gráficas, mecânica e outras – nos transmitiam, propiciando-nos uma pequena diferenciação, que também era concedida aos alunos do SENAI e do Colégio Lauro Sodré, este naqueles tempos o salutar rival da EIB.

Das amizades e colegas que granjeamos ao longo de mais de 04 anos de convívio diário, que se iniciou no curso de admissão e culminou com a conclusão do curso ginásio industrial, complementado  por disputas nos JOPAGICOS, desfiles no dia da Raça, campeonato colegial Guarasuco, congressos na UESP, olimpíadas internas, festas juninas e no dia do aniversário do Estabelecimento de Ensino, que transcorre no dia 23 de setembro, à todas elas sentimos a maior estima, lamentando, todavia, que alguns já foram chamados por Ele, sendo o mais recente o Engenheiro Carlos Alberto Almeida Alves e o revisor desse jornal o Francisco Ângulo Lopez.

Portanto só me resta tornar público meu profundo agradecimento e conclamar a todos que dão corpo a EIB, hoje Escola Técnica Federal do Pará, ontem Escola de Artífices, que jamais esqueçam de lembrar e nunca lembrem de esquecer a relevância desse Celeiro à construção de nosso querido Brasil e que o 23 de setembro seja eternamente a razão de júbilo e satisfação e tenham consciência de suas reais importâncias para os atuais, os passados e os futuros eibianos, bem como para o mundo.

Parabéns pela brilhante apresentação.
Lúcio Reis



Belém, Pa, em 05 de agosto de 1982.

AGRADECIMENTO

Sentindo como se fosse um dever e com grande pesar e tristeza no coração, mesmo depois de todos esses dias que se passara,, vi-me compelido a tomar a presente iniciativa e registrar o que se segue, mesmo sabendo ser um pouco tarde, porém, eximindo-me do peso na consciência de jamais tê-lo feito:

- “Caro amigo Eládio Malato. Permita, lá do seu nicho de paz eterno, que assim o trate, pois já era, como o considerava, apesar de que foram raros e breves os contatos que mantivemos, mas que foram suficientes para que o visse dessa maneira. Somente como aliado é que poderia interpretá-lo, pois desde a primeira oportunidade em que estivemos frente a frente, educadamente fui recebido por você, ocasião na qual você foi também muito atencioso, polido, não se furtando de orientar-me e até “puxar-me as orelhas”, usando para isso sua larga experiência e vivência na arte de escrever, o que agora de público venho externar meus sinceros agradecimentos. Logicamente, que seu trato para comigo, no qual senti que à você era relevante o meu ser e não o meu ter, a mim foi como se definisse os contornos da imagem do seu bom caráter, com o que o “Senhor” houve por bem lhe privilegiar. Sim, falo de privilégio, pois os homens possuidores desta qualidade estão em extinção da face da terra, infeliz e lamentavelmente. Entendo que assim o seja, baseado nos fatos que sistemática e diariamente nos saltam aos olhos e afligem nossas mentes, aem face de nossos filhos. Exemplo: os homens que detém a responsabilidade do destino deste planeta, o  mantém suspenso por um fio de cabelo, tendo em visto suas criações destruidoras constituídas de nêutrons e outros elementos atômicos, os exocete, os gasíferos venenosos e tantos outros; estamos, ou já chegamos ao extremo de que nem os anciãos e nem criancinhas têm a devida segurança, por quem de direito, necessária ao seu sobreviver neste globo tão agredido; aqueles que deveriam pregar a doutrina da paz, do amor, da fraternidade e da igualdade, apregoam a da violência, do derramamento de sangue, do ódio  e até enveredam pelo caminho da corrupção, enquanto que aqueles como Cristo o maior, mais convicto e eloqüente pacifista de que se tem noticia – J. Kennedy, Luther King e um bem atual e bem nosso, o Peregrino João Paulo II, que buscaram e buscam a paz para a humanidade, são exterminados ou as tentativas de eliminá-los são violentas e covardes. O homem, hoje em dia chega ao cúmulo de nem mesmo assumir sua personalidade, o seu “eu” e assim se oculta por detrás de uma linha telefônica para agredir a terceiros, achando que estes sejam  desumanos, por que exprimem o que sentem, usando dessa faculdade e liberdade que é de todos nós e, esquece ou não quer ver que a maior crueldade ele comete consigo, pois nega a si próprio ele mesmo e mais: não lembra que em época passada um fio de barba ou bigode equivalia a palavra e a honra de um homem e hoje, nem sua palavra e assinatura ele valoriza e preza".

O Homo sapiens será eterno, pois é a obra de arte do “Arquiteto do Universo”. Sendo ele a imagem e semelhança do “Pai”, tem, também, condições de construir e criar raras belezas, tais quais as Pirâmides do Egito, Mona Lisa, Guernica e outras. Portanto, caro amigo Eládio, todas as obras dos homens de boa vontade, mesmo que suas presenças físicas não mais se notem, aquelas serão constantemente objeto que refletirá os seus mansos corações e a passagem por esta vida, bem como o auxílio que prestaram na construção de um mundo melhor e mais humano. E acredito honestamente que muitos foram as suas obras e que por certo perdemos um eficiente, capaz e ativo operário desta edificação.

Aos seus entes queridos eu diria que a dor da ausência e da saudade, dói que transborda aos olhos incontrolavelmente e, que posso avaliá-la e dizer ainda que somente “Ele” pode alentá-los e dar-lhes o conforto e a conformação para esse momento. Mas, que apenas desta modalidade é que o “Dono de nossa vida aqui” pode mostra-lhes e fazer-lhes sentir o orgulho e a felicidade de terem nascido no lar construído por você, que sem dúvida muito deve frutificar beneficamente para todos nós.

Que Deus o tenha!
Lúcio Reis

  


Belém, Pa, em 23 de Junho de 1982.

 

INGENUIDADE

Vejo incrédulo a ingenuidade com que as pessoas se deixam conduzir e se tornam joguete nas mãos desses poucos do Clero, que abdicaram a batina, que rezam por outros breviários e, contribuem para o aumento do consumo do tabagístico.

Logicamente, cada qual tem seu prisma ótico, o qual respeito sinceramente. Todavia, o meu, me conduz à conclusão acima, tendo em vista que o analiso também sobre os seguintes aspectos: “muito se fala que estes dois forasteiros exploraram o analfabetismo, rudeza e boa fé dos posseiros para atingirem seus objetivos perniciosos, no que concordo, mas, motivo de espanto não é, pois a eles que são de nosso Interior do estado, foi propalado  que seriam atacados por pistoleiros. Porém, de que se adjetivar os que comparecerem às Igrejas da Trindade, de santa Cruz e das Mercês, que em boa maioria era de cá, da Capital, daí se deduzir, quase que como uma obrigação, serem pessoas esclarecidas. Bem! Uma parte deles já são conhecidos. No entanto o que se viu é que todos, na primeira dificuldade material, resolveram abandonar seu objetivo, a mim duvidoso e, não suportaram nem 12 horas noturnas em vigília de orações e cânticos, que realizados com fé e amor, sustentam a alma e por conseguinte a matéria. Logo, que fé servia de sustentáculo para eles? Que tipo de fé é esta que não os impediu de transformarem a Casa de Deus em uma latrina? Sabe-se, por outro lado, que no Iraque, temos seis compatriotas que estão implorando para serem expulsos de lá para que o rigor das Leis, não recaiam sobre eles, o fuzilamento, e note-se eles não induziram ninguém a matar quem quer que seja. Poxa! Por que se tratar com pão-de-ló “sujeitos” que vêm lá de fora, produzir o desassossego e inquietação em  lares do lado de cá? Por que não se faz valer nossas leis? Fora com esses subvertadores do Evangelho.

Qualquer um que viu a pagina 10 do 1º caderno do Liberal, de 22 de junho, pode ver claramente onde é que realmente estava a humildade. Em uma foto vê-se os dois, impudentemente sorrindo, ou de nossas normas ou então de todos os que resolveram inocentemente a eles se solidarizarem, como quem diz: quantos bobos, fizemos aqui. Na foto ao lado sente-se a tristeza, a preocupação, o arrependimento e depois da sentença o choro, traduzindo a amargura e a desilusão de quem foi usado e traído, e estes, caro leitor, é que realmente, como eu e você têm o sangue de índio nas veias. Todos viram a movimentação do Clero em apoio aos dois insufladores, inclusive trazendo do sul do País, um jurista famoso, que se somou aos três daqui para defenderem os dois, enquanto que os 13 só dispunham de um. Dos que para Belém vieram, de alguns se pode compreender esse deslocamento, como por exemplo, o Secretário da CNBB e o padre Virgilio Uchoa, que trata das finanças daquela Conferência, pois devem ter vindo observar se os honorários que irão desembolsar foi bem ganho. De outros, como o Sr Luiz Inácio, por mais que haja esforço, não há “compreensão” satisfatória. Em todos os Templos, usados para o ajuntamento, a massa arregimentada portava faixas com inscrições de trechos bíblicos, mas, quando o advogado Djalma Farias, citou a Epístola de Pedro, cap. 2, e o profeta Malaquias, os bispos e os padres presentes em plenário da Auditória, sorriram desdenhosa e ironicamente, como que somente eles  é que conseguem captar as mensagens do “Sol dos Livros”, pois se isso fosse verdade a Igreja de Cristo não teria hoje, tantos títulos e as alternativas de crença não seriam abundantes. Alguém já pensou o que se passa, agora, na cabeça daqueles 13 pobres, em relação a Igreja, Cristo, seus representantes e, vida eterna, depois de uma “fria” destas, que sem pelo menos saberem o que é LSN, involuntariamente se meteram?

Portanto gente, por que mais uma vez soltar Barrabás e crucificar Cristo e o seu Evangelho?


Lúcio Reis




Belém, Pará, em 21 de junho de 1982.


 

G I L B E R T O     J O R G E

Publicado no Jornal O Liberal de 27/06/182 - Cartas



Esta carta se destina ao nosso amigo e irmão Gilberto Jorge e a todos aqueles que se encontram como ele, desejosos de nos deixarem. Gilberto, caro leitor, é o cidadão que está pleiteando na Justiça o direito à eutanásia, como nos mostrou a TV Liberal canal 7, no “Fantástico”, de 20 de corrente.


A ele e a eles gostaria de levar minha palavra dizendo-lhes o seguinte: “O sofrimento da dor, da fome, da injustiça, só existe realmente, quando não é aceito com humildade, com determinação, com paciência, com amor, de coração, pois do contrário passa a ser guerra entre si mesmo e você e em conseqüência sua revolta interna muito mal lhe causará.”


Vocês dirão: “é muito fácil falar, quando não se está no problema”. Concordo, pois eu também já o disse. Contudo, afirmo-lhes que posso aferir o que lhes vai na mente e por isso acho que tenho meios a me dirigir à vocês. Principalmente a você Gilberto, que pretende exterminar somente a matéria. Pois é! Ela é apenas o envólucro a bolha que guarda o “sopro da vida”,  que nos foi dado por Ele e este “sopro” é o algo mais sensacional que há. Você nos disse que não quer mais ficar aqui, porquê está vegetando. Eu, porém, lhe digo: analise bem e verá que isso não é verdadeiro, você fala, vê, ouve, tem razão e raciocínio e é lúcido, enquanto que um vegetal sem ter esses sentidos é altamente útil à humanidade, pois consegue irradiar energias inexplicáveis; você acha que há alguém que não se curve diante da beleza de uma flor, uma rosa por exemplo? Você crê que haja um ente que não se delicia com os frutos e a sombra de uma árvore? e você sabe ainda, que são eles que nos proporcionam o oxigênio tão imprescindível à nossa sobrevivência, portanto, você também é útil e válido, pois é para você aí nessa cama que eles foram criados, também. De você foi somente a mobilidade e a motilidade  de alguns membros, que foram tirados. Mas, mesmo assim, deve ter havido uma compensação em alguma outra parte do seu ser, tente descobrir, este é o maior objetivo desta minha micissiva, e, quando isto acontecer, verá que lá você pode dispor de uma sensibilidade incomparável e por certo será por intermédio dela que Ele lhe chamou e escolheu, para propiciar a felicidade de muitos, e através da qual você encontrará a sua e o seu objetivo de vida doravante e então só se arrependerá de não ter descoberto esta razão  há mais tempo. Não seria agora a hora de você a manutenção espiritual de sua família, já que só houve tempo de fazer a da matéria? Deus não é injusto, sabe o que faz e o faz muitíssimo bem.


Com certeza você é sabedor de quantas maravilhas já nos foram dadas e que tiveram suas criações no fundo de um cárcere; você sabe que quanto mais o “Alejadinho” perdia sua sensibilidade tátil, mais sensibilidade artística era acrescida as suas obras; você sabe que buscamos uma paz, que a cada dia fica mais difícil, porém, não impossível, não fuja, por qualquer caminho que seja, sua colaboração é valiosa e lembre-se: deixe que Ele saberá a hora de fazer esse corpo tornar ao pó. E enquanto isso vá aparando os limões que lhe foram jogados e os transforme em limonadas, ou, mesmo que a topada lhe fira o pé, ela lhe impulsiona para frente e assim viva! Viva muito! Com todo carinho, um abraço fraterno.

Lúcio Reis


   





As considerações abaixo, àquela época já dava os contornos ou script para onde ou viria nossos costumes e a moral de nossa sociedade. Não me posiciono como falso moralista mas, como observador do que foi e veio sendo semeado em nosso meio social e, não só aqui mas em todos os quadrantes da humanidade

Belém, Pa em 16 de junho de 1982.

 M O R A L



Na Noite das Depravadas e Na Noite dos Desejos, Aluga-se Moças e Mulheres – Indecentes, para as Taras de Todos Nós e também para o Homem do Pau Brasil, cometer o Incesto, um Desejo Proibido, com Emanuelle e Seus Vícios ou então com a Mulher Objeto.
Caros leitores, o parágrafo acima não é trecho de nenhuma obra e qualquer um pode escrevê-lo, basta tão somente tomar conhecimento dos cartazes de cinema, ora em apresentação no circuito comercial desta Capital, pois lá encontrará esses títulos, que por si sós já traduzem a apelação, e pornochanchada e o “excelente” conteúdo que devem ter essas películas e que por certo devem ser uma arca, onde o tesouro da moral, da dignidade e dos bons costumes, com certeza lá estará guardado.
Muitos terão o direito de dizer: mais um puritano ou falso moralista. Não! Não é bem assim, pois como eu, creio que muitos já tem a idade suficiente para discernir e saber escolher uma boa fita para seu entretenimento e laser e até como fonte de cultura e esmero de formação. Posso afirmar, quase sem nenhuma margem de erro que todos os que não aprovam e nem aplaudem essa deturpação e essa lama, visam unicamente a educação moral e ética de seus filhos, que motivados pela proibição e o despertar apelativo do cartaz, que contam com a irresponsabilidade etária e a falta de alternativas para diversões inerentes a faixa de idade de um rapaz ou de u’a moça, fatalmente irão cair em mais essa armadilha dos bons costumes e da depravação cívica e moral.
Na época do “Império dos Sentidos”, tendo em visto a propaganda que foi feita, onde se propalava os troféus recebidos e outros atrativos mais, me dispus em assisti-lo, no que me arrependi, não só pelo desembolso, assim como pelo molecório e a galhofa produzida dentro da sala de espetáculo e as pornografias que se pagou para ouvir e presenciar e além do mais por ser domingo, quando havia deixado meu lar e o programa “Fantástico”, para ir ver, mesmo por 10 minutos, tempo que permaneci no Cinema, aquela revistinha “dinamarquesa” protagonizada por 2 japoneses viciados e ante-higiênicos, pois foi assim que minha ignorância em obra de arte, interpretou aquele filme.
Por essas e outras é que hoje em dia, os idosos, as gestantes, aqueles que tem ao colo uma criança ou um embrulho, permanecem em pé no ônibus, mesmo que um jovem esteja sentado;  ou então que se dispensa a um ancião toda sorte de desrespeito, pois me lembro e não faz muito tempo que idade de algodão à cabeça era posto, era título de respeito de autoridade e todo o acatamento lhe era devido.


Lúcio Reis



Belém, em 14 de Junho de 1982.


 Como um dos elo dessa corrente pra frente, que foi transformado o amado Brasil, gostaria também, de mostrar aos inúmeros leitores desse matutino o meu pensar sobre o momento que vivemos, juntamente com a nossa:

   S E L E Ç Ã O




 Acabamos de presenciar, sim, presenciar, pois além de ouvido colado ao radinho e os olhos no aparelho de televisão, sintonizado no canal 7 – Liberal, acredito que todos os nossos corações estavam lá em Sevilha, acompanhando lado a lado e a cada jogada os nossos 11 irmãos naquele retângulo a sobrepujar os soviéticos neste primeiro passo de 2x1 em destino ao tetra-campeonato do mundo, no esporte mais popular, o futebol.


 O sistema nervoso  desta Nação parou. É bem verdade: precisamos trabalhar muito, precisamos produzir, para podermos crescer e progredir. Todavia, não podemos esquecer que somos uma criança, e como assim irresponsável, de apenas 482 anos e que ainda os folguedos infantis, como a bola, a bicicleta, o pião e outros, são as preocupações que mais se coadunam com a nossa idade. Por outro lado, como se há de exigir desse povo mais senso de seriedade e responsabilidade, ao pé da letra, se o coração bondoso e brincalhão de cada um, esta nas decisões  mais importantes, resolvendo-as com tranqüilidade e sem violência, pois é assim que a história nos ensina, quando fizemos a nossa Independência sem derramamento de sangue, quando proclamamos o extermínio da escravatura, também com toda serenidade, e, mais recente quando nos livramos do caos de 64, isto também sem a presença das tragédias, portanto, daí se poder compreender a euforia o desligamento que invade cada compatriota.


Posso afirmar, quase com absoluta certeza, que não é só o futebol que transtorna cada Vicente deste Torrão. Creio mesmo que o descontrole desses organismos da Terra de Santa Cruz, deva-se, a esse biologicamente desconhecido, hormônio verde, amarelo, azul e branco, que faz pulsar com mais intensidade o ritmo de nossos corações, que enfarta, que provoca trombose, que descontrola pressões arteriais, que desloca em toda coluna vertebral aquele friozinho inexplicável, que engasga com o nó na garganta, que arrepia o menor pêlo que seja, que olhos choverem, mesmo que seja no nordeste, onde a seca seja esturricante, que apaga das mentes o alto custo de vida, a inflação que complica nossa economia e creio até, que estômagos sub e desempregados, olvidam  essas suas situações, pois o que interessa e que vale é que lá fora de nossas fronteiras, seja no basquete, seja no atletismo ou em outra situação qualquer  é o nosso Pavilhão e o nome deste querido Brasil que está em jogo e dele devem ser todas as vitórias e glórias. Logo, não há sistema nervoso e nem glandular que coordene alguma coisa, quando o “Ouviram do Ipiranga...” chega aos nossos ouvidos e quando aos nossos olhos aparece a tremular a flâmula mais bonita deste planeta.


 Este País é potencialmente rico, é abençoado por Deus, ele alimentará o mundo, e o futuro que nos espera é dos mais meritórios e feliz, vamos formar essa cadeia forte e positiva, vamos mostrar a todos deste globo, que este “Jovem” tem garra, coragem, valor e de 2x1, 3x0 e até mesmo de 1x0 e etc..., mais uma vez seremos, agora, os campeões do mundo em futebol e no porvir, os lugares de destaque por certo também serão nossos. Avante Brasil!.



Lúcio Reis








Belém, Pa, em 12 de junho de 1982.

 I
 G R E J A  DE NOVO



Ao se observar a peregrinação de João Paulo II, em prol e preocupado pela paz mundial, aproximando Igrejas, como o fez recentemente na Inglaterra, em relação aos Anglicanos, e que testemunhamos a emoção que brota aos olhos de todos os que com ele cantam e oram e por ele recebem as bênçãos dos “Céus”,a gente se vê envolvidos de renovadas esperanças e começamos a vislumbrar melhores destinos à humanidade e até esquecemos as indisciplinas, os desvirtuamentos e as distorções, que têm recebido a vituperação do Santo Padre, as quais têm sido bem comuns em nossos recentes dias, por fração da clerezia e, que tem originado à esta ala o título de Igreja Progressista e aos que a ela são contrários, onde se inclue Sua Santidade, o clichê de Igreja Tradicional ou Radical.
Ao meu entender, como simples plagiante de cristão, Jesus Cristo, foi e é único, seu Evangelho é exclusivo e foi por intermédio Dele, na cruz,  que o “Senhor” fez o seu segundo pacto com o homem. Portanto, só existe verdadeiramente a Igreja que foi fundamentada nos exemplos de igualdade, de paz, de humildade, de justiça, de fraternidade, de perdão, de lealdade e acima de tudo de muito amor, que em minha intertpretação sua pedra foi lançada há 1982 anos. Esta é que é a lídima Igreja. Seria esta a Igreja radical? Pois acho que a outra está apenas a esta atrelada  camuflando nesse apêndice seu real objetivo. Será que sua fé se baseia no “Nazareno”? Será que seu dogma de fé é o mistério da Santíssima Trindade? Será que em sua cartilha, tem registro os capítulos e os versículos bíblicos? Ou será que ela está dando concretização ao que está escrito: “guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós com vestidos de ovelhas, e dentro são lobos rapaces” – Mateus 7,15?
Acredito que todos os que elevam suas vozes contra esses traidores de púlpito e de sacristia, não estão com isso se auto-excomungando, pois creio,  a omissão seria pior, assim como a negação, e isto já nos foi mostrado por Pedro. E não vejo em seus gestos nenhuma calunia e seus berros ao meu ver refletem a não conivência com esse novo tipo de iscariotismo.
Analisando esses comportamentos, nos lembramos que em uma época quando a “barca” navegava por um lago, sobre ele se levantou uma tempestade e a mesma enchia-se de água, enquanto o “Mestre” dormia. Contudo, agora, ele não será despertado e assim pode estar tranqüilo, que se os homens de boa vontade saberão levar o barco ao seu destino e evitarão que vá a pique.
Por fim só resta lembrar a todos os que estão solidários aos que tentam transformar a “Casa” numa mesnada ou numa horda, que ainda há tempo de se redimirem juntamente com aqueles a se livrarem do rigor do azorrague, como foi feito com so vendilhões do Templo.


Lúcio Reis



 Belém, em 18 de Junho de 1982.

 
J U L G A M E N T O



Existem certos fatos, que mesmo que se queira tergiversar, sente-se aguçar a língua, os dedos e através da escrita, quase como um impulso de dever e um evite do pecado por omissão, quando percebemos estamos a deles comentar.

Refiro-me as reportagens desse matutino. A primeira, publicada à pág. 10 do 1º caderno de 16 do corrente, com o título: Aterro é foco de doença para os moradores de “Padre Afonso”. E a segunda, composta de duas, ambas impressas à pág. 2 do 1º caderno, respectivamente de 17 e 18 do presente, com as seguintes epígrafes: Quinze Bispos Presentes no Julgamento no Julgamento dos Padres Presos e, Concentração para Pedir Absolvição dos Padres.

De repente, os moradores em um raio de cem metros da Generalíssimo com Timbiras, endereço de um dos imóveis da Paróquia de Nazaré, espaço no qual se incluem os residentes à Passagem São Jorge, se depararam com um rosário de problemas, que atinge e tanto mal causa, principalmente as crianças, oriundo da deposição de aterro, não muito bem fiscalizado, que por certo irá valorizar aquele patrimônio e que foi autorizado pelo vigário de Nazaré, que reconheceu e admitiu ser sua, também, a culpa pelos sofrimentos que passam aquela gente, em conseqüência do foco de diarréia, de proliferação de mosquitos, de ratos, de moscas e outros mais, nocivos ao viver daqueles seres. Mesmo réu confesso, o mandante na hora da reparação dos prejuízos causados, como era de se esperar, não perdeu tempo em solicitar a quem tiver aterro, resto de construção, que mande para lá, pois a crise financeira não permite que ele, rapidinho livre  aqueles inocentes de seus tormentos, principalmente a noite, quando não conseguem dormir com tanto carapanã.

Realmente, todo mundo hoje em dia é beligerante com o dinheiro. Todavia, quando se sabe que mais de uma dezena de bispos se desloca para esta Capital,a fim de presenciar um julgamento, surge as inquirições: será que eles realmente estão nesta guerra com as finanças? Será que das somas que constam do Relatório Financeiro da CPT, de 3 de fevereiro p.p.,  assinado pelo Padre Daniel T. Roch, uma pequena parcela não poderia ser destinada à amenizar as dificuldades criadas à essa pobre gente? Ou será que essas viagens, é mais um título de despesa, que surgirá na prestação de contas da CPT (Agência de Turismo), espelhando o uso e o destino das verbas, que têm suas origens em países como a Alemanha, Bélgica, Canadá, USA, França, Holanda, Inglaterra e Suiça e que se destinam aos pobres desta Nação? Ou será ainda, que esses deslocamentos são cobertos pela boa arrecadação da Campanha do Envelope e outras, inseridas na Campanha da Fraternidade desta ano?

Também, não se entende como é que alguém que vive pedindo de seus fieis, com isso justificando, não ter posses, faça arregimentação de u’a massa, a qual não terá meios de alimentar e abrigar, o que fatalmente criará complicações e preocupações aos que aqui residem, tudo com o justificado apoio a dois “valorosos” que vieram do além de nossas fronteiras trazer para nosso meio a discórdia com perdas vitais em nome do Evangelho, que jamais pregou a violência e o ódio.

Só nos resta esperar que haja, no final, a honestidade e a virtude, com a qual se portou o pastor homicida e traficante de drogas, que ao ser absolvido, declarou não poder aceitar aquele perdão pois,sua consciência o acusava ser realmente culpado, o que deixou seus advogados estarrecidos.



 Lúcio Reis




Em 05 de Junho de 1982


Ambulantes




“O carro teve um de seus pneus furados, e depois de ter o motorista trafegado com ele assim mesmo, parou diante de um hospício, onde o condutor constatou que se encontrava à porta um paciente daquele nosocômio. Ao trocar o pneu danificado verificou que os 4 parafusos de fixação estavam “cuspidos”, aí o profissional ficou em apuros e foi quando o doente dele se aproximou e opinou: “que ele tirasse um parafuso de cada uma das outras jansens e aparafuzasse o “socorro”, ficando cada uma roda com 3 parafusos, o que lhe permitiria alcançar a oficina mais próxima”. Ao sair dali o condutor que possuía diploma de direito, de administração e outros mais, ficou tão intrigado que retornou aquele local e interrogou o interno: como ele chegado aquela solução? No que incontinente ele retrucou: “é doutor, eu sou louco mas não sou burro”.


Não se consegue compreender, porquê o Clube que congrega os lojistas da Terra, tenha que pressionar nossas autoridades para que elas encontrem a resolução capaz de solucionar a questão do comércio de marreteiros na Presidente Vargas, Santo Antonio, João Alfredo, Largo de Nazaré, Generalíssimo Deodoro e outros. A interpelação é feita tendo em vista a existência do Código de Postura do Município, que acredito ser o dispositivo que disciplina e tenha em bojo, artigos sobre o problema, bem como outras matérias.


 Esse Matutino noticiou que a Diretoria do Clube, em Assembléia Geral, onde as divergências abundaram, aventou por opinião de alguns que se cruzassem os braços, pois até 15 de novembro a tendência é piorar a situação. Pela sensatez, a pressão em cima do Executivo Municipal, mesmo reconhecendo que as dificuldades dele, neste ano, são muitas, foi a ala que prevaleceu.


Dois pontos passivos no impasse: ele existe e requer solução. Agora, não querer aplicar o “remédio”, por se estar às vésperas do 15 de novembro, torna a emenda pior que o soneto, pois quem deixou esta Cidade ficar toda esburacada, sem segurança, com irregular fornecimento de água e luz,  com uma coleta de lixo precária, com ônibus que desservem mais do que servem, que poluem, que consentiram a transformação de logradouros públicos (Praça do Pescador e Felipe Patroni), em estacionamento pago ou em propriedade privada (Praça Justo chermont), na qual, Deus não queira e N senhora de Nazaré interceda para que aquela grade não esmague ninguém no dia da Festa Máxima do paraense; que tem uma rede de esgoto que não funciona, e que tudo ao longo de todos esses meses não atentaram e nem atenderam aos cotidianos apelos e reclamos da população, não iria querer agora, tapar o sol com peneira. Pois qualquer transeunte que passa por aquelas artérias e vê aquelas tábuas rústicas e grosseiras, sem forramento nenhum, em cima de caixas sujas, com a pretensão de construir prateleiras, porém, com aspecto de monstrengos, ocupando mais  de 1/3 do calçamento e que, realmente possua um resquício de higiene e urbanidade, com certeza concluirá que aquilo não pode continuar como está.


O que ninguém aprova e aplaude é a violência e a brutalidade com que se quis resolver o embaraço, pois jamais se pode ignorar que aqueles vendedores não são delinqüentes e se a situação chegou a onde está, foi em função de uma deficiente ação fiscalizadora e preventiva, de vez que, quando os primeiros iniciaram seu comércio e o povo alertou, as providências tivessem sido tomadas, não se estaria agora a procura de um “curativo”


Um dos membros do Clube concluiu ser a pior situação enfrentada nos últimos 40 anos, em que ele vive na área comercial. Concordo que sob hipótese alguma a existência daquele “comércio persa” deva ser mantido ali, pois não é justo que alguém que contribua com o estado através de taxas, impostos e etc..., seja igualado em condições com quem não dispende aqueles ônus. Portanto, não seriam problemas dessa natureza, que teriam suas origens desde as épocas estudantis, quando os futuros responsáveis pelos destinos de um povo, preferem que os mestres rebaxem o nível de ensino à conveniência de quem não quer realmente aprender e só almeja ter em mãos o diploma nem que para isso tenham que afastar o professor mais exigente; não seria também isso a origem da preterição com a anteposição de técnicos e graduados de outras plagas? Pois sabemos que há alunos que as vezes não sabem qual a matéria eles se submeteram a avaliação e por conseguinte estaremos contando depois com profissionais que não medem conseqüências, no afã de lucrarem mais e mais, até obscurecendo critérios de segurança, que provocarão o risco de extermínio de famílias inteiras, abrigadas sob tetos construídos sem a acuidade pericial, que os torna em trabalhadores ou em servidores por estipêndio.


Será que se fosse escolhido um local e o destinasse aquele tipo de comércio, sem antes passar-lhes uma vituperação e assim, se observasse seriamente aqueles vendedores que determinados locais são expressamente proibidos a eles; informasse a opinião pública das medidas coerentes e racionais usadas, assim como foi feito com as tendas da feira da 25 e com os “trailers” de “hot dog”, acredito que ninguém iria condenar, como não reprovará nenhuma atitude digna de uma autoridade sensata e legal, que almejará eliminar um  problema e não, criar dois. Após essas medias e, como sabe-se que eles não ficam 24 horas em ação na via pública. Aí então seria providenciado o aparato policial preventivo para que no inicio de mais um dia de venda, que acredito ocorra ao raiar do sol, se evitasse a instalação de mais um dia de venda.


A secretaria a que está afeto a questão, cadastrasse aqueles ambulantes, construísse barracas condicentes com os requisitos de urbanismo e asseio.


São ações imparciais, inteligentes, de bom-senso, pacíficas e justas que o povo quer e que traduzam a responsabilidade de quem nos administram e em quem depositamos nossas confianças e créditos e que, esperamos,  pelo menos tenham a competência para ganhar sua pecúnia, como bem falou o Sr. Lúcio Flávio Pinto. Ou será que só iremos melhorar, quando um louco for escolhido para nos governar e administrar.







Lúcio Reis



 
 
Belém, Pa, em 24 de maio de 1982


 I G R E J A



Muito se tem lido ultimamente sobre Igreja Católica, seu Clero e Organizações a ela atrelada ou em prol, acho, da clerezia. Pouco ou quase nada são os libelos inerentes às outras Igrejas. Normalmente o tema é abordado sob dois ângulos: A Igreja Progressista a Igreja Tradicionalista ou também radicalista.


Vez por outra surgem os paladinos daqueles, que são colocados no bando dos réus e, ressalte-se que o número de imputadores deles é proporcionalmente bastante superior e, o meio que todos usam, creio, tem que ser considerado, por se tratar de veículos idôneos e de grande relevância sobre a opinião pública, por conseguinte merecedores de todo acatamento.


O Evangelista Mateus, em seu versículo 15 capitulo 7, nos alerta sobre os falsos profetas, que vêm à nós com vestidos de ovelhas, e dentro são lobos rapaces. Também, não podemos olvidar que o “Filho do Homem” foi traído através de um ósculo, por dinheiro. Ainda deve permanecer em nossas mentes que Cristo, ao se apartar de seus onze discípulos orientou-os que deviam ensinar a todas as gentes a observarem todas as coisas que havia determinado. Logo, penso que não haja a Igreja Progressista ou a Radicalista, o que deve e creio, tem que existir é somente a Igreja, na qual o Pai é Deus, o filho é Deus e o Espírito Santo é Deus e que só possui um só Deus e que tem como estatuto  o Evangelho de Jesus, e que esteja onde estiver e desde que o ápice seja o Cristo, não importa que você tente chegar até lá e a Ele, por via aérea, fluvial ou mesmo terrestre, pois todos são válidos e devem ser respeitados, pois a meta é a Igreja de Cristo e ela não deve e não pode ser usada como meio, mas sim como fim, para o Redentor da Humanidade.


 Sobre outro aspecto, temos que considerar que o Nazareno esteve entre nós há 1982 anos e que jamais foi adepto de partido algum, pois Ele mesmo fundou o seu, cuja ideologia e doutrina foi toda montada em cima da humildade, da justiça, do perdão, da fé, da lealdade, da igualdade e principalmente do amor, por isso até hoje em dia Ele é o Ser mais comentado, mais discutido, sua foto é capa de caderno, está nas camisetas, nos decalques, nos chaveiros, em livros, em fim apesar de ter curado cegos, paralíticos, ressuscitado mortos e outras bondades que já sabemos, em  nenhuma dessas ocasiões mandou que algum dos 12 corresse o pires entre os presentes para uma coleta e, mesmo sem pagar, as vezes, atualmente ela está figurando nas colunas sociais. Esta é que a lídima Igreja.


O que ninguém pretende é pecar por omissão, a exemplo de Pedro. Ninguém quer ser conluiado ao pressentir que uma meia dúzia usa o nome dessa Igreja e o nome Dele, em prol dos que Ele verdadeiramente lutou e defendeu, que são os fracos, os oprimidos e pobres, e disso tentar trazer para nosso seio suas convicções e doutrinas, as quais não se coadunam com os ideais daqueles que realmente se apóiam e sustentam no Novo Pacto, portanto não há o objetivo de caluniar, o que realmente não deve ter acontecido em nenhuma crônica, os berros refletem que ninguém quer ser conivente, em fim: que os que tentam alertar aqueles de boa fé e que são infelizmente por isso, ludibriados e envolvidos, jamais estarão se auto excomungando e em tempo algum poderão aplaudir e dar vivas a esse novo tipo de Iscariotismo. Ninguém quer retornar à Inquisição, ninguém por tentar honrar o nome e a casa de seu Pai, merece ser taxado de esquizofrênico de agressivo e  violento e nem tampouco pode se referir a esses traidores de púlpitos e de sacristia, com doces e carinhosas palavras, bem como de incentivos e aleluias, de vez que eles não medem conseqüências e usam a fé de uma grande maioria como trampolim para seus reais objetivos. São ovelhas negras, e o rigor a eles tem que ser atribuído.


Portanto, todos aqueles que a eles se solidarizaram, que os defenderam, haverão de amargar o azorrague daquele de quem transformaram sua Casa num covil de insubordinados e seus ensinamentos subverteram totalmente. E ainda que por intermédio das mentes infantis constroem seus “tesouros” aqui na terra.




Lúcio Reis







Belém, Pa, em 21 de maio de 1982

Sr. Redator da Coluna Cartas

Estou tornando a pedir guarida, para um assunto, que entendo ser de utilidade pública, por se tratar de “consumo”, onde creio até o Sr. deve ser parte interessada.
 “CELPA – ELETRONORTE – C ONSUMIDOR”
“Caro Sr. Redator, acredito que o paraense tinha a esperança de que quando passasse a consumir energia elétrica, oriunda da força hidráulica, a exemplo do que ocorre atualmente, com  ligação do sistema a CHESF e futuramente com a de Tucurí, fosse pagar por este bem, um preço menor. Todavia, não foi isso que aconteceu, pois este mês já recebemos nossas contas com majoração, de acordo com a Portaria nº 034/82 do DNAEE. Vamos admitir que o mesmo seja em conseqüência da inflação interna, aumento salarial e etc...
Por outro lado, gostaria que a CELPA, respondesse o seguinte: Se matematicamente para sabermos o preço de um Kwh, basta dividir o Consumo em CR$, sem considerar a taxa de iluminação pública, pela quantidade de Kwh consumidos. Caso positivo, gostaríamos ainda, sem querer abusar, de sermos informados, bem como, acho, a população, se há explicação para a variação do preço do Kwh, em vários setores e bairros desta mesma Capital, por ser ela a única Empresa, responsável pelo fornecimento de energia. Veja abaixo:


Endereço Imóvel

Consm Ce$

Fat

Quantidade Kwh

Preço Kwh Cr$

Trv Ruy Barbosa 1071

1.488,80

82/05

143

10,41

Av Gentil Bittencourt 124/1102

7.791,65

82/05

545

14,29

Trv Ruy Barbosa 1079

28.380,00

82/05

1.500

18,92

Trv Diamante 16 -  Mosqueiro

333,01


08

41,62

Alamade 02 Gleba LL 180

1.196,78

82/04

142

84,21

Av 1º Dezembro 579 casa 75

1.956,23

82/04

217

90,14
As duas últimas contas, ainda não nem espelham o faturamento de maio.
Lúcio Nunes Reis




Belém, Pa, em 17 de maio de 1982.

 Sr. Redator da Coluna “CARTAS”
Publicada no Jornal O Liberal edição de 08/06/1982 - Cartas

Cordiais saudações...
  
O dever me obriga a lhe agradecer a acolhida que tem dado aos meus escritos em seu espaço nesse matutino o que me encoraja a mais uma vez tentar, não querendo abusar de sua bondade, a pleitear que vá a público o que segue:
  
 M Ã E
“Honrar pai e mãe. Assim nos determina o 4° mandamento da Lei de Deus e que nos é ensinado, quando ainda crianças, nas aulas de Catecismo.”
 Em função do preceito acima, é que na qualidade de telespectador do programa “Fantástico” levado ao ar pela nossa TV Liberal canal 7, domingo, dia 16 de maio do corrente, é que estupefato vi o desenrolar da reportagem realizado pelo Helio Costa, sobre a escritora, filha adotiva de uma das expressões de realce do cinema internacional, principalmente quando no domingo anterior - dia 9 -  a mulher mãe, foi homenageada, aplaudida, festejada, cantada em versos e prosas e etc... Pois é olhando a mãe estrela e não a estrela mãe, que me dispus a expor o choque que me causou a atitude da autora do livro “Mãezinha Querida”.
 Apesar de que não conheço o compendio, porém a reportagem nos deu entender que ela transformou, a memória daquela que lhe criou, que lhe proporcionou estudos e, em fim que concorreu com os meios para que tivesse condições de trazer para uma “obra” a criação recebida, em um monstro, em um carrasco, muito mais real e autentico do que os papeis que levou para as telas cinematográficas. Todavia, se procurarmos analisar todas as informações que a nós foram divulgadas, verificaremos que a artista tinha um verdadeiro coração de mãe, pois vejamos: adotou 4 crianças órfãos; quando se foi legou em testamento todos os seus bens à entidades filantrópicas. Portanto, uma considerável quantidade de seres, foi por ela auxiliada. Os 4 menores receberam a ajuda diretamente, dando-lhes circunstancias de poderem dizer que tinham suas genitoras. Quantos não permaneceram no orfanato, de onde eles foram retirados, e, que não obtiveram a felicidade e o ensejo de balbuciar “minha mãe”, “mãezinha” ou simplesmente a pequena e tão abrangente “mãe”. Será que, se ao invés, agora da famosa escritora, em seu lugar houvesse sido escolhida uma outra criança à adoção, não teríamos, também uma romancista de sucesso, mas, que mostrasse ao mundo a virtude maior daquele coração, que foi, não o de poder dizer que possuía 4 filhos, e sim, de conceder a 4 crianças a ocasião de gaguejarem o sublime “mamãe”.
 É bem verdade, não se pode aplaudir a violência praticada, mas que justificadamente refletia o trauma da infância paupérrima e humilde, o qual era despertado pelo álcool, como a bem sucedida autora, declara agora compreender, o que para mim agrava mais ainda o seu pecado, em ter conseguido galgar a escada da fama, às custas daquela que lhe ofertou um dos maiores presentes da humanidade, a “mãe”. No entanto, ela olvida que o magnânimo ato da atriz impediu que a mesma fosse hoje, também, a possuidora de uma mente de muletas ou de uma mente em cadeira de rodas, por não ter tido um lar ou por não ter podido ter u’a mãe.
 Não pretendo desmerecer os orfanatos, pelo amor de Deus não pensem isso, todavia, acho que o carinho e o cuidado individual que uma criança quer e requer, foge as possibilidades das almas santas que trabalham nos asilos para órfãos, face normalmente o grande número de menores.
 Minutos antes, do bloco que foi constituído pelo tema acima aludido, ainda no “Fantástico”, ouvimos e vimos o Sr. Evaristo Arns, declinar, em referência ao 3° mistério de Fátima, que o mesmo inexiste.
 Confesso que fiquei titubeante em abordar as declarações do parágrafo anterior, pois recentemente, são tantas as citações críticas e de insatisfações diante de atitudes e posições assumidas por certa facção do Clero Brasileiro, veja bem: eu falei de uma parte daquelas que como eu e você formam a Igreja, e não desta, como um todo, pois tenho convicção de que ninguém critica e condena nem calunia, aquela que congrega o conjunto dos fieis, ligados pela mesma fé em Cristo e em seu Evangelho, e sujeitos ao mesmo chefe espiritual, o nosso pacifista e peregrino, João Paulo II.  Pois são afirmações daquele vulto que nos enchem e nos deixam cheios de interrogações, partindo de quem partiu, uma ver que o próprio locutor do programa alertou-nos para o impacto que causaria. Fosse eu, quem a divulgasse, por certo seria taxado sabe lá de que, contudo, tendo sido o cardeal de São Paulo, só me restar é comentar que esse último segredo tem provocado choque e abalo psicológico a todos os que dele foram conhecedoras, como por exemplo: João XXIII, Pio XII, João Paulo VI e outros; e até determinou uma séria revisão do plano de armamento nuclear pelas grandes potencias, onde estava um outro pacifista, o Presidente Kennnedy, dos EUA. Portanto, se ele foi reservado ao conhecimento da humanidade até a presente data, por certo segue orientação e a recomendações de nossa “Mãe Maior”, também Virgem de Fátima, que escolheu 3 crianças pobres e inocentes, pastores, para confia-lo, sabendo da existência de muitos Arns da vida, o que Ela lamenta profundamente ao verter lágrimas de sangue, como num lugarejo na Espanha, mas, que por outro ângulo pode contar com o respeito e a devoção do Papa Peregrino.
 Portanto, tanto a filha adotiva quanto o Cardeal, foram, no meu entender, bastante infeliz em seus comportamentos semelhante, pois ambos ao que, a mim parece, só estão almejando projeção as expensas de “mães”, em total desrespeito. Ele sem nenhuma atenuante, tendo em vista as oportunidades que já teve em relação ao plano de Deus. E ela realizando uma violência talvez maior do que a da mãe. Por outro lado, se aquele astro luminoso da 7ª arte, pecou, o fez  tal qual nossa querida Ellis Regina, pois aquela intimou o medico que não se atrevesse a pedir  a Deus lhe amparasse, enquanto que esta proibiu o porteiro de seu edifício que não permitisse a entrada em seu apartamento, nem de seu pai, nem de sua mãe e nem tampouco de Deus. Logo, as duas em seus últimos instantes, dispensaram a proteção e a orientação de nosso Pai, o que é de se lastimar, pois encerraran suas passagens por este planeta com o carimbo da blasfêmia, em seus passaportes para a outra”.
Lúcio Reis




Belém, Pa, em 16 de maio de 1982.

 
Prezado Senhor Redator da Coluna “Cartas”



Cordiais saudações...



 Em face de últimos acontecimentos, noticiados por esse Matutino, gostaria de poder contar com o beneplácito desse Redator para ocupar um pedaço desse Espaço e levar aos milhares de leitores o abaixo:




L E I S




 No nosso País os acontecimentos nos levam à meditação, as vezes até  encarando-os pelo plano jocoso, tal as proporções de estranheza que eles assumem. No entanto, esses fatos a que me refiro, eles só são vistos pelo lado legal pela parte ofendida, o que é comum, mas, que deveriam ser tratados pelos que não estão envolvidos, com imparcialidade e a luz dos preceitos que norteiam cada problema. A opinião pública, normalmente, só se manifesta contraria e alarmada, quando a desobediciência adquiri as raias da estupidez, tal qual um estupro na infantilidade, acidente de trânsito em dimensões bem consideráveis ou seja com mais de três vítimas fatais, o roubo, quando sua violência alcança os requintes do absurdo, com sevicias sexuais e etc..., aí todos unanimemente e em uníssono invocam as doutrinas legais.


 Foi D. Pedro I, quem fez Lei para inglês ver, porém, toda norma que é imposta ao Brasil é para ser cumprida, seja a que orienta os casos mais simples como a que regulamenta aqueles mais complexos. Portanto, não se pode compreender a conotação que se queira dar ao processo de expulsão do Sr. Javier Ulpino Alfaya Rodrigues, o argentino que contrariou o Artigo 107 da Lei de Estrangeiros, aqui no Brasil e que mereceu do líder no PMDB no Senado, Humberto Lucena, a colocação de que o ato no Ministério da Justiça, tende a tumultuar a vida nacional, alertando que a atitude do governo espelha provocação. Poxa! Sejamos coerentes, desde quando fazer cumprir uma determinação legal se torna um ato de desafio? Depois, o Senador Lucena, declara não compreender que em plena fase de abertura democrática haja a promoção de um processo de perseguição tal qual o do Sr. Javier Alfaya. Logo, obviamente, pelo que dá entender o Exmo. Sr. Senador, através de sua colocação, que como nosso Executivo quer promover a soberania popular, pode permitir que qualquer alienígena chegue aqui coloque suas idéias, assuma posições que infrinjam nossos regulamentos, incitam ao derramamento de sangue entre nossos irmãos, faltem com o respeito às nossas autoridades e instituições, e tudo bem, podem até ficar achando graça de nossa bondade – brasileiro é tão bonzinho – que não lhes infligiremos nenhum castigo. E mais, se pretenderem podem tentar transformar isso aqui numa Guatemala, numa El Salvador, numa Nicarágua, numa Polônia, em fim, não tem problema, até se quiserem impor o terror, pois estamos caminhando para nossa plena democracia e em nome dela não podemos molesta-los e nem traumatiza-los. Pelo amor de Deus, Sr. Humberto Lucena, com todo respeito, isto é Brasil, o Sr. é Legislativo e jamais vamos consentir que um gringo com suas ideologias, seja ele quem for venha bagunçar a nossa PAZ. Será que lá fora o brasileiro tem pelo acaso chance de fazer desordem? Não creio.


 Um outro acontecimento recente e que se relaciona com prescrições legais é o da ação judicial que está sendo movida contra o atleta Serginho, que agrediu seu cônjuge e por conseguinte houve o provável impedimento ao seu comparecimento a Espanha, o que já foi contornado com o adiamento de seu comparecimento à justiça para depoimento. Sinceramente eu torço para que essa protelação não se torne motivo de arrependimento, de vez que o caracter do cidadão e o do desportista é o mesmo, ou seja: é violento, tem gênio indomável, impulsos incontroláveis, portanto quem já agrediu adversários em disputa, sendo inclusive reincidente e até chegou a pagar por esses erros, mesmo assim o gesto de agressividade mais recente foi sobre a pessoa de sua esposa (mulher), não creio que reúna predicados positivos e suficientes para participar de uma contenda em termos de Campeonato Mundial de Futebol. Não coloco em discussão a habilidade futebolística do atacante, mas não podemos olvidar ser ele único da posição. Só fico imaginando nossa Seleção litigando com uma outra e na desvantagem de escore mínimo e aos 20 minutos do segundo tempo, o beque da equipe rival, faz uma jogada mais drástica em cima do ofensivo do São Paulo e ele intempestivo revida mais violentamente, toma um cartão vermelho e aí?


 Logo, os preceitos que derivam, tanto do Poder Executivo, quanto do Legislativo, foram e são criados para serem cumpridos por nós, por argentinos, por alemães, por franceses e qualquer uma outra nacionalidade que houve por bem vir passar por aqui e, não para serem discutidos.


                                                                       
  F.Lúcio Nunes Reis.






Belém, Pa, em 15 de maio de 1982.
Publicada no Jornal O Liberal de data próximo a 15/05/1982-Cartas

 “Cidade Limpa, não é aquela que é mais varrida e sim a que é menos suja”.

                            





A observação acima se pode constatar no Terminal Rodoviário de Caeté, cidade distante pouco mais de 60 km de Belo Horizonte-MG. Naquele pequeno município do Estado do Inconfidente e Mártir da Independência, não se verifica a existência de penitenciarias particulares, que por aqui abundam e são bastante disseminadas, pois lá as residências não possuem grades de ferro, nem nas portas e nem nas janelas. Ainda, naquele Logradouro público me veio imediatamente à lembrança esta nossa Cidade das Mangueiras, que acredito esteja para abdicar a sua condição de Metrópole da Amazônia, tal qual o abandono que lhe tem sido imputado nos últimos tempos. 
 Por mais que nos esforcemos em sermos coerentes, criteriosos e, até camarada que se pretenda ser, os fatos e os veículos de comunicação nos desiludem, indicando-nos a realidade, da qual se conclui, sem o menor risco de errar que esta Cidade Morena, está ficando vermelha de vergonha, pela total ausência de falta de cuidados e administração, que o farto noticiário local ratifica, diariamente.
 Os gestores em grande maioria, quer de Estado ou de Município, se justificam, quando o fazem, com o parco orçamento, que se origina de uma receita tributária insuficiente ou então pela inexistência de auxílio, advindo do Governo Federal. Todavia, a cada ano que se recebe as taxas e impostos para recolhimento, elas vêm majoradas em percentuais quase que duplicados e normalmente superiores a taxa inflacionária, logo, apesar de não sermos administradores e nem planejadores, cremos que essa arrecadação seria capaz de propiciar a realização das necessidades mais básicas para que uma comunidade tenha o mínimo imprescindível para bem viver, como se pode enumerar: 
·         Ruas em condições de tráfego, que compreendemos serem vias: sem buracos e nem transformadas em vacas malhadas, a exemplo do que fizeram com a Primeiro de Dezembro (colocação de camada asfáltica que se transforma em muitas elevações na pista e que, por ser revestimento novo dá a idéia de malhas escuras, que se distinguem do piso antigo já acinzentado). Para isso achamos ser necessária apenas equipes de manutenção, que evitariam ônus maior aos cofres do povo;
·         Energia quer seja: termo ou hidroelétrica, mas que seja contínua e corresponda às obrigações que o usuário cumpre com a fornecedora, e que, tenha seu fornecimento independente de águas pluviais;
 ·         Água potável, que não seja rubiginosa e cuja provisão à população corresponda a metragem cúbica usada, e esteja desatrelada da rede elétrica, pois a onde a vaca vai o boi vai atras;
 ·         Segurança para ir e vir, estar tranqüilo em seu domicilio, e, até mesmo fazer higiene mental, tendo convicção de que os homens pagos para garantir esse amparo, realmente o façam e não ocasionem o inverso, como nos fatos mais recentes, tanto do PM que  exterminou as duas vidas humanas, bem como o uso indevido de arma de fogo por parte do investigador, que pelo sucedido não possui méritos e nem está hábil para a CNH, que dirá para conduzir duas armas, no caso o fusca e o apetrecho bélico. Logo, no seio de nossos órgãos de segurança jamais pode haver guarita para os Cezar ou para os Nelson, mesmo que seja Santos.
 ·         Transporte coletivo que quando em uso, seja para o passageiro uma guarida à chuva, que não polua o meio, que disponha de assento, pelo menos remendado, que não suje o vestuário, que não seja tartaruga e nem tampouco coelho, que não projete o usuário ao solo, que seja conduzido por profissionais responsáveis, capazes de preservar as vidas humanas e o patrimônio de seus semelhantes e que pelo menos acatem as Leis do Trânsito, bem como que usem trocadores que não façam apropriação indevida do trôco dos sustentadores das Empresas e pagadores indiretos de seus salários e, não façam cobertura aos delinqüentes;
 ·         Controle higiênico e do ganho, daqueles que quebram os princípios morais e não refreiam suas fome de lucro e por conseguinte participam para a elevação do custo de vida, portanto, equivale dizer que em terra de gananciosos e inescrupulosos é uma temeridade para o consumidor a “Liberação de Preços”;
 ·         Limpeza e coleta sistemática de resíduos sólidos, simultâneas com uma rigorosa fiscalização e coibição de abusos, de construções que juntam e amontoam restos de obras e etc..., concorrendo à proliferação de roedores e insetos nocivos à saúde do povo;
 ·         Representantes do povo, que antes de olharem à sigla ou a cor da agremiação, que vislumbrem como meta primordial e mais importante os seus representados, que são os responsáveis por essa delegação de poder e dos privilégios que desfrutam;
 ·         A efetivação de técnicos verdadeiramente aptos para orientarem as obras do Estado ou do Município, pois como se tem constatado a diferenciação deles está deixando a desejar, pois senão vejamos: creio que num período inferior a 12 meses as pistas de rolamento da Almirante Barroso, já devam ter sofrido reparos em dose dupla no mesmo local, a exemplo do que atualmente ocorre na primeira via de trânsito no sentido São Braz-Marco e também não  haverá necessidade de muitos dias mais para que a mesma, a altura da Travessa Humaitá venha a entrar em recuperação novamente. Quanto a Marechal Hermes, nem precisa comentar. Por isso que as ruas de acesso ao Benguí e as dos Conjuntos Habitacionais, estão na situação calamitosa que se encontram, pois se naquelas avenidas, onde uma é Almirante e a outra e Marechal, os trabalhos são mal feitos, logo...
 Por consequência, cremos que se esses requisitos fundamentais e tão inerentes à uma gestão executiva, legislativa ou judiciária, forem realizados, não refletirá nenhum favor, pois seria a menor ação imposta para que elas se caracterizassem e até poder-se-ia comparar como sendo a mesma coisa que exigisse de um vigário que ele ore o “Pai Nosso” e celebre u’a missa para poder ser identificado como Tal. Portanto, “ubi bene, ibi pátria”.

                                                                                                       
 F. Lúcio Nunes Reis
 


Belém, Pa, em 05 de maio de 1982
Prezado Redaor

Cordiais saudações,

 Pertinente ao título “ORGANIZAÇÃO”, de sua coluna de 02 do corrente, tenho um recado aos neo-encontristas, é o seguinte: Logo mais vão sentir a inflação de carnês, de rifas, de talões, de campanhas e etc..., e deduzirão obviamente que o ministro Delfim Netto, há muito já fez Encontro.
 O Redator já percebeu que pagamos Cr$ 104,00, tanto por um litro de gasolina quanto por um litro de álcool combustível? Pois comprovemos o fato: Sabe-se que aqui no Norte e no Nordeste a gasolina contém 20% de álcool. Portanto, em 1.000 ml: 800 ml, são de gasolina e 200 ml são de álcool. Logo, se 1.000 ml custam Cr$ 104,00, logo 100 ml custam Cr$ 10,40. Quando se faz um abastecimento de 5 litros, este fica traduzido realmente em 4 litros de gasolina e 1 litro de álcool, portanto paga-se pelos 5000 ml Cr$ 520,00, sendo em conseqüência Cr$ 416,00 pelos 4000 ml do derivado de petróleo e Cr$ 104,00 pelos 1.000 ml do derivado da cana. Isto ocorre também nos casos onde a taxa de mistura for menor, pois é um caso de proporcionalidade.
Atenciosamente
                                                       F. Lúcio N. Reis.





Belém, Pa, em 01 de maio de 1982.
                                                                Ilmo Sr João Malato
Publicada no Jornal O Liberal edição de 03/05/1982 Coluna Cartas

Cordiais saudações,
  
Em função de minha missiva, datada de 01 de abril e publicada em sua Coluna no dia 05 do mês p.p., solicito-vos fazer duas retificações: 1° não sou cursilhista e 2° não foram meus envelopes que renderam Cr$32.000,00 e sim a Campanha do Envelope que estava inserida na Campanha da Fraternidade daquele ano.
 Outrossim, solicito-vos ainda, seu beneplácito para que me seja possível tornar público àqueles que da carta tomaram conhecimento por informações de terceiros e mesmo os que foram leitores dela e que resolveram me apedrejar, o seguinte: Lembro-lhes que narrei um fato verídico, um caso verdade e que a quadra que à mim e à minha esposa se destinou, foi a Travessa Angustura, entre Av. Duque de Caxias e Visconde de Inhaúma e mais, que não usei cognomio, identifiquei-me por completo até informando meu telefone, por conseguinte não tergiversei e nem usei de pusilanimidade. Digo também a estes que me condenam que não tenho suspeição, sou decoroso, livre para pensar e falar, assim como aqueles que também o são, pois todos nós nos enquadramos nos Artigos 18 e 19 da DUDH, todavia, não tenho e jamais terei vínculo e em hipótese alguma estarei de acordo com os que usam o Evangelho e o nome de Cristo, para ludibriarem e tirar proveito, obtendo lucros, daqueles que são fáceis de serem conduzidos e induzidos a promoverem a independência econômica e financeira do Clero, que pretende implantar o Sistema Econômico e Político que só admite a propriedade estatal dos meios de produção (terras, fábricas, minas e etc...) e das mercadorias produzidas tanto materiais como espirituais.
A eles que na maioria das vezes, antes de participarem de Cursilhos, de Encontro e outros mais, tinham vida em linha paralela com as coisas de Cristo e que agora, após terem sofrido uma expurgação da parte súpero-anterior do encéfalo, e que se entendem inteligentes, sei que todos são adultos e se opinaram em contribuir para o sustento de mordomias, de vícios, de mansões, de bacanais e por fim para a plena realização econômica e financeira, eu não tenho nada com isso. No entanto, me resta alertá-los que o Reino dos Céus não custa um centavo e que não será a aquisição de rifas, de carnês, de talões disso ou daquilo, das campanhas e etc..., Que lhes propiciará e facilitará uma vida perene ao lado direito do “Homem”. Logo me reservem o direito de não segui-los e nem tampouco agir como vocês, pois eu não tenho tempo perdido a recuperar e respeitem o Compromisso que assumi com Cristo e seu Testamento, o qual me induz a alertar aqueles que verdadeiramente são pobres, como eu, e em prol dos quais são “atacados” os fieis para doações.
 Por outro lado, gostaria que tomassem conhecimento do que se segue: Neimar de Barros, em seu compendio “Assim voltamos do Inferno” à pág. 39 nos diz: “Muitas Igrejas estão vazias porque os responsáveis encheram demais”. Portanto meus amigos eis aí a resposta à preocupação da CNBB, quanto ao aumento das seitas, bem como para a falta de religiosidade reclamada por ocasião do Sermão das Três Horas da Agonia.
Aliás, tanto a apreensão quanto ao protesto supracitado, até parecem piadas, pois ambos tentam disfarçar a ideologia e a política que certa facção do Clero enveredou nos últimos anos e fez com que ela percebesse que esta Nação se assim se conduz é pelo fato de sermos: verde, amarelo, azul e branco e que o vermelho jamais predominará aqui, a não ser se for acompanhado de umas listras pretas e que este povo gosta mesmo é de liberdade total e que martelo e foice jamais serão instrumentos de  trabalho neste País, que se sente bem e realizado de verdade é com uma bola, um tamborim e uns e outros “birinaites”.
                                       Atenciosamente
                                                                        Lúcio Reis.




SOLIDARIEDADE, É ISTO...


Em 19 de abril de 1982



Acreditamos que depois de ter criado a terra, DEUS, após ter separado a Luz das Trevas, houve por bem permitir o aparecimento ou até mesmo ter criado o Satanás, para que a humanidade, que dotada foi de toda liberdade, pudesse distinguir entre o BOM e o MAU e fazer sua escolha e assim dar um destino a sua vida, pois que seria do verde e do amarelo, bem como do azul e do branco, se tudo fosse vermelho?


Um dos fatos que mais merece elogio é aquele que representa a luta em prol e ao lado dos humilhados. Todavia, os defensores ditos ingênuos e puros, muitas das vezes ao perceberem e sentirem que os seus defendidos e oprimidos são realmente ingênuos e inocentes, disto se aproveitam, os conduzem e manipulam doutrinariamente a ponto de levá-los ao gesto extremo e ao derramamento de sangue e provocando assim, uma conseqüente desgraça para  suas famílias e para si as mais profundas complicações, as quais em seus cérebros devem provocar as mais profundas marcas e conflitos.


 Ninguém adquiri inimigos gratuitos. Nem tampouco estar ao lado ou tentar alertar o menos avisado e de menor capacidade de discernimento e realmente destituído de malicia, e sim, imbuído de toda boa vontade, traduz que se seja verdadeiramente adversário ou antagonista, daqueles que com suas capacidades, facilidades e poder de condução e persuasão, conseguem manipula-los como se fossem marionetes.


 Ao se folhear o Testamento de Cristo, o Evangelho, realmente se verifica que seus ensinamentos para nós são todos irrigados de uma Verdade autenticamente revolucionária e de libertação total, tal como: de poder, de bens materiais e terrenos, de egoísmo, de orgulho e etc...;  e todos eles sempre foram de exemplos da mais pura e autentica humildade, de grande amor, de total doação e de enorme justiça.Todos sabemos que o Cristo jamais pretendeu para si tronos e poderes aqui na terra, pois sabemos ainda, que seu Reino é todo de amor, paz e justiça, e mais, que Ele foi o maior e mais violento guerreiro da pacificação da humanidade e ainda que foi Ele também o preparador de seu caminho e que em nosso beneficio foi sacrificado. Logo, nos cabe interrogar, porque os que se dizem seus representantes, que se apartaram do convívio social, na clausura dos Seminários e que têm como base de sustentação o “Sol dos Livros”, verdadeiramente não tentam imita-Lo, como também está escrito no “Livro dos Livros”, mas, pelo contrario, em sua grande maioria usam-NO para que por seu intermédio e em Seu nome, arrancar e conseguir, para que seus adeptos e seguidores dividam com eles seus bens, e por conseguinte construam sua independência econômica e financeira e depois desta conquista, que mais haverão de objetivar? Por que essa grande maioria não atua e age como a irmã Teresa da Bahia, um Padre Menceslau de Niterói-RJ, uma Teresa de Calcutá e uns poucos outros que sinceramente fazem de suas vidas um verdadeiro sacerdócio, desprovido de mordomias, de vicio e etc...?


 Em conseqüência, todo brasileiro, todo paraense, todo fiel, entende que todos aqueles que se dispõem a criticar construtivamente essas atitudes destoantes dos ensinamentos do “Filho do Homem”, fazem parte do povo simples, que comparece aos templos, que testemunha as homilias desvirtuadas do Evangelho do dia, que vivência em suas Paróquias o dia a dia delas e que têm como único objetivo, alertar e cooperar, até mesmo com a Igreja, como todo, para que ela não caia no descrédito e se veja vazia e totalmente abandonada e em conseqüência não tenha como conseguir verbas para suas despesas mais elementares, pois será que quem controla o poderio financeiro irá dividir com as Paróquias Pobres? E também, que nenhum dos que fazem suas censuras, proceda, pretendendo conquistar a simpatia de quem quer que seja, para disto usufruir eleitoralmente e nem tampouco conseguir cabos eleitorais. Outrossim, e a bem da verdade, todos se apoiam em fatos concretos e veiculados nos órgãos de imprensa, portanto se pode afirmar não se tratar de programação e nem ser conservador, pois nós todos podemos confirmar de novo, não sofremos de autismo. Por outro lado, entendemos também, ser o Brasil um País privilegiado e que a todos nós, também é dado o direito de ir e vir a vontade e a qualquer hora, dizer o que pensa e entende, escolher livremente sua profissão, ter mais de uma fonte de renda, ter quantos bens, lhes propiciam seu trabalho, freqüentar os divertimentos que melhor lhe aprouver e não se inquietar com uma possível carga de dinamite, ser independente econômica e financeiramente e por fim ter o privilegio maior de contar com homens que não deixam e evitam que o caos e a anarquia sejam implantados nesta Terra de Deus.

Lúcio Reis


Conforme informei ontem no explicativo sobre a correspondência recebida do Arcebispado de Belém e que, hoje publicaria a reposta que eu mesmo a entreguei na secretaria da Entidade, e assim, a seguir registro a mesma:
Belém do Pará, em 06 de abril de 1982.

Ilmo. Sr. Alberto Ramos

                                                                          Arcebispo de Belém.


 Talvez agora eu esteja perdendo tempo, mas em atenção a sua missiva, datada de 05 de abril de 1982, tenho a lhe dizer o que se segue: Leia de novo, por favor, o abaixo:
Lc 9,3 Lc 10,21-24 Lc 12,22-24 Lc 14,7-11 Lc 14,25-26 Lc 17,3-4 Lc 18,18-22 Lc 21,5-7 Jo 2,14-17

Para complementar, gostaria de lhe dizer também, pertinente a última parte do 2° § de sua correspondência, que o retorno das doações e contribuições dos pobres a eles, não é favor nenhum e aí não reside nenhuma obra de caridade ou humildade, pois o próprio Cristo, disse, leia por gentileza Lc 20,25.
Quanto ao 5° §  de sua resposta, lembro-lhe que eu relatei um fato ocorrido comigo, nada foi inventado, eu não vi na televisão, não li em jornais e nem tampouco ouvi em radio e muito menos inventei.

Outrossim, confesso-lhe, que vou refletir nestes dias da Semana Santa e até rezar para que Deus e seu filho Cristo, Tenham compaixão do Bispo homossexual, que promovia bacanal com mais de 60 (sessenta) menores (peça replay do NOTICENTO-SBT, da semana que findou), bem como do Bispo que excomungou o Padre Menceslau em Barreto, Niterói-RJ, pelo fato de que o último resolveu ficar do lado e em prol dos pobres.

Para finalizar, informo a esse Arcebispo, que conheço algumas propriedades suas, como por exemplo o suntuoso prédio da CNBB em Brasília-DF, a mansão do Cardeal no Rio-Rj, bem como seu carrão executivo com motorista e tudo, e também conheço as baixadas de Belém e as favelas do Rio e a periferia de São Paulo e que quanto ao vicio, não preciso tecer comentário algum, (ou o Sr. desconhece que grande maioria dos padres fuma), a não ser lhe perguntar se os Cr$ 195.298.054,00, aplicados em títulos, ações e certificados de depósitos, pela CNBB é verídico ou o seu comunicado mensal de n° 341 é fictício? (Leia por obséquio João Malato de 01 do corrente, no matutino, onde esse Arcebispo, também tem coluna aos domingos) e dizer-lhe ainda, que meu objetivo foi “colaborar” para que incautos e menos avisados ou com menos coragem sejam sugestionados ou induzidos pelos que possuem a capacidade de persuasão e mais, que V. Sa. Deveria se dirigir era ao Sr. João Malato, pois foi a ele a quem eu enderecei minha carta e que é dele a coluna; não que sua resposta me tenha causado espanto, pois isso eu já esperava. E por fim digo-lhe mais já recebi razoável número de telefonemas me parabenizando e todos insatisfeitos com as atitudes recentes do Clero, logo, se o Sr. me permite, talvez já não seria a hora do Clero, viver mais o evangelho e realmente seguir os ensinamentos de Cristo, que foi todo doação, amor, “HUMILDADE’ e despojado de todos os bens materiais e terrenos e até nos ensinou para que não formássemos tesouros aqui na terra, onde a traça e o ferrugem destroem, mas que construíssemos um tesouro no céu.
Atenciosamente

                                                              Francisco Lúcio Nunes Reis.




Aqui neste espaço minha primeira postagem tem como tema a narrativa de um fato verídico ocorrido dentro da Igreja Catolica, o qual tornei público via coluna do Jornalista João Malato e, em função de sua publicação recebi essa correspondência da Arquidiocese de Belém, assinado pelo Arcebispo à época Dom Alberto Ramos e, ao lerem-na constatarão que há a ratificação do que registrei e, depois perceberão - pois foi assim que percebi - que o clero não aceita discordância e portanto, que se entendem e se arrogam autoridade absoluta sobre os fieis e sôbre os quais podem tudo e a estes não é dado o direito do justo esperneio e discordância. Porém, comigo não foi e nem é assim e portanto, escrevi a resposta e eu mesmo a entreguei no arcebispado. E amanhã a postarei aqui para seu conhecimento. 







 A missiva a seguir foi enviada a um apresentador de programa televisivo e que, se surtiu algum efeito prático abrangente, não sei responder. Porém, pessoalmente obtive a sensação de não ter me omitido, diante de uma questão em que todos foram tapeados, em meu entendimento e comprovação aritmética  elementar.


 Belém do Pará, em 16 de março de 1982.


Sr. Apresentador

                                                                                Saudações...




Prezado Ney Gonçalves Dias. Tendo assistido seus comentários sobre incentivos para consumo do carro a álcool, gostaria de tecer um pequeno comentário a respeito do preço do litro do combustível extraído da cana de açúcar.


 Talvez esteja descobrindo a pólvora, mas devo lhe dizer que o maior problema para o assunto, é que o custo a nível de consumidor, do litro do álcool é o mesmo de um litro de gasolina, salvo algum equívoco matemático, pois vejamos:


- Tem-se conhecimento que a gasolina que consumimos em nossos veículos é adicionada em 20% de álcool. Logo, em 1.000 ml de combustível que colocamos no tanque do carro, estamos fazendo o seguinte abastecimento: 800 ml de gasolina e 200 ml de álcool. Certo?


- Se por esses 1.000 ml (um litro), pagamos CR$ 104,00 (cento e quatro cruzeiros) atualmente, significa dizer que pela gasolina pagamos R$ 83,20 (oitenta e três cruzeiros e vinte centavos), os 800 ml e, pelo álcool R$ 20,80 (vinte cruzeiros e oitenta centavos), os 200 ml, deduzindo através de cálculo proporcional que cada 100 ml custa R$ 10,40 (dez cruzeiros e quarenta centavos). Estou certo?


- Quando o consumidor abastecer seu transporte com 5.000 ml ou seja 5 litros, este abastecimento está traduzido realmente em 4.000 ml ou 4 litros de gasolina e 1.000 ml ou 01 litro de álcool. Correto?


- Se 200 ml de álcool custam R$ 20,80 (vinte cruzeiros e oitenta centavos), logo, 1.000 ml irá custar R$ 104,00 (Cento e quatro cruzeiros) e por sua vez os 4.000 ml de gasolina custarão R$ 416,00 (quatrocentos e dezesseis cruzeiros), que corresponde ao preço de 4 litros do combustível extraído do petróleo, o que implica no custo de, também, R$ 104,00 (cento e quatro cruzeiros) o litro da gasolina.


 Matematicamente, salvo algum senão, estamos pagando o mesmo preço, tanto para o álcool quanto para a gasolina. Em face disso, assim não dá para o carro a álcool concorrer com o movido a gasolina.


 Se o que acima expus, merecer crédito, for verdadeiro e esse apresentador resolver trazer ao conhecimento do seu público telespectador do Brasil, e servir de alguma ajuda, desde fico-lhe muito grato por me ter dado a oportunidade de colaborar.


 Atenciosamentre

                                                                       Lúcio N. Reis.


À matéria a seguir busca, via realidade do cotidiano, fazer termo comparativo com as realidades do que é efetivamente fé e do que a fé se torna pretexto para outras objetivos, assim ele recebeu o título de...

PRAIAS OU TEMPLO?

 

Se se fizesse essa interrogação a todos os fieis, que fazem suas orações nos templos da Igreja Católica Apostólica Romana, poder-se-ia arriscar, e com pequena margem de erro, que a escolha seria a primeira opção, fato confirmado nos fins de semana prolongado.
Lógico! Pois quem realmente optou em seguir o Cristo e o seu Evangelho, sob hipótese alguma e em    consciência, jamais, escolheria a segunda alternativa, de vez que só um ser que tenha sofrido, de certa forma, uma lavagem cerebral e por conseguinte tenha perdido a capacidade de discernimento, pois se formos analisar a vida anterior destes fieis, elas foram, quase sempre errôneas, onde a família ficava em segundo plano e os desmandos palmilhava o dia a dia, então estes normalmente fazem a segunda escolha, pois quem os observa e ouve, pode sentir perfeita e claramente que eles atuam como se quisessem , inocentemente, recuperar o tempo perdido e como se o Reino Eterno se compra, através da frequência às Igrejas, ficando com os eternos cartões de rifas, os carnês, participando das Campanhas disto e daquilo e mesmo que já tenha lido e relido o Novo Testamento de Cristo, ainda não observaram que em nenhuma das vezes em que o “Filho do Homem” operou seus milagres, mandou que algum de seus apóstolos ou seguidores, corressem, entre os presentes um pires ou chapéu, o qual naquela época nem havia, onde a platéia ou os assistentes depositassem suas oferendas; muito pelo contrario: incontinente ELE solicitava ao beneficiado que não contasse a ninguem  e que  não fizesse alarde daquilo.
Tomou-se conhecimento que mais de 200 mil pessoas estiveram presentes à Praça de São Pedro, para ouvir o Papa, dia 11, por ocasião do domingo de Páscoa. Eu diria que grande maioria foi ali para ver o Papa, a fim de não fugir a regra geral que diz: “Ir a Roma e não ver o Papa, não foi  a Roma”, pois em dias atuais, infelizmente, a frequência aos templos, em grande percentual e feita por  turistas e por aqueles que ingenuamente pensam em adquirir a “Paz Eterna”, gastando seu tempo e seu salário, ouvindo pregações de fundo político e de incitamento à subversão e até mesmo ao derramamento de sangue, e ainda contribuindo para o sustento de mordomias, vicio do clero e até mesmo de bacanal e por fim para a independência econômica daqueles que usam o nome e o Evangelho de Cristo para usufruir materialmente, apesar de estar escrito: “Não queirais entesourar para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça os consomem, e onde os ladrões os desenterram e  roubam. Mas entesourai para vós tesouros no céu, onde nem a ferrugem nem a traça os consomem, e onde os ladrões não os desenterram nem roubam, Porque onde está o teu tesouro, aí está o teu coração (Mateus 6,19-21).
Com o acima exposto, não entendo que não se vá aos templos, nada disso; mas, que se saiba escolher a hora certa e adequada para que se encontre as circunstâncias propicias a uma aproximação e comunhão espiritual  com Deus e com isto se possa alimentar a alma. De outra forma é melhor que se busque o contato com a natureza e seu objetivo será alcançado da mesma forma.
Neimar de Barros, em seu compendio “Assim voltamos do Inferno”, à página  39 nos diz: “Muitas Igrejas estão vazias porque os responsáveis encheram demais!. Aí está a resposta para a falta de religiosidade, reclamada por celebrantes, quando da pregação do sermão das Três Horas da Agonia, bem como aí temos a causa para que um reverendo Moon arrebanhasse tantos adeptos e a proliferação de seitas e opções de crença fosse tão acentuada nos últimos tempos, pois entendemos ainda que se as pregações visassem primordialmente os ensinamentos de Cristo, objetivando o abstrato ou seja: o espiritual e alma, não haveria por consequência insatisfações e nem múltiplas escolhas.
Em Marcos 11, 15-19 e João 2,14-17 – Jesus expulsa os profanadores do templo, dizendo àqueles que lá estavam: “E vós tendes feito dela (Casa de Deus) um covil de ladrões”, pois já estava escrito: que, a Casa de Deus seria chamada Casa de Oração para todas as gentes. E hoje em dia se depara com uma Campanha da Fraternidade, cuja tônica maior é a arrecadação de fundos, que segundo informações da Arquidiocese de Belém, a divisão da possível renda será a seguinte: 45% para as obras da Paróquia, 35% para as obras da Arquidiocese, 10% para a CNBB regional, 10% para a CNBB nacional. As duas parcelas primeiras, devem ser aplicadas de acordo com a finalidade da Campanha, por exemplo: quando se trata de saúde, vai para ambulatórios ou postos médicos, quando se trata de educação vai para escolas, cursos de alfabetização, etc. Os 20%  restantes servem para fazer os meios de publicidade.
Sabe-se por outro lado, que desde 1964, ano da revolução, quando a Campanha da Fraternidade foi criada, seus slogans foram os seguintes: “Lembre-se: Você Também é Igreja” – “Faça de sua Paróquia uma Comunidade de Fé, Culto e Amor” – “Somos responsáveis uns pelos outros” – “Somos Todos Irmãos” – “Crer com as mãos” – “Para o outro, o próximo é você” – “Ser Cristão é participar” – “Reconciliar” – “Descubra a felicidade de servir” – “O egoísmo escraviza o amor liberta” – “Onde está teu irmão” – “Repartir o pão” – “Caminhar juntos” – “Comece em sua Casa” – “Trabalho e Justiça para todos” – “Preservar o que é de todos” – “Para onde vais?” – “Saúde para todos” – “A verdade vos libertará”, que é o slogan deste ano. Dentre eles verifica-se que poucos se relacionaram com o problema saúde e de acordo, ainda com informações da Arquidiocese desta Capital, a CF deste ano se destina à educação. Todavia, cabe uma pergunta, pois conforme a Apresentação da 19ª CF, que é a deste ano, feita por Luciano Mendes de Almeida – Secretário Geral da CNBB, em de seus §§ diz o seguinte: “A coleta da CF tem permitido auxiliar as vítimas de enchentes e de seca, o amparo a recém-nascidos, anciãos e doentes, criação de fundos para desempregados, etc... No § seguinte ao anterior diz mais: “Neste ano seria conveniente que o gesto fraterno em muitas comunidades, servisse para promover a educação de tantos irmãos marginalizados. Creches domésticas, centros educacionais de periferia, cursos profissionalizantes, grupos de trabalhos em cortiços e favelas, alfabetização de adultos e outros necessidades”. Pretender fazer tudo isso com a própria contribuição do pobre, onde está o mérito? Ou será que a solicitação de auxílio, feita ao governo, pela irmã Teresa, para seu Hospital, no que foi atendida com CR$50.000.000,00, não estaria contradizendo a destinação do percentual a ambulatórios ou postos médicos, quando se sabe que a CNBB já vai alcançar a independência econômica e financeira, fato traduzido pelo seu “Informativo Mensal” n° 341, deste ano. Ou não seria conveniente que aqueles que se fecham à verdade e ficam  presos à riqueza e ao prazer, assegurando seus próprios interesses e lesando a fraternidade com exclusão e opressão dos demais, fossem os primeiros a dar exemplo, vivificando o Novo o Novo Pacto, entre o “Filho do Homem” e nós, e não ficar criticando e apontando os erros dos outros.
Do que foi mencionado e diante das atuais posições, assumidas por grande parte do clero, e que aqui foram citadas, mas que têm sido alvo de noticiários, creio que se pode concluir que a religiosidade inexiste, não no povo, porém, nos responsáveis por ela.
Outrossim, tem-se conhecimento que na atualidade a Igreja mantêm serviços, como até poder-se-ia intitular de movimentos, a exemplo do ECC (Encontro de Casais com Cristo). No entanto, nesta ocasião, gostaria de lembrar aos encontristas e outros, que eles fizeram ou participaram de um Encontro com Cristo e não, com o Clero e portanto, atentem  para  os ensinamentos do Nazareno através de seu Santo Evangelho e constatem que a Vida Eterna não custa um níquel e o que realmente não tem valor, não vale nada, para Deus, é a riqueza terrena, pois isto está  bem explicito e explicado em Lucas 18,18-26.
Quem tem olhos e ouvidos, para ver e ouvir, que os faça. 
 
Lúcio Reis.



Abaixo minha publicação no Jornal O Liberal, na coluna do jornalista João Malato, na edição de nº 20.617 em 05/04/1982 – 1º caderno – fls 6, com o título atribuído pelo cronista COMO SE FAZ A OPÇÂO PELOS POBRES

Belém, Pa, em 01 de abril de 1982.



                                                                                 Ilustríssimo Sr. João Malato.

                                                                                                                       

                                                              Cordiais Saudações ...

De inicio gostaria de apresentar-me: meu nome FRANCISCO LÚCIO NUNES REIS, sou chamado e conhecido pelos amigos através do  segundo nome (Lúcio Reis) sou mineiro (Caeté-MG), porém resido neste Estado há bastante tempo, já tendo inclusive, morado em sua Terra Natal, onde cursei o estudo primário, naquele Grupo Escolar, que está localizado na retaguarda da antiga Igreja, isto à época do Padre Guido Forsati. No  momento estou domiciliado à Av. 1° de Dezembro, 579 – Vila Chagas casa 75, tenho como profissão a vida militar, estou cadastrado no CPF sob o código 004.088.592-53 e meu telefone é o de n° 226-20-89.



Agora que o Sr. Já sabe quem sou, não preciso lhe dizer que sou assíduo leitor de João Malato, no que não faço nenhum favor, pois o maior beneficiado sou eu mesmo, de vez que tenho obtido os mais diversos subsídios para minha informação e formação. Devo lhe declarar que dentre os temas abordados por  esse articulista, o que mais me prende e fascina  é o que se refere ao Clero Brasileiro, principalmente a  facção diretiva e constituinte da CNBB.  Nesta oportunidade confesso-lhe, que concordo plenamente com os seus pontos de vista e suas conclusões, uma vez que grande maioria delas ratificam os meus e se equiparam as minhas, para meu contentamento.



Ao ler sua crônica de hoje é que resolvi tomar a presente iniciativa, a qual há muito tempo me afligia a mente, não somente para lhe expor o acima do 2° parágrafo, como também para lhe parabenizar e dizer da satisfação que me ocorre, assim como da admiração quando leio sua coluna, tendo em visto a maneira ou modo como o Sr. manipula nossos  vocábulos e nossa gramática. E ainda, além de lhe remeter os impressos em anexo, os quais adquirir através de assinatura, e quem sabe o Sr. ainda não os tenha visto, lhe narrar um fato ocorrido comigo nos idos de 79, por ocasião da Campanha da Fraternidade. (Os impressos, caso o Sr. disponha de tempo para lê-los, talvez lhe forneça algo para seu trabalho).



O fato: em 78, acolhendo ao convite de um amigo e também para satisfazer uma curiosidade pessoal, fiz o ECC (Encontro de Casais com Cristo), o que reputo como algo sensacional e de grande valia para o ser humano, principalmente nos nossos dias atuais. É lógico que depois cada um, de acordo com sua capacidade faça e tire suas conclusões, bem como procure entender o verdadeiro objetivo do Encontro, não excluindo que de lá se pode tirar frutos benéficos e valiosos, para aplicação no cotidiano. Quando no inicio de 79, houve a CF (Campanha da Fraternidade), da qual eu iria participar pela 1ª vez e como encontrista e vendo tudo mais de perto, cujo lema me foge a memória, houve a campanha do envelope, que consistia no seguinte: era atribuído a um casal do serviço (ECC), um determinado quarteirão, no qual era distribuído à cada residência um envelope com a finalidade de que naquele lar se recolhesse posteriormente qualquer doação (não havia estipulação de quantidade). Bem, até aí tudo normal, pois no decorrer da Campanha houve farta pregação em defesa do pobre e oprimido, do trabalhador mau remunerado, do agricultor que tinha suas propriedades tomadas pelos poderosos latifundiários, das crianças que iam com fome às escolas e etc... Em consequência deduzi, obviamente, que a Campanha do envelope iria se destinar à alguma entidade filantrópica, tal qual: um orfanato, um asilo ou qualquer coisa do gênero, pois o quarteirão que coube a mim e  minha esposa era de gente humilde e de quase nenhuma posse, porém, que não se furtou em contribuir.



Depois que todos os casais fizeram suas entregas dos envelopes que colheram, em uma reunião, foi dado o resultado da Campanha do Envelope: ela rendeu Cr$ 32.000,00, mais ou menos. E eis que aí surgiu a minha grande surpresa e decepção, pois veja bem o destino do que foi apurado: um percentual para a Diocese, outro para a Paróquia, um outro para a CNBB e assim por diante. Todavia, como a importância era pouca, por determinação do arcebispo ela deveria ficar toda em poder da Paróquia.



Conclusão: uma Campanha que lutou tanto pelo pobre,  que criticou os poderosos que tomavam dos mais humildes e que usava até esta frase: “Muitos com pouco e poucos com muito”, saiu pedindo para este mesmo pobre sofrido e se apodera da doação dele, é demais.



Logo, a opção pelo pobre existe, pois é este pobre que divide com a Igreja, com a CNBB, as quais não dividem nada com ninguém e que sabe muito bem usar a contribuição de incautos para suas mordomias, carrões, prédios suntuosos, vícios (grande parte do clero fuma) e etc...



Bem Sr. eis minha contribuição e forma de agradecimento. Use-a como lhe aprouver  e qualquer esclarecimento o Sr. sabe como me contactar, meu telefone está lá na outra folha.



 Um abraço respeitoso.

                                                                                               Atenciosamente

                                                                                                                           Lúcio Reis.
                                           

                                           


O Gatilho da largada


Como havia lhes informado com o artigo intitulado construção e apresentação, com o presente aciono o gatilho da largada e, a matéria a seguir tem a seguinte origem:

“No dia 01/04/1982, portanto há 31 anos, o cronista do Jornal O Liberal, João Malato – já partido – em sua coluna diária publicou a matéria encimada com o título “A opção pelos pobres” no 1º caderno fls 6 Edição nº 20.613.
Ao ler a publicação, narrei a ele em carta o fato concreto, ocorrido comigo, com os seguintes contornos: eu e minha esposa e mais algumas dezenas de casais participamos do 1º Encontro de Casais com Cristo da Igreja e Paróquia de Santa Cruz.
Estivemos e participamos do movimento por mais sete anos e, o adjetivo de excelente, pois minha vida matrimonial tem um marco que foi esse movimento e, portanto o antes e o depois, sendo este muito bom, diria mesmo, excelente e até aqui.
Desses sete anos, fomos coordenadores da equipe do sociodrama por quatro anos e assim, semanalmente reuníamo-nos com nosso grupo de estudo e discussão do evangelho, e  cada encontro ocorria na residência de um dos casais, portanto, tínhamos uma ideia da personalidade e do caracter de cada membro do grupo.
Mas chegou o ano em que o tema da campanha da fraternidade foi “Muitos com pouco e poucos com muito” e, sem duvida o mesmo entrou nas pautas de discussão nas rodas de troca de ideias pos leitra do evangelho e, ante colocações condenatórias ou de censura à quem detinha poder econômico, riqueza, latifúndio e etc... e colocações até mesmo com conotações subversivas ao meu escutar, ponderava ou reclamava das mesmas, pois as havia como desvirtuamento do encontro.
E então, dentro da campanha da fraternidade, veio a campanha do envelope e que, consistia no seguinte: fora destinado a cada casal um quarteirão de casas e nessas entregamos um envelope no qual aquela família faria um doação sem valor estipulado e depois passaríamos para os recolher  e os entregarmos à paróquia no domingo de Páscoa.
Na segunda feira, todos concentramo-nos na Igreja a que fosse apresentado o resultado da coleta e a destinação das doações pecuniárias e então, veio a decepção. Os valores arrecadados pedidos aos pobres não atenderiam nenhum asilo, nenhuma creche ou instituição assemelhada. Ficarei tudo para a igreja, inclusive arcebispado. Conclusão: diante de enorme incoerência e contradição, senti-me inocente útil e não gostei, pois foi como que se eu houvesse enganado aquelas pobres famílias.
Ao ler a crônica referida no inicio, narrei ao cronista esse fato acima e que ele a reproduziu em sua coluna e aí, vim realmente conhecer a face oculta da igreja católica, nos biombos do teatro da fé, posto que, ante o fato que contei, passei a receber ameaças de morte via telefonema para impor-me silencio e até mesmo um carta do arcebispo à época, a qual também lhes mostrarei e, desde então, concluí que na igreja católica não é o lugar para eu estar com meu discernimento e questionamentos. Ou seja, sou ariano e, portanto carneiro, mas não vaquinha de presépio.

Lúcio Reis
Abril/1982 
Belém, Pará 

  

Um comentário:

  1. Você quer vender seu rim? Você está procurando uma oportunidade de vender o rim dele por dinheiro devido à falha financeira e não sabe o que fazer, entre em contato conosco hoje no Hospital do rim e (800.000 €) Providenciaremos o rim.

    Nosso hospital é especializado em cirurgia renal e também lidamos com compra e venda. O transplante de rim do doador com um vivo correspondente. Estamos localizados em Indiana, EUA, Nigéria, Colômbia. Se você estiver interessado em comprar ou vender rins, não hesite em nos contactar via

    email: kelinahospita01@gmail.com / WhatsApp (+2348136286824)

    Cumprimentos
    Hospital em Kelina

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário